Os transtornos mentais são considerados problema de saúde pública, e os dados reforçam o motivo. Só em 2019, quase um bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adolescentes do mundo – viviam com algum tipo de transtorno mental, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado pelo Ministério da Saúde. Sendo assim, não há dúvida sobre a importância acerca desse assunto.
Embora a saúde mental pareça um tema popular, a desinformação a permeia. Entre os diversos fatores que podem comprometê-la, a alimentação é um dos principais deles, mas poucos se preocupam com essa relação, visto que ainda é desconhecida por muitos.
Carlos Eduardo Portela, diretor do núcleo de nutrologia da Human Clinic, explica que o intestino vai além da responsabilidade de digestão, absorção e transporte de nutrientes para o organismo. Considerado o segundo cérebro do corpo humano, o órgão tem “papel de importância na regulação e manutenção da saúde de todo o corpo e da mente”. “Tem uma íntima relação com nosso sistema nervoso, sendo responsável pela regulação de apetite, níveis de energia, emoções, atitudes, aprendizado e memória”, informa o nutrólogo.
Para exemplificar a relação entre o intestino e a saúde mental, o especialista destaca a reação do organismo em eventos estressantes, podendo resultar em sintomas como dor de barriga, náuseas, diarreia, alterações de humor e irritabilidade. “Nosso intestino é responsável pela produção de quase 90% da serotonina, importante neurotransmissor relacionado ao gerenciamento do humor”, complementa.
“O que colocamos para dentro do corpo é diretamente proporcional ao nível de rendimento dessa máquina [organismo]. Se colocamos óleo diesel em um carro a gasolina, iremos esperar que esse carro não funcione ou que ele funcione de forma lenta. Mas se colocamos gasolina, ou seja, comida de boa qualidade, o rendimento desse carro tende a ser melhor”, exemplifica Portela.
Considerando as explicações do profissional, além de diversos estudos que reforçam tais informações, é fato que a alimentação pode influenciar na saúde mental. Portanto, ter atenção à dieta pode evitar ou promover melhorias nos transtornos mentais.
Qual dieta seguir para ter uma boa saúde mental
O neurocientista e mestre em psicologia Fabiano de Abreu Agrela destaca que alimentos e substâncias inflamatórias (ultraprocessados, frituras, açúcares, farinha branca, álcool, entre outros) em excesso podem ser os grandes “vilões” da saúde mental.
Para melhor manutenção da saúde mental, Agrela indica seguir a “dieta do mediterrâneo e japonesa, além do consumo regular de alimentos com alto teor de potássio e triptofano, ricos em antioxidante, como banana, mamão, kiwi, abacaxi, frutas vermelhas, frutas cítricas, brócolis e vegetais folhosos escuros”.
Ambos os especialistas concluem que, embora a alimentação tenha um papel fundamental para manter a boa saúde mental, é indispensável outras boas práticas de saúde geral, incluindo terapia, atividades físicas, qualidade do sono e, em alguns casos, uso de medicamentos.
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