Os Imigrantes vinham de longe, conquistavam com esforço seu lugar na sociedade e reinvestiam seus ganhos no "tijolo".
Não foi diferente para Rosário Caltabiano que, emigrado da Itália nos anos 1920, representaria com sucesso as marcas americanas Cadillac, Chevrolet, Chrysler e GM(General Motors) no Brasil.
Ao longo dos quase 100 anos que passaram seus filhos e netos souberam manter a empresa nos trilhos, instaurando novas parcerias, com a Willys, Ford, Mercedes-Benz, Land Rover, e BMW/Mini Motors.
Seria então as dos Caltabiano, mais uma historia de Imigrantes italianos que construíram suas fortunas "nas Américas".
Naquela São Paulo que crescia como nenhuma cidade no mundo, Rosário, como todo bom imigrante, investia em imóveis, para moradia de sua Familia e para renda.
Nesse cenário, na década de 1940, foi construído o Edifício Leny, em plena segunda guerra mundial, entre os anos de 1940-1944.
Como pode-se ler no próprio documento a cima, Rosário moraria na unidade 801, a mais alta do recém inaugurado edifício.
O nome do prédio seria uma homenagem a sua filha Leny. Morta prematuramente em 1933.
Reza a lenda, entre os moradores mais antigos, que o terreno da garagem, atras do prédio serviria de oficina para os veículos da firma. Fato provável se pensarmos que a revenda dos automóveis ficava ali perto, na Rua das Palmeiras n. 1.
A Historia parece ainda mais verídica se considerarmos que as matriculas dos dois terrenos nunca foram unificadas em uma sò(hoje o local serve de garagem para os proprietários dos 8 aptos do Edifício).
Pelo que pude pesquisar o prédio pertenceu a família como um todo até os anos 1960 quando os filhos de Rosário começaram a vender suas unidades pulverizadas.
Espanta, positivamente, a qualidade dos materiais e a cura nos detalhes. Antes mesmo de por os pés dentro do prédio já se percebe o bom gosto pela arcada revestida em em mármore que carrega os dizeres Edifício Leny numa belíssima e rebuscada fonte em bronze.
Em cada andar existe uma porta com entalhe diferente em madeira nobre.
Ao entrar nos aptos(cada um tem cerca de 125m2) nos deparamos com a ante-sala ou galeria, ambiente comum na Europa mas pouco visto e utilizado no Brasil, já que seu escopo era criar uma descompressão entre o "dentro e o fora", evitando que o frio entrasse e que o calor dos caloríferos se dispersasse. Logo ao lado da porta de entrada encontramos um armário que faz as vezes de chapeleira.
O Apartamento conta com 2 dormitórios amplos e um banheiro social literalmente gigantesco, totalmente revestido em mármore verde, com box para chuveiro das dimensões de um banheiro inteiro se comparado com os dias de hoje.
O ponto forte do apê com certeza è a sala, com lareira e nichos em granito.
A cereja do bolo è a incrível varanda "ondulada" que confere um fascino único para a fachada.
Conhece um Arqui-Achado que eu possa pesquisar e divulgar? Me escreva (matteo@refugiosurbanos.com.br)
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.