Pesquisadores da University of College London e do International Longevity Center, da Grã- Bretanha, analisaram os dados de uma pesquisa com 6.500 adultos ingleses e concluíram que aqueles que se sentiam ter pelo menos um ano a mais do que sua idade real tinham 41% mais probabilidade de morrer oito anos antes do que aqueles indivíduos que se sentiam pelo menos três anos mais jovens do que sua idade oficial. As conclusões do estudo foram publicadas pelo JAMA Internal Medicine.
Um total de 6.489 pessoas com o mínimo de 52 anos de idade participaram do estudo realizado em 2004 e 2005 e foram depois acompanhadas por 99 meses. As pessoas que participaram voluntariamente da pesquisa tinham de responder a está simples pergunta: "Que idade você sente que tem?". Embora a idade média real dos voluntários fosse de 65,8 anos, a idade sentida por eles em media era bem menor - 56,8 anos.
O sentimento de que a idade real era menor do que a cronológica foi generalizado na pesquisa - 69,6% dos voluntários disseram se sentir pelo menos três anos mais novos, ao passo que somente 4,8% disseram se sentir mais velhos. Os 25,6% remanescentes afirmaram sentir a idade que de fato tinham.
Um total de 1.266 voluntários morreu durante o tempo em que o estudo se estendeu, mas as mortes não estavam distribuídas de modo uniforme entre todos os três grupos. A taxa de mortalidade entre os que se sentiam mais velhos do que a sua idade de fato foi de 24,6% em comparação com os 18,5% que responderam sentir a mesma idade que tinham e foi de apenas 14,3% entre os que afirmaram se sentir mais jovens.
É possível que parte da diferença possa ser explicada pelo fato de que aquelas pessoas já estavam doentes quando participaram do estudo e portanto sentiam-se mais velhas do que realmente eram. De modo que os pesquisadores excluíram todas as pessoas que morreram dentro de um ano depois de participarem do estudo e computaram os dados novamente. Os resultados se mantiveram.
Os pesquisadores também ajustaram os dados para levar em conta vários fatores que poderiam influir no sentimento de uma pessoa sentir-se mais velha do que era de fato e o risco aumentado de uma morte a curto prazo. Eles utilizaram métodos estatísticos para controlar questões envolvendo problemas de saúde, como doença cardíaca, diabete, câncer, artrite e depressão. E investigaram fatores comportamentais como fumar, beber e o tempo usado em atividades sociais. E também incluíram variáveis demográficas como gênero, etnia, educação e saúde. Mesmo com todos esses fatores levados em consideração eles concluíram que o risco de morte durante o curso do estudo era 41% maior no caso daquelas pessoas que se sentiam mais velhas do que realmente eram em comparação com aquelas que se sentiam mais jovens. (A taxa de mortalidade foi ligeiramente maior no caso daquelas pessoas que sentiam a sua idade real, mas a diferença não era grande a ponto de ser estatisticamente significativa).
Quando os autores do estudo analisaram mortes por câncer separadamente, concluíram que não existe nenhum vínculo real entre a idade sentida e o risco de morte. Mas quando se concentraram em mortes por doenças cardiovasculares concluíram que as pessoas que se sentiam mais velhas do que realmente eram tinham 55% mais probabilidade de morrer durante o estudo do que aquelas que se sentiam mais jovens.
Os resultados podem auxiliar os médicos a identificar pacientes que podem ter mais necessidade de ajuda, afirmaram os autores do estudo. "Os indivíduos que se sentem mais idosos do que são na verdade podem ser alvo de mensagens promovendo comportamentos positivos em termos de saúde e atitudes mais otimistas com relação ao envelhecimento".
Tradução de Terezinha Martino
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.