As principais notícias do dia com Haisem Abaki e Carolina Ercolin
O novo secretário de Mudanças Climáticas da Prefeitura de São Paulo, José Renato Nalini, elege a regularização fundiária como prioridade de atuação e critica a ‘falha cultural’ da elite paulistana, que minimiza a importância das árvores na cidade. Segundo o ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo - terceiro a assumir o posto no governo Covas-Nunes -, há uma tendência entre a população que prioriza os incômodos da flora urbana e que precisa ser enfrentada. “Já ouvi falar que árvore serve para sujar a calçada e para bandido se esconder”, explica em entrevista à Rádio Eldorado. Nalini propõe a criação de bolsões verdes em áreas ociosas e critica a impermeabilização do solo em áreas nobres da capital para enfrentar a elevação das temperaturas. “Veja esse bairro que já foi chamado de Jardins. Hoje é um jardim de caçamba. É concreto encostando em concreto, sem nenhuma área permeável mesmo em empreendimentos de casas custosas. É uma falha cultural até da elite. Porque a elite seria a primeira a reconhecer a valia do serviço ecossistêmico prestado pela pelas árvore. Mas isso é uma questão de educação”.
A cidade registra anualmente cerca de 2.000 quedas de árvores urbanas. A prefeitura e a Enel, empresa responsável pela distribuição de energia, entraram num embate público no final de 2023 sobre as árvores que afetaram a rede. Durante chuvas intensas nos dias 8 e 9 de janeiro, o Corpo de Bombeiros atendeu 250 chamados relacionados ao problema. Em novembro de 2023, mais de 2 milhões de moradores ficaram sem energia elétrica por dias, após o rompimento da fiação pelo mesmo motivo. Um homem morreu eletrocutado em Moema após a queda de um fio energizado.
Nalini afirma que vai atuar com a pasta de Habitação para tratar da falta de regularização fundiária e, assim, atacar a invasão de áreas protegidas, especialmente às margens dos reservatórios Guarapiranga e Billings. Segundo o secretário, hoje há uma dificuldade de identificar quem responderia pelas ocupações irregulares.
O médico infectologista Celso Granato avalia que a investigação da origem do surto de gastroenterite no litoral paulista é crucial para adequar a conduta médica no atendimento dos casos. Em todos eles, no entanto, a hidratação é a primeira recomendação a ser adotada pelo paciente que sofre com os sintomas como diarréia, náusea e vômito. O agravamento do quadro pode levar à morte, explica o diretor clínico do Grupo Fleury. Uma jovem de 20 anos, moradora de Taquarituba (SP), está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular no Guarujá (SP), desde sexta-feira, 3. Segundo a família, o quadro dela teve início com fortes sintomas de virose. Ela viajou na última semana do ano para curtir o réveillon com os familiares no litoral. A Secretaria de Saúde de São Paulo também está investigando se há relação entre a morte de uma jovem de 29 anos em Cristais Paulista, no interior do Estado, e o surto de gastroenterite no Guarujá. Amanda Caroline Resende de Oliveira, 29, apresentou sintomas de vômito e diarreia.
Nove mortes por afogamento foram registradas no litoral de São Paulo em 2025. A maioria dos casos tem relação com a imprudência de banhistas que não respeitam os alertas de perigo indicados pelos Guarda Vidas nas praias. Segundo a capitã do grupamento de bombeiros marítimo de São Paulo, Karoline Burunsizian, 9 em cada 10 óbitos acontecem em regiões do mar onde atuam as correntes de retorno. Metade das vítimas sabia nadar. Até dia 6 de janeiro, 300 pessoas foram resgatadas em ações de salvamento.
O Brasil registrou mais de 6,6 milhões de casos prováveis de dengue ao longo de 2024, segundo o Ministério da Saúde. Esse é o maior número da série histórica e representa quase 300% de aumento em relação ao ano passado. Na mesma comparação, as mortes confirmadas também bateram recorde, com quase 400% de crescimento, chegando a cerca de 6 mil, além de outros mais de 1 mil óbitos em investigação. Em entrevista à Rádio Eldorado, a infectologista Luana Araújo disse que o curso de casos ainda deve ser “bastante acentuado” em 2025. Ela alertou que os dados atuais podem ser ainda maiores em razão de ocorrências não notificadas. Acompanhe aqui as orientações da especialista.
O vencedor do Prêmio Jabuti de 2024 na categoria infanto-juvenil, Ilan Brenman, entende como crucial o papel do poder público na reversão da tendência apontada pela a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. Pela primeira vez, o levantamento identifica que a maioria dos brasileiros não é leitora de livros e que, nos últimos cinco anos, houve uma perda de 6,7 milhões de leitores no país. Em entrevista à Carolina Ercolin, o escritor e doutor em Educação aponta pesquisas que relacionam o hábito ao melhor desenvolvimento da criança, que hoje está gastando seu tempo em telas. Por isso, em sua visão, o livro precisa estar perto das pessoas em espaços como bibliotecas e parques. “É papel do poder público oferecer acesso à leitura”, avalia.
No Brasil, a cada quatro horas, uma pessoa com 55 anos ou mais morre devido ao consumo excessivo de álcool. Os dados estão no relatório “Álcool e Saúde dos Brasileiros - Panorama 2024″, elaborado pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa). Nos últimos 12 anos, essa faixa etária foi a única a registrar aumento nas mortes relacionadas a bebidas alcoólicas, passando de 42,6% dos casos em 2010 para 55,5% em 2022. O levantamento compila informações de instituições como Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS) e também revela que a população preta apresenta as maiores taxas de óbitos, seguida pela parda. Em relação ao gênero, o aumento foi de 33,6% entre as mulheres, superando o crescimento de 27,6% registrado entre os homens, embora eles ainda representem a maioria das mortes, com 68%. Em entrevista à Rádio Eldorado, o hepatologista Roberto José de Carvalho Filho, professor-adjunto da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro da Sociedade Brasileira de Hepatologia, disse que condições sociais e econômicas contribuem para um maior consumo de álcool num momento em que as pessoas estão mais próximas da aposentadoria. “É uma fase da vida em que somos expostos a riscos de estabilidade econômica e emocional”, afirmou. Ouça aqui as orientações do especialista sobre a prevenção e o tratamento do consumo abusivo de álcool.