As principais notícias do dia com Haisem Abaki e Carolina Ercolin
A segunda gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), iniciada em 1º de janeiro, começa a discutir o Plano de Metas 2025-2028, uma obrigação prevista em lei para cada administração municipal. Em entrevista à Rádio Eldorado, o novo secretário de Planejamento, Clodoaldo Pelissioni, disse que primeiro está em andamento um balanço do Plano de Metas do mandato anterior de Nunes. A próxima fase será de conversas com todas as secretarias até o fim de março, seguida de audiências públicas a partir de abril. Segundo o secretário, entre as prioridades do programa, estarão: geração de emprego e renda, combate à vulnerabilidade social, a questão climática e o desenvolvimento urbano. Obras de mobilidade também estão previstas, mas Pelissioni disse que não poderia fazer ainda uma previsão sobre o número de quilômetros de corredores de ônibus a serem construídos. A previsão de 40 km na gestão anterior não foi cumprida, o que gerou debates e críticas durante a última campanha eleitoral.
Depois de 17 anos, o sorotipo 3 da dengue voltou a circular de forma mais intensa no Brasil desde o fim do ano passado, juntamente com o 1, o 2 e o 4, e já representou 40,8% dos casos de dezembro segundo o Ministério da Saúde. Especialistas temem o aumento da incidência da doença, já que os infectados somente desenvolvem imunidade para o sorotipo que os atingiu, ficando sujeitos aos demais. Em São Paulo, no total dos sorotipos, já são 43.817 casos prováveis neste ano e 13.921 confirmados, com um óbito. Os dados foram apresentados pela coordenadora em Saúde da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria Estadual da Saúde, Regiane de Paula, durante entrevista à Rádio Eldorado nesta segunda-feira. O governo paulista lançou na semana passada um plano de ações de combate ao mosquito transmissor e de incentivo à vacinação de crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, cuja adesão está abaixo da esperada.
Recentes decisões de empresas chamadas de big techs, as plataformas digitais mundiais, de encerrar serviços de checagem de informações e programas internos de diversidade e inclusão, têm gerado críticas de especialistas em tecnologia, comunicação e direito do consumidor. Uma delas foi a Meta, dona do Facebook, do Instagram e do WhatsApp, que anunciou na semana passada a substituição de verificadores de fatos por notas comunitárias. Em seguida, decidiu abandonar seu programa de diversidade, equidade e inclusão, que previa critérios de contratação, treinamento e escolha de fornecedores. Outra empresa gigante do setor, a Amazon, anunciou internamente em dezembro passado a descontinuidade do programa de inclusão. Em entrevista à Rádio Eldorado, o jornalista e professor da ECA-USP Eugênio Bucci, que também é colunista do Estadão, disse que o alinhamento das big techs ao ideário do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ocorre para combater os esforços mundiais de regulação do segmento. Nesse sentido, Bucci refutou o argumento de liberdade de expressão, utilizado pelas plataformas de tecnologia e por extremistas de direita contrários à regulação das plataformas digitais. “Onde existe regulação democrática, a censura tem menos chance de acontecer”, afirmou.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 24 horas para o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), explicar o muro construído na Cracolândia, na região da Santa Ifigênia. A administração municipal tem alegado que o muro foi construído para substituir tapumes que eram “quebrados com frequência em partes pontiagudas, oferecendo risco de ferimentos às pessoas em situação de vulnerabilidade, moradores e pedestres, e prejudicando a circulação nas calçadas”. Parlamentares do PSOL pedem que a prefeitura seja multada e condenada a derrubar a construção. A deputada Luciene Cavalcante, o deputado estadual Carlos Giannazi e o vereador Celso Giannazi assinam a representação. Eles afirmam que a medida é “autoritária, segregacionista e ineficaz”. O pedido foi apresentado em uma ação relatada por Moraes sobre a Política Nacional para a População em Situação de Rua. Antes de decidir, o ministro quer ouvir a prefeitura. Em entrevista à Rádio Eldorado, a antropóloga Roberta Costa, ativista do movimento social Craco Resiste, disse que o muro agrava a situação vulnerabilidade de dependentes químicos e moradores de rua na região. “É um grande símbolo da tortura cotidiana que acontece ali”, afirmou.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que seu Conselho de Ministros não vai mais se reunir hoje, como estava previsto, para aprovar o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. Segundo ele, o adiamento vai ocorrer até que o Hamas recue do que chamou de uma “crise de última hora”. Sem fornecer detalhes, o gabinete de Netanyahu acusou o grupo terrorista palestino de voltar atrás em partes do acordo numa tentativa de “extorquir concessões de última hora”. Um membro do Hamas afirmou à agência de notícias Reuters que o grupo está respeitando os termos do acordo anunciado pelos mediadores Catar e Estados Unidos, com entrada em vigor no próximo domingo, 19. Em linhas gerais, o acordo prevê o fim definitivo do conflito e a libertação de todos os reféns que ainda estão em poder do Hamas. Cerca de 100 pessoas que foram sequestradas pelo grupo terrorista em Israel, em outubro de 2023, continuam na Faixa de Gaza. A primeira fase do acordo vai durar seis semanas e prevê a libertação, aos poucos, de 33 reféns. Durante este período, Israel se compromete a retirar parte das tropas da Faixa de Gaza e a soltar prisioneiros palestinos. A segunda fase do cessar-fogo começará a ser negociada no início de fevereiro. A partir daí, Israel e Hamas tratarão da libertação dos demais reféns que estão com o grupo terrorista, incluindo os corpos daqueles que morreram. Na terceira e última fase, que ainda depende de negociações, haverá uma discussão sobre a reconstrução de Gaza e quem governará o território palestino. Em entrevista à Rádio Eldorado, Fernando Brancoli, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que “o acordo é frágil, mas as expectativas ainda são positivas” em razão da chegada de Donald Trump ao poder, que declarou não querer iniciar seu mandato com a guerra em andamento e mandou um emissário para as negociações. “A extrema-direita israelense pode não querer o acordo, mas é difícil enfrentar os Estados Unidos”, afirmou. Para Brancoli, a terceira fase do acordo, sobre a reconstrução e o futuro governo de Gaza “é o ponto mais sensível e o menos detalhado”.
Agentes do Departamento de Transportes Públicos (DTP), da Prefeitura de São Paulo, apreenderam na tarde desta quarta-feira, 15, três motocicletas que realizavam o transporte de passageiros pelo aplicativo da 99 em ruas da capital paulista. Ao todo, mais de 10 mil viagens foram feitas no primeiro dia de operações da modalidade, conforme a empresa. O serviço 99Moto é proibido por meio de um decreto emitido pela administração municipal desde 2023, mas está funcionando na cidade desde a última terça, 14. A gestão Ricardo Nunes (MDB) trata este tipo de transporte como clandestino e reforça a fiscalização para impedir as viagens irregulares. Em nota, a 99 contesta e alega a legalidade de sua operação. A empresa afirma ainda que a atividade é respaldada pela legislação federal e acrescenta que vai apoiar os motociclistas parceiros e passageiros com os custos associados às apreensões. Nesta quarta, a Justiça reconheceu o direito do poder municipal de barrar o serviço da 99. Na decisão, o juiz Josué Vilela Pimentel, da 8ª Vara da Fazenda Pública, negou pedido de liminar feito pela empresa de mobilidade contra a ordem da Prefeitura de suspender o serviço de transporte. A plataforma diz que vai recorrer. Em entrevista à Rádio Eldorado, o arquiteto e urbanista Diogo Lemos, coordenador-executivo da Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global em São Paulo, disse que a modalidade, que inicialmente opera na periferia da cidade, “vem no vácuo” de problemas de mobilidade e infraestrutura nessas regiões e do aumento da tarifa de ônibus. Para o especialista, o serviço oferece transporte barato e rápido, mas ainda não é o ideal. Na avaliação de Lemos, seria necessário investir na capacitação dos condutores para garantir maior segurança aos usuários.