As principais notícias do dia com Haisem Abaki e Carolina Ercolin
O Brasil registrou mais de 217 mil casos de dengue nas quatro primeiras semanas de 2024. Os dados atualizados pelo Ministério da Saúde representam quase o quíntuplo das cerca de 45 mil notificações no mesmo período do ano passado. O painel de monitoramento de arboviroses contabilizou 15 mortes pela doença neste ano e 149 óbitos ainda estão em investigação. A vacinação contra a dengue começa em fevereiro, mas ainda não vai atingir toda a população porque dependerá da disponibilização de doses fabricadas pelo laboratório japonês Takeda, que recentemente obteve a aprovação do imunizante pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O país recebeu 750 mil doses em 20 de janeiro e outras 570 mil devem ser entregues no próximo mês. Inicialmente, foram incluídos na campanha cerca de 500 municípios de 16 Estados, com público-alvo de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Em entrevista à Rádio Eldorado, o infectologista Fernando Belíssimo, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, disse que a vacina e as campanhas de conscientização da população ajudam, mas não eliminam o mosquito transmissor, o Aedes aegypti. “As ações de combate se centram nos reservatórios domésticos. O que faz o mosquito proliferar é o lixo e a falta de água encanada, especialmente no Nordeste. Essa história de vasinho de planta é lenda pra boi dormir”, afirmou.
A vitória de Donald Trump na eleição presidencial americana deixa a comunidade climática mundial preocupada, mas os estados e o setor privado dos Estados Unidos continuam engajados na pauta para tentar conter os efeitos do aquecimento global. As afirmações foram feitas nesta quinta-feira pela secretária nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, durante entrevista à Rádio Eldorado. Ela disse que é preciso respeitar a autonomia dos países, mas defendeu uma pressão internacional pela transformação energética de combustíveis fósseis para alternativas mais sustentáveis. Na entrevista, ela também destacou que o Brasil chega com protagonismo à COP29, a conferência do clima da ONU, que começa na semana que vem em Baku, no Azerbaijão, após os dados positivos sobre o desmatamento, divulgados ontem. Os números apontam redução de 25,7% no Cerrado e de 30,6% na Amazônia, no período de agosto de 2023 a julho de 2024. “O Brasil está fazendo a sua lição de casa. Vamos chegar a Baku liderando pelo exemplo. Liderando pelo exemplo a gente consegue cobrar mais dos outros”, afirmou.
A Academia Paulista de Letras realiza no dia 05 de novembro um seminário sobre mudanças climáticas com foco na região serrana e litoral entre Rio de Janeiro e São Paulo. O evento, em parceria com a Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) e o Sindicato das Empresas de Seguros e Resseguros (Sindseg-SP), vai discutir a antecipação de riscos de desastres naturais e o papel dos seguros na mitigação das vulnerabilidades. Em entrevista à Rádio Eldorado, o presidente do Sindseg-SP, Rivaldo Leite, disse que o setor já vem se adaptando às mudanças climáticas com a oferta de novos seguros e ressaltou que o objetivo do seminário é fazer um alerta à população sobre o tema. O seminário será realizado no auditório da APL, no Largo do Arouche, 312, no Centro de São Paulo. As inscrições gratuitas podem ser feitas até o dia 04 pelo e-mail secretaria@academiapaulistadeletras.org.br.
Moradores de Valência, na Espanha, a mais atingida por temporais que ocorrem no país desde a última terça-feira, não foram avisados com antecedência sobre a tragédia climática que causou pelo menos 205 mortes. A informação foi dada pela psicóloga brasileira Danielle Feitosa, que é de Manaus e mora em Valência há quatro anos. “Não alertaram nada, ninguém estava preparado para isso Toda essa desgraça foi em 30 minutos”, afirmou.
Os temporais que atingem o sul e o leste da Espanha já deixaram pelo menos 205 mortos, segundo as autoridades locais. Ainda há desaparecidos e as equipes de resgate vasculham escombros de imóveis e carros que foram arrastados pelas águas em busca de vítimas. Em entrevista à Rádio Eldorado, o cônsul-geral do Brasil em Barcelona, Pedro Borio, disse que ainda não há notícias de brasileiros entre as vítimas. Ele calcula que há cerca de 25 mil brasileiros na região de Valência, que é uma das mais atingidas.
As mortes registradas no trânsito cresceram de janeiro a setembro deste ano em todos os modais no Estado de São Paulo. No balanço do Infosiga, plataforma do governo paulista que reúne esses dados, foram computados 4.605 óbitos, um acréscimo de 19% em relação ao mesmo período do ano anterior. O maior aumento ocorreu no grupo dos motociclistas. Foram 1.925 mortes, com alta de 20,4% em relação ao mesmo período de 2023. Entre os pedestres, 1.068 perderam a vida, numa elevação de 17,9%. Já as mortes de ciclistas, tiveram acréscimo de 17,8%, com 317 casos. Além disso, 1.023 ocupantes de automóveis morreram de janeiro a setembro deste ano, num aumento de 16,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Nos dados gerais, também aparecem mortes em caminhões e ônibus. Em entrevista à Rádio Eldorado, o procurador do Trabalho Renan Kalil, que também é pesquisador da USP e professor do Insper, disse que há múltiplos fatores para a violência no trânsito e um deles envolve as plataformas digitais de entregas de alimentos e outros produtos. “É preciso olhar para as plataformas digitais como se elas fossem empresas de entrega. O ritmo da atividade é imposto pelas plataformas. O tempo em que a entrega vai acontecer é determinado pela empresa e o entregador fica sujeito a uma suspensão e até bloqueio”, afirmou. O especialista ressaltou que já existe uma lei que veda essa prática, mas apontou que a fiscalização ainda não é a adequada.