Um elemento encontrado no chá verde, a epigalocatequina-3-galato (EGCG), tem o potencial de destruir as células envolvidas no surgimento de câncer de boca, preservando as células sadias e, desta forma, podendo auxiliar no tratamento de pacientes diagnosticados com a doença. É o que aponta um estudo divulgado na revista digital Molecular Nutrition and Food Research por pesquisadores da Penn State University, da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que mais de 22 mil brasileiros devam receber o diagnóstico de câncer de cavidade oral em 2017, o tipo de tumor maligno mais comum na região de cabeça e pescoço.
Embora a importância do EGCG no tratamento de tumores já tenha sido revelada por estudos anteriores, este trabalho se diferencia pelo fato de que os cientistas descobriram o porquê dessa reação. Segundo os autores, a substância pode destruir as células cancerígenas ao desencadear um dano às mitocôndrias, organismos responsáveis pela produção de energia. Diferente das partículas benignas, que seriam fortalecidas pelo EGCG. A pesquisa foi feita com a análise dos dois tipos de células, vistas isoladamente.
De acordo com o cirurgião oncologista e diretor do Departamento de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do A.C.Camargo Cancer Center, Luiz Paulo Kowalski, alguns trabalhos evidenciam que o benefício do chá verde pode ser antecipado, já atuando como elemento de prevenção do câncer.
"O chá verde possui substâncias naturais com efeitos antixodiantes, que podem proteger as células dos danos provocados por agentes com potencial carcinogênico", explica o cirurgião oncologista.
Com um consumo em expansão no Brasil, vários países podem se beneficiar caso o estudo da Penn State se confirme. "Nas regiões com a cultura do chá verde, essa reação torna-se bastante interessante. Além dos antioxidantes, essa bebida é considerada atrativa por ser natural", afirma Kowalski.
Ainda segundo o especialista, utilizar o chá verde como um dos componentes no tratamento do câncer de boca poderia trazer menos sequelas quando comparado aos efeitos colaterais decorrentes da quimioterapia isolada. Porém, pondera Kowalski, as pesquisas apresentaram apenas resultados teóricos e necessitam de mais estudos, principalmente em serem vivos, para se tornarem conclusivas e comprovarem sua eficácia.
Consultoria: A.C.Camargo Cancer Center
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