Dia Mundial da Fibromialgia: pacientes crônicos deixam de buscar ajuda por medo de novo coronavírus

No Brasil, mais de quatro milhões de pessoas sofrem com a doença

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Fibromiálgicos interrompem tratamento por medo de contaminação do novo coronavírus Foto: Pixabay

Uma dor que acompanha o paciente praticamente as 24h do dia. Normalmente, a pessoa já realizou uma série de exames para tentar descobrir um diagnóstico - sem sucesso. O Dia Mundial da Fibromialgia é lembrado em 12 de maio. O objetivo é conscientizar as pessoas sobre o problema. Neste ano, em meio a pandemia do novo coronavírus, os pacientes lidam com outra angústia: o medo em relação ao risco de contágio. Preocupados com a covid-19, muitos estão deixando de buscar ajuda médica. Mais de 150 milhões de pessoas sofrem de fibromialgia no mundo. No Brasil, segundo o estudo ‘A prevalência da fibromialgia no Brasil’, estima-se que existam quatro milhões de pacientes. Destes, entre 75% e 90% dos afetados são mulheres.  Entre os principais sintomas estão dores intensas e incapacitantes, sem causa aparente, e que frequentemente causam dificuldades na obtenção de um diagnóstico. Além disso, de acordo com a OMS, a doença acomete especialmente tendões e articulações, causa fadiga, distúrbios de sono e alterações de humor. De acordo com o médico e diretor associado global da Spectrum Therapeutics, Wellington Briques, por causa da pandemia da covid-19, muitos pacientes, incluindo os que sofrem de dores crônicas, pararam de buscar ajuda médica. "A epidemia faz com que muitos diagnósticos atrasem, pois as pessoas têm medo de buscar ajuda médica. Por isso, é importante reforçar o conhecimento das doenças, como é o caso da fibromialgia, que é lembrada mundialmente no dia 12 de maio", afirma o especialista.

A OMS estima que 150 milhões de pessoas sofram com fibromialgia no mundo Foto: Divulgação

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Terapias alternativas para quadros de fibromialgia

Entre os mais recentes estudos do combate à fibromialgia, os produtos medicinais à base de cannabis vem se mostrando potenciais aliados no tratamento dos sintomas. "Há um estudo recente que eu utilizo como referência. Publicado este ano de 2020 pelo Clinical and Experimental Rheumatology, o estudo Adding medical cannabis to standard analgesic treatment for fibromyalgia conclui que a terapia com cannabis medicinal oferece uma possível vantagem clínica em pacientes com fibromialgia, especialmente naqueles com disfunções do sono. A fibromialgia é uma condição médica complexa que é normalmente tratada pela melhoria da qualidade do sono, diminuição da massa corpórea, por meio de exercício regular, e diminuição da dor. A cannabis pode ter um papel essencial no tratamento porque atua no distúrbio do sono e no tratamento da dor crônica. Embora na prática clínica se observem melhorias significativas nos sintomas da fibromialgia com o uso dos canabinóides, são necessários mais estudos para determinar o perfil e as dosagens adequadas do produto" completa o especialista, que é diretor médico da divisão de medicina canabinóide da Canopy Growth, multinacional do setor. O médico reforça os benefícios dos canabinóides para o controle da dor crônica em geral. Segundo um levantamento recente do Ministério da Saúde, a prevalência de dor crônica variou de 29% a 73% em diferentes estados brasileiros, tendo afetado mais mulheres que homens e sendo a região dorsal/lombar o alvo das queixas mais frequentes.  "Os índices são alarmantes e preocupantes, especialmente em uma época de pandemia, onde os serviços de saúde estão sofrendo uma enorme pressão. É preciso buscar novos tratamentos, com mais benefícios e menos efeitos colaterais, e os canabinóides têm se mostrado uma boa opção para a maioria dos casos", completa.

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