13% da elite do Direito estudou na USP

Anuário ?Os Mais Admirados? traça o perfil de quase 2 mil sócios de grandes escritórios de advocacia do País

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Foto do author Renata Cafardo

Uma pesquisa inédita feita com a elite dos advogados no País mostra que 30,4% deles estudaram na Universidade de São Paulo (USP), na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e no Mackenzie. Mais de 13% cursaram USP. O anuário "Os Mais Admirados do Direito" traçou um perfil dos 1.987 sócios dos maiores escritórios de advocacia brasileiros - a posição é ocupada por profissionais que têm qualquer participação acionária na empresa, mesmo que mínima. Entre eles, 75% são homens e todos têm, em média, 12 anos de formados. Apesar de a USP encabeçar o ranking, a pesquisa mostra que 65% dos sócios estudaram em universidades privadas. Os números refletem a situação atual do ensino superior no País. Segundo o Ministério da Educação (MEC), dos 73 mil formandos da área em 2005, 14% apenas cursaram universidades públicas. "A maioria das faculdades de Direito que surgiram desde os anos 70 é particular", completa a ex-diretora da Faculdade de Direito do Largo São Francisco Ivete Senise. O diferencial da pesquisa com relação aos já tradicionais ranking da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) é que ela não avalia o recém-formado e sim como progrediu o advogado na carreira. "Mostramos como está esse formando depois de 20 anos", diz o presidente da Análise Editorial, Eduardo Oinegue, responsável pelo estudo. A pesquisa ouviu ainda os advogados que estão uma posição abaixo dos sócios, os chamados associados. Eles também têm altos cargos, mas não participam dos lucros da empresa. Entre eles, 73% estudaram em instituições particulares. A PUC-SP toma o lugar da USP no topo do ranking de formação do grupo. Segundo o integrante da comissão de contratação do Demarest & Almeida, considerado o mais elogiado escritório do País, Luiz Felipe Ferraz, estudantes formados por USP, PUC e Mackenzie são os mais procurados. "Os estagiários fazem provas de admissão, mas damos muita importância para a formação", diz. Para Gláucia Laletta Frascino, de 38 anos, sócia da Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Júnior e Quiroga, a rede de colegas - ou network - criada na PUC foi fundamental para o sucesso profissional. "Muitos dos meus clientes hoje foram colegas da universidade", diz. "A faculdade é um cartão de visitas", completa outro sócio do escritório, José Eduardo Carneiro, de 37 anos, que cursou a USP. Maximilian Fierro Paschoal, de 36 anos, formou-se na USP em 1994 e, dez anos depois, tornou-se sócio da Pinheiro Neto Advogados. Segundo ele, o curso de Direito foi decisivo na escolha da área em que atuaria. "Tive aulas com grandes mestres, os criadores do Código do Consumidor. Daí veio meu encantamento pela área." A pesquisa colheu dados de cerca de 5 mil advogados em 474 escritório do País. Do total de 45 universidades do ranking dos sócios, 17 são paulistas. Três delas fazem parte da lista dos piores cursos de Direito, divulgada nesta semana pelo MEC, com dados do Enade e da OAB.

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