BRASÍLIA - Nomeado nesta sexta-feira, 29, pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar a secretaria executiva do Ministério da Educação (MEC),o tenente brigadeiro Ricardo Machado Vieira afirma ser preciso melhorar o diálogo para tentar amenizar a disputa interna que se estabeleceu na pasta. A informação da nomeação do tenente foi antecipada pelo Estado no blog da jornalista Renata Cafardo.
Chefe de gabinete do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) na gestão de Ricardo Vélez Rodríguez, Machado Vieira reconhece que o MEC enfrenta um momento difícil e assume o posto dizendo ser necessária uma reorganização. Uma de suas missões mais importantes, afirmou ao Estado, será a gestão de pessoas. "Vivemos um momento difícil, quero tomar pé da situação e ver como a gente pode ajudar", disse ao Estado. O posto de secretário executivo estava vago desde o dia 13, quando Luiz Antonio Tozi foi demitido a pedido do presidente. Com a saída do ex-secretário, Vélez chegou a anunciar dois nomes para o posto, mais tarde desautorizados pelo Planalto. A dificuldade no preenchimento da vaga expôs ainda mais a fragilidade de Vélez, que desde que assumiu o MECprotagonizou medidas polêmicas, é criticado pela falta de conhecimento no setor e pela paralisia da pasta. A situação ficou ainda mais delicada depois do mau desempenho do ministro na audiência na Câmara dos Deputados. Bolsonaro, nesta semana, tornou público seu descontentamento com Vélez. Machado Vieira está há 47 anos na Força Aérea Brasileira, foi secretário de Defesa de Pessoal, Saúde, Desporto e Educação das Forças Armadas e é ligado ao general Villas Boas e do ministro do Gabinete de Segurança Institucional general Augusto Heleno.A nomeação para o posto de número 2 do MEC, porém, não afasta os rumores da saída de Vélez do governo. O ministro foi chamado pelo presidente para uma reunião hoje no Planalto.Uma das possibilidades é de que Machado Vieira fique temporariamente, como uma espécie de "interventor" até a definição de um sucessor para o ministro. Atualmente, três grupos disputam o poder no MEC. Militares, pessoas ligadas a Olavo de Carvalho e um grupo ligado ao Centro Educacional Paula Souza, chamado de técnico. A tensão entre os três grupos se intensificou quando Tozi, ainda à frente da secretaria executiva, coordenou a exoneração de "olavistas". Ele próprio foi exonerado em seguida. Ao todo, 15 pessoas foram desligadas do MEC, em menos de dois meses.
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