Dor de cabeça: maioria dos brasileiros ainda se automedica e não procura especialista

Campanha da Sociedade Brasileira de Cefaleia recomenda procurar médico após três dores no mesmo mês

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Por Redação
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No dia mundial de combate à dor de cabeça, especialistas incentivam as pessoas a procurarem um médico quando as dores forem constantes. Foto: Pixabay

No dia 19 de maio é comemorado o dia de combate à dor de cabeça, problema que atinge muitos brasileiros em diversas fases da vida. Justamente por ser tão comum, a dor (que também pode ser chamada de cefaleia) é considerada 'normal' - mas na verdade é um sintoma que pode indicar problemas mais graves.

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De acordo com pesquisa do Ibope encomendada pela Neosaldina realizada com 1002 brasileiros, 91% das pessoas se automedicam e, dessas, a maioria (58%) também opta por relaxar, dormir e ficar sozinho para aliviar os sintomas. Especialistas, porém, indicam procurar um médico.

E quando a cefaleia deve ser reportada a um especialista? Se houver dor três vezes num mesmo mês, após três meses, é hora de procurar um neurologista - ao menos é o que indica a Sociedade Brasileira de Cefaleia, que lançou a campanha Três é Demais, para estimular a procura de um médico e mostrar que sentir dor não é normal.

"As pessoas acham que é normal ter dor de cabeça, mas nenhuma dor é normal. Se a pessoa está com dor de dente, eu tenho certeza que no dia seguinte ela vai ao dentista. Já quando é dor de cabeça, as pessoas demoram para procurar um médico. Toda dor é sinal de que algo pode estar errado", explica Thaís Villa, neurologista chefe do setor de cefaleias da Unifesp.

 Os dois tipos mais comuns de dor de cabeça são a tensional, que ocorre ocasionalmente e pode ser causada por diversos fatores, e a enxaqueca, uma doença cujo sintoma principal é a cefaleia. "A dor de cabeça da enxaqueca é específica. Ela tende a ser unilateral, ou seja, dói mais de um lado da cabeça, causa dor nos olhos, tem a característica de dor pulsada, latejante. Além disso, uma pessoa com enxaqueca fica mais sensível a situações rotineiras, como mínimos barulhos, ruídos e cheiros. Outros sintomas são problemas gástricos, como dor abdominal e até vômito, alteração na visão e tontura", explica a neurologista.

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Seja a enxaqueca, seja a tensional, estudos comprovam que a mulher sofre mais de dor de cabeça, muito por conta das alterações hormonais pelas quais ela passa durante a vida. "As mulheres sentem mais por causa das alterações hormonais naturais que as mulheres têm durante o mês. Essas mudanças são um gatilho importante, principalmente em crises de enxaqueca. Na gestação, no pós-parto, no climatério [fase antes da menopausa], as primeiras alterações na adolescência são todos gatilhos para dores de cabeça", exemplifica Thaís.

Já num nível geral, três das principais causas para dores de cabeça tensionais são o nível de tensão, a qualidade do sono e a alimentação. Na pesquisa, 87% dos entrevistados se disseram estressados, e 60% atribuíram a dor de cabeça à insônia. Além disso, 48% disseram que alimentos gordurosos e frituras provocam dor.

A neurologista explica que alimentos como bebida alcoolica, cafeína e substâncias que contêm glutamato monossódico podem causar dor. "Porém, mais do que os alimentos ingeridos, o jejum prolongado também pode ser uma causa e deve ser evitado principalmente por pessoas que têm enxaqueca", ressalta. Ao começar a sentir muita dor de cabeça, é recomendado que a pessoa anote os alimentos para falar para o médico, a fim de identificar os gatilhos que ocasionam a cefaleia.

O objetivo do dia nacional de combate à dor de cabeça é incentivar as pessoas a procurarem um neurologista quando as dores se tornarem constantes - e diminuir a automedicação. "A dor de cabeça é um sintoma e pode indicar problemas gástricos, meningite, gripe, dengue e outras doenças. Ela deve ser sempre um sinal de alerta. Tomar analgésicos uma, duas vezes ao mês não tem problema, mas isso não pode se tornar uma constante, afinal remédio em excesso prejudica o organismo", completa a médica.

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