Patrícia Ferraz dá dicas para deixar a sua experiência gastronômica mais saborosa
Oscar Bosch, chef do restaurante ‘Tanit Culinária Espanhola’, abriu uma sorveteria no Itaim. O diferencial do estabelecimento é que o sorvete é feito na hora e a moda do cliente, com ingredientes naturais. Patrícia Ferraz destaca algumas receitas prontas e as opções de coberturas, como por exemplo caramelo salgado.
Postas grelhadas ao ponto, úmidas e brilhantes na Panificadora Vila Monumento
Gosta de bacalhau? Pois recomendo que você vá comer na padaria. Mais exatamente na Panificadora Vila Monumento, uma padaria de português típica paulistana, com quase 70 anos de história. É ali, nas mesas entre o balcão e as vitrines repletas de bolos, doces, roscas e pães feitos na casa, que se come um bacalhau espetacular.
São postas de gadus morhua, dessalgadas à perfeição (não sobra e nem falta sal) e grelhadas ao ponto. O peixe se desfaz, com o leve toque do garfo, em lascas grandes, úmidas, brilhantes, prova incontestável de que o trabalho foi bem feito – e de maneira mais cuidadosa que em muitos restaurantes sofisticados. As peças chegam inteiras, seu Manoel e dona Eliete, os donos da padaria têm um “corretor de bacalhau”, encarregado de correr as importadoras da cidade e trazer o que encontrar de melhor. São 150 kg por semana. O peixe salgado chega toda segunda-feira. Vem inteiro e as postas são cortadas ali mesmo, numa área separada da preparação de pães. Com os pedaços porcionados e aparas separadas, começa o processo de dessalga, que leva cinco dias, em ambiente refrigerado. Já sem sal, o peixe é congelado, por isso, é preciso reservar o prato um dia antes.
O bacalhau é preparado na clássica chapa quente da padaria, porém em uma parte exclusiva. É servido com batatas cozidas, macias e íntegras, brócolis verdinhos, ovos cozidos e lascas de alho levemente douradas e sequinhas. Um espetáculo.
Essa história começou por acaso. Seu Manoel Alves Rodrigues Pereira e outros portugueses donos de padaria costumavam sair juntos para comer bacalhau. A cada vez, iam a um restaurante diferente, mas nem sempre ficavam satisfeitos. Oito anos atrás, para um desses encontros, seu Manoel resolveu fazer um bacalhau na padaria e chamar os amigos. Tamanho sucesso, os encontros passaram a ser sempre ali e o “bacalhau do Manoel” acabou entrando no cardápio. Custa R$ 330 e serve duas pessoas. Para quem não se anima em comer na padaria, a dica é pedir delivery. As entregas são feitas por toda a cidade, mas é preciso encomendar pelo menos um dia antes.
Rua Dr. José Maria Azevedo, 259, Vila Monumento, whatsapp 94513-3087.
Filial em Pinheiros tem pratos com o filé Oswaldo Aranha e picadinho com ovo perfeito
A versão de Bel Coelho para o filé Oswaldo Aranha é uma das melhores que já provei – talvez por ser bisneta do grande diplomata brasileiro, a chef tenha caprichado especialmente na receita. O filé alto, macio e grelhado ao ponto, vem com molho roti, arroz puxado no molho e chips de batata bolinha por cima. Em vez do alho frito tradicional, ela serve, à parte, um pouquinho de purê de alho assado (R$ 93). O prato é um dos clássicos do cardápio do Cuia, que funciona na Livraria Megafauna, no Edifício Copan, desde 2020, e acaba de abrir uma filial em Pinheiros.
Além do filé, a casa tem agora um ótimo picadinho servido com ovo perfeito, arroz, couve e banana grelhada (R$ 80). O peixe do dia é outra boa pedida, com farofa de feijão manteiguinha e molho de tucupi (R$ 97), num delicioso contraste de texturas finalizado pelo toque azedinho do tucupi. Baião de dois; orecchiette com bok-choy, alho poró e cogumelos… O Cuia é um misto de restaurante, café e bar, que oferece comida para o dia a dia, o dia todo. Bem diferente do Clandestina, o restaurante gastronômico da chef, aberto há pouco, na Vila Madalena.
O cardápio vai do pão de queijo ao choux recheado de curau na sobremesa, passando por sanduíches e saladas. Bel Coelho sempre acha um jeito diferente de usar produtos brasileiros. Faz waffle, mas a massa é de pão de queijo e ele vem com doce de leite e creme de queijo (R$20). O tostex é feito com pão de fermentação natural, uma combinação de queijos Mandala e alguns da Serra da Canastra e geleia de jabuticaba (R$34). Considero imperdível o cuscuz de milho com creme de queijos Quina e Quark, chips de batata doce e ovo frito (R$ 36) – o ovo esconde o creme de queijo e o cuscuz macio, preparado com pedacinhos de tomate. Você vai metendo a colher…
Nas entradas e petiscos, a croqueta de cogumelos e milho crioulo com creme de avocado é novidade (R$ 38). Como petisco, sugiro os aneis de lula em tempurá de tapioca com molho ponzu de caju (R$ 44). Para beber, uma seleção de cafés com grãos da Torrefadora Corisco, além de chás, drinques clássicos e autorais.
A nova casa é acolhedora, com cestaria e objetos de palha dos povos baniwa espalhados pelas paredes, chão de caquinho vermelho e um pequeno balcão de bar protegendo a estante de livros. Tudo muito simpático.
Rua Mateus Grou, 80, Pinheiros. Segunda, das 10h às 16h; Terça a sábado, das 10h às 22h; Domingo, das 10h às 18h.
A grande pedida no Doryo é sentar no balcão para provar as especialidades da casa
As mudanças fizeram muito bem ao Doryo, na Vila Olímpia. O restaurante de cozinha japonesa reabriu há pouco, cheio de estilo, com belo cardápio e ambiente renovado. Entre as novidades, coordenadas pelo designer de interiores Luiz Henrique Marcondes, estão cerâmicas de Kimi Nii feitas sob medida para os diferentes pratos e sushis, balcão de ônix iluminado e uma estante de saquês importados de fazer inveja a muitos izakayas no Japão – prove o licoroso Hakushika.
O grande programa ali é sentar no balcão e ir provando niguiris e sashimis muito bem executados por Fe Nagao e seu sous-chef Edy, dois talentosos sushimen. Mas não perca a chance de pedir algumas entradas e pratos antes do sushi.
Comece com shiso empanado com tartar de salmão, maionese japonesa kewpie, ovas, gergelim, cebolinha e molho tarê – o tempurá levíssimo envolve a folha num contraste delicioso com os cubos de salmão frios. Outra entrada que vale a pedida é o carpaccio que reúne no mesmo prato barriga de salmão, haddock e polvo espanhol, temperados com molho ponzu, levemente cítrico.
O ebi spicy traz o camarão, delicadamente empanado e frito, escoltado por um potinho com mix de cogumelos e a ideia é ir pegando um pouco de cada um, aos poucos. A vieira canadense com foie gras maçaricado é um primor. Na hora do sashimi, a dica é o prato que combina salmão, atum com ovas, carapau, pargo, vieira e haddock defumado.
Os sushis são excelentes, frescos e rigorosamente preparados com 8g de arroz e 20 g de peixe (ninguém mede, mas a prática faz com que os bolinhos saiam idênticos, naturalmente). Torça para ter bluefin espanhol e peça o toro, que derrete na boca, servido numa fatia grossa, com flor de sal.
Entre os pratos que saem da cozinha, e não do balcão, há um espetacular black cod grelhado, uma posta alta, de sabor delicado com leve crostinha. Vem com ebi yakimeshi, um arroz com camarão, cubinhos de cenoura, brócolis e cebolinha. Vou voltar lá.
Rua Clodomiro Amazonas Segunda só almoço, das 12h às 15h. De terça a sexta, das 12h às 15h, das 19h à 0h. Sábado e domingo, só jantar.
Deli disputada na capital londrina oferece pratos condimentados e servidos lindamente
Com a desculpa de comprar o novo livro Comfort, de Yotam Ottolenghi, que saiu em 5 de setembro, aproveitei um horário livre durante uma viagem de trabalho a Londres para almoçar no Ottolenghi de Chelsea, que fica numa rua sem carros, repleta de lojinhas. Sou fã declarada desse chef que nasceu e cresceu em Jerusalém, migrou para Londres onde conheceu seu sócio, o palestino Sami Tamimi, e construiu com ele um império de restaurantes – a dupla tem nove endereços espalhados pela cidade.
São lugares pequenos (prepare-se para as filas…), estilo deli, onde a comida fica exposta em balcões lindamente montados, com pratos e travessas de diferentes alturas. Grãos, raízes, saladas, tortas, aves e tubérculos coloridos temperados com sabores mediterrâneos combinados com especiarias e condimentos do Oriente Médio disputam as atenções. Você monta seu combo com duas saladas e um prato quente (27,9 pounds) ou três ou quatro itens (26,50 pounds). A seleção muda sempre e passa longe do convencional. No dia da minha visita tinha berinjela assada com tahine de coco, cebola com masala e castanha de caju caramelizada (bem boa); vagem com batata, pesto e mix de sementes; batata doce assada com labneh, harissa, semente de abóbora e molho verde (foi minha favorita); abobrinha, milho, queijo feta frito e iogurte de berinjela defumada; bacalhau com coco e cominho; pato crocante com melado de cereja e uvas com zaat’ar (grande combinação), frango assado com coentro e lima, entre vários outros. O balcão de sobremesas é atração à parte. Suspiros gigantes, bolos, folhados, tarteletes de frutas (provei uma espetacular com figos frescos e mirtilos) e também o delicioso bolo de cenoura com especiarias e cobertura de cream-cheese.
Ottolenghi é um gênio e trabalha particularmente bem com vegetais. Durante anos assinou uma coluna de receitas vegetarianas no jornal britânico The Guardian, com enorme sucesso. Atualmente suas publicações passaram a incluir proteína animal. Foi ele quem ensinou o mundo ocidental usar condimentos e especiarias do Oriente Médio para temperar massas, legumes e saladas. Popularizou sumac, has-el-hanut, zaat’ar, harissa, melado de romã, água de flor de laranjeira, tahine…seu Instagram (@ottolenghi) tem 2,5 milhões de seguidores.
Os restaurantes funcionam também como deli, todos os pratos e doces podem ser levados para viagem e têm prateleiras repletas de produtos à venda: a seleção de temperos é ótima, tem potinhos de molhos, um lemon curd divino, panos de pratos, sacolas de pano, chocolates, biscoitinhos, além dos livros.
Longas filas de espera fazem parte do programa, formadas basicamente por estrangeiros fãs de seus livros editados pelo mundo todo, alguns inclusive no Brasil – Jerusalém saiu pelo selo Panelinha, Comida de Verdade e Simples, pela Companhia de Mesa. Quem coleciona os livros e segue o Instagram vai ter prazer em conhecer os restaurantes. Valem a visita, mas confesso que sou mais feliz com os livros dele do que nos restaurantes. Insisto, volto sempre para conferir, mas saio com a sensação de que pratos cheios de temperos não funcionam bem em combos, há uma certa briga, todos marcando forte presença, fica pesado. As filas constantes, entretanto, indicam que sou minoria.
261 Pavilion Road, London SW1X 0BP
O choripan, lanche tradicional de linguiça servido nas ruas na Argentina e no Uruguai, e a chori pizza, são destaques no cardápio do Choribar
Sabe o clássico das ruas argentinas e uruguaias, o pão com linguiça chamado de choripan? Pois ele acaba de ganhar nova dimensão em um misto de bar e restaurante de estilo pop, recém-inaugurado na esquina das ruas Pinheiros e Mateus Grou, o Choribar. Na verdade, trata-se de um lugar especializado em linguiça – não só no choripan. Ela é feita ali mesmo, sem conservantes, num pequeno açougue na sobreloja, com carne suína premium fornecida pelo frigorífico Del Veneto. A linguiça aparece no cardápio com ou sem pão em diferentes combinações.
Os donos da casa são o uruguaio Diego Perez Sosa e a mulher dele, Aninha Alves. Diego é especialista em assados. Ele trabalhou durante anos com o chef argentino Francis Malmann, com quem veio a Trancoso para um evento, há onze anos. Foi quando conheceu Aninha, namoraram, casaram – e ele ficou por aqui. Até agora, fazia eventos de assados em São Paulo com sua marca Cozinha de Fogo, em que ficou conhecido pelas belas gaiolas nas quais carnes e vegetais assam pendurados sobre o fogo…
No Choribar, ele dá um show de variações sob o mesmo tema, começando pelas picaditas, as entradas ou petiscos. Chori sem pão é a linguiça servida com uma mostarda de abacaxi espetacular – o abacaxi é longamente assado, pendurado sobre a parrilla, antes de ser misturado com a mostarda (R$ 24). Imperdível. A milanesa de linguiça é outro acerto, achatada, empanada e frita, servida em pedacinhos, com limão (R$ 30). E tem a deliciosa chori pizza, uma mini pizza cuja base é um pão francês redondo e achatado, coberto com a linguiça, queijo derretido e chimigrete, uma bem-sucedida parceria entre o chimichurri e o vinagrete (R$ 28). Ainda tem croquetas de linguiça sequinhas, com recheio úmido e saboroso, servidas com geleia de pimenta (R$ 26, porção).
Difícil decidir meu sanduíche favorito. O chori smash (R$18) é simples, com a linguiça achatada, acompanhada pelo melhor chimichurri que já provei na cidade – delicado, leva só ervas e temperos frescos. Chori picante (R$ 38) vem com linguiça apimentada, picles de manga, maionese de habanero e repolho ralado. Ótimo. O chori tropical combina a linguiça, mostarda de abacaxi, mussarela e cebola caramelizada (R$30). O chori Monterey é o favorito do dono da casa: linguiça, guacamole, nachos e molho agridoce picante (R$36). Na sobremesa, por enquanto, impera o flan de dulce de leche (R$ 15), mas logo deve entrar o sorvete de alfajor…
Para beber, além das cervejas, alguns drinques e uma refrescante jarrinha de clericot (R$ 88) feita com Chardonnay, maçã, banana, laranja e xarope de casca de laranja. Quer saber? Vá lá conhecer.
Rua Mateus Grou 15, Pinheiros. Terça e quarta, das 12h às 22h. Quinta à sábado, das 12h às 23h. Domingo, das 12h às 19h.