Voluntariado de adolescente incentiva a convivência com o diferente

Jovens acompanham crianças ou adolescentes, de idades próximas, com algum déficit intelectual ou transtorno

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Por Fabio Tarnapolsky

Amizade verdadeira que começou como causa social. Assim pode ser descrito o laço que Davi Hamer criou com Téo Bridi Albano. O jovem Davi, de 15 anos, que cursa o ensino médio na escola Pueri Domus, zona oeste de São Paulo, viu no voluntariado uma chance de trabalhar pela inclusão – de adolescentes ou crianças, de idades próximas, mas com algum déficit intelectual ou transtorno. É isso que realiza com o amigo Téo, que está dentro do espectro autista. Em 2019, Davi conheceu a ONG Friendship Circle, que faz programas na área, e iniciou a experiência.

Os membros da organização participam de uma atividade que funciona como um “match” de convivência: dois adolescentes acompanham colegas de sua faixa etária ou crianças que sejam acometidos por alguma condição diferente, escolhidos por meio de uma dinâmica que determina quais são os mais adequados para cada personalidade. Davi e outro amigo foram escolhidos para formar grupo com Téo, que também tem 15 anos.

Davi e Téo se deram bem rapidamente e descobriram muitos interesses em comum, como videogame, desenhar e filmes Foto: Felipe Rau/Estadão

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Eles se deram bem rapidamente e descobriram muitos interesses em comum, como videogame, desenhar e filmes. “Recebeu a gente muito feliz, como se conhecesse há anos, e a gente se sentiu muito bem-vindo na casa, pela família e na rotina dele”, relembra Davi.

O compromisso “obrigatório” de Davi com Téo, pelo programa da Friendship Circle, era de encontrá-lo uma vez por semana, por cerca de uma hora. “Mas nos vemos muitas vezes fora do horário para sair para jantar ou coisas do tipo, (a família) abraçou muito.”

E cumprindo o objetivo de inclusão social da ação, o menino também passou a vivenciar novas experiências. “A gente foi comemorar o aniversário dele no shopping”, relembra Davi. “Demos uma passeada lá, jantamos, e isso marcou muito por ter sido uma das primeiras vezes que ele saía sozinho com os amigos para fazer alguma coisa.”

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Isso aumentou o círculo social de Téo, algo que também foi importante para Hamer. “Ele tinha uns 13 anos e tinha ido na casa de dois amigos, a minha foi a terceira”

Expansão

Enxergando o sucesso do programa e como Davi enriqueceu suas experiências ao participar, a escola Pueri Domus logo se interessou em divulgá-lo aos seus alunos, buscando inseri-los no mundo do voluntariado. Em pouco tempo, a instituição fechou uma parceria com a Friendship Circle e o estudante foi escolhido como garoto-propaganda.

“Ele chegou e me disse do projeto, que fazia anos que estava nele, e sobre como essa amizade sobreviveu com a pandemia”, conta Igor Souza, coordenador de Ensino Médio do Pueri Domus na unidade Perdizes. Hoje, a ONG trabalha com 184 famílias – 29 de comunidades – e 143 jovens voluntários.

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