Sem chuva há 27 dias, a cidade de São Paulo teve em setembro seu mês mais seco desde 2014, com a umidade do ar chegando ao nível alarmante de 19%, considerado estado de alerta pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, este foi o setembro com maior média de temperatura desde 1961: 29,6ºC, seis graus acima da média histórica para o mês. Isso seria considerado normal em um mês de alto verão como janeiro ou fevereiro.
Os efeitos do mês seco e de temperaturas atípicas é visível na maioria da população paulistana. Cresceram na cidade os casos de queimaduras por conta do sol, alergias respiratórias, sensação de 'areia' nos olhos, garganta seca, pele coçando e dor de cabeça, sinais claros no corpo da falta de umidade no ar. A dermatologista Fernanda Porphirio conversou com o E+ e deu dicas de como evitar essas manifestações.
“A estratégia básica para combater os efeitos do ar seco é hidratar o corpo e umidificar o ambiente”, diz a dermatologista. “Beber líquidos e lavar o nariz e os olhos com soro fisiológico também ajudam a prevenir e aliviar os sintomas. No rosto, use sempre um creme com filtro solar adequado ao seu tipo de pele”, continua.
O efeito do tempo seco sobre a pele pode causar rachaduras e feridas, além de dermatites, como descamação, vermelhidão e coceira. "Costas e rosto possuem mais glândulas sebáceas e sofrem menos [com o ar seco]. As regiões que não produzem secreção sebácea, como braço e perna, chegam a descamar. As pessoas que naturalmente possuem a pele mais seca, como idosos, crianças e mulheres que estão no período pós-menopausa precisam de mais cuidados”, explica Fernanda. Óleos e hidratantes podem garantir a hidratação, mas, para quem já costuma ter a pele seca, a dermatologista recomenda passar óleo de amêndoa com a pele ainda úmida, o que facilita a absorção.
“Uma pessoa idosa pode passar óleo de amêndoa no rosto, já um jovem pode ficar com óleo demais, o que causa espinhas”, alerta. “No caso dos hidratantes, quem tem pele mais seca e mais grossa pode usar um com consistência mais espessa e quem tem uma pele mais oleosa deve usar os mais fluidos e leves à base de ureia, que melhoram o ressecamento mas não deixam pele melecada”, dá a dica.
Também é importante evitar banhos muito quentes e longos. “O uso de buchas, sejam naturais ou artificiais, não é recomendado porque elas removem o pouco de oleosidade natural da pele e facilitam a dispersão de bactérias”, afirma a doutora. Ela recomenda que, para lavar o corpo, o mais indicado são os sabonetes neutros baseados em glicerina ou os infantis com pH neutro.
“Após o banho, é importante reforçar o uso de cremes hidratantes, pois eles ajudam a equilibrar a umidade natural do corpo”, alerta a doutora. “O hidratante não precisa ser caro para ser bom. Basta ter propriedades umectantes, óleo, ceramidas e algumas vitaminas”, indica. “Não esqueça os pés, joelhos, cotovelos, as mãos, unhas e cutículas, porque ressecamento nestas áreas facilita a entrada de bactérias”, completa Fernanda.
*Estagiário sob a supervisão de Charlise Morais
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