Falta de afeto pelo bebê, diminuição ou perda da libido, desânimo, baixa autoestima e irritabilidade são alguns dos sintomas da depressão pós-parto (DPP). O mal atinge uma em quatro brasileiras, segundo pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz. O problema é que, muitas vezes, as mulheres não identificam os sinais.
"Começa com uma tristeza leve, antes dos 15 dias após o parto pode ser confundida com o baby blues [melancolia pós-parto que não chega a ser depressão]; porém, aos poucos, a tristeza vai ficando mais intensa, o choro fica descontrolado, há uma perda do prazer e interesse nas atividades rotineiras, pode acontecer alteração de peso ou apetite, sentimentos de inutilidade e culpa são intensos, podendo chegar a ter pensamentos de morte ou suicídio", explica a psicóloga especialista em conflitos maternos Bianca Amorim.
A depressão pós-parto geralmente surge 15 dias após o nascimento do bebê e pode continuar ao longo de todo o puerpério [até os dois anos da criança]. Todas as mães podem desenvolver a DPP, mas aquelas que já apresentaram depressão ao longo da vida e que tenham casos na família são as que mais têm probabilidade de ter o quadro.
"Histórico de depressão em qualquer momento da vida, episódio depressivo ou ansioso durante a pré-concepção ou gestação, falta de rede de apoio, instabilidade financeira, conflitos no relacionamento conjulgal, histórico familiar de transtornos psiquiátricos, complicações no parto ou violência obstétrica e perdas importantes durante a gestação são alguns dos fatores de risco para a DPP", cita a psicóloga.
Uma vez que a mãe identifica alguns dos sintomas, o indicado é procurar um psicólogo. O tratamento, porém, deve ser feito em conjunto com um psiquiatra, que vai receitar medicações para tratar e curar o quadro.
O primeiro passo é buscar apoio psicológico. "A depender da gravidade do quadro, é recomendado entrar com antidepressivo. Porém é essencial essa mulher buscar terapia, pois a medicação agirá nos sintomas, mas a psicoterapia apoiará a mulher na busca por ressignificação das causas dessa depressão", explica Bianca.
Durante o tratamento psicológico e psiquiátrico, é indicado que a mãe e o bebê mantenham a proximidade. Isso porque, durante a DPP, a mãe precisa se adaptar a sua nova realidade para ter mais resultados positivos.
A especialista ainda ressalta a importância da conversa da mãe com os obstetras e pediatras. "Eles podem encaminhar para o psicólogo e nos apoiar quando perceberem que a mãe não está bem emocionalmente", diz. Se a mulher já vem sentindo algum transtorno psíquico desde a gravidez, é importante também contar com acompanhamento psicológico durante o pré-natal.
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