Melatonina sintética pode auxiliar no combate aos distúrbios do sono

Hormônio sintetizado é recomendado por médicos para pessoas que têm insônia ou trabalham durante a noite

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Foto do author Priscila Mengue
Hormônio sintetizado é recomendado por médicos para pessoas que têm insônia ou trabalham de noite Foto: Kenji Honda/AE

Décadas atrás, poucas eram as atividades realizadas no período noturno. Em geral, escuridão era sinal de que estava na hora de dormir. Contudo, com o avanço da tecnologia, esse cenário se modificou, de modo que o momento de descanso é cada vez mais atrasado para o fim do dia. 

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Os impactos são inúmeros, pois, sem escuridão, fica comprometida a produção da melatonina, hormônio essencial para o pleno funcionamento do organismo. Para resolver esse problema, especialistas apontam o consumo da melatonina sintética como uma das soluções.

A deficiência ocorre porque a substância é secretada pela glândula pineal, na parte central do cérebro, apenas em ambientes escuros. Como a glândula está diretamente ligada à retina, até mesmo a exposição prolongada ao uso de telas luminosas pode atrapalhar a produção do hormônio. Por isso, é recomendável esperar uma hora para dormir após utilizar eletrônicos como tablets, computadores e celulares - conforme explica o vice-presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Márcio Mancini. “O ambiente de descanso deve ter o mínimo de luz possível, até luzes LED de um rádio-relógio podem afetar”, ressalta.

Segundo o médico, a melatonina sintética é absorvida pelo organismo da mesma forma que a versão produzida naturalmente pelo corpo. Por isso, ela é a opção mais recomendada para pessoas com distúrbios do sono, como insônia, e também para quem trabalha durante a noite ou viaja constantemente, sofrendo com “jet lag”. “O consumo não precisa ser contínuo, pode ocorrer durante alguns dias para a pessoa se adaptar a uma mudança de horário”, exemplifica.

Além disso, Mancini ressalta que a quantidade de melatonina no organismo varia de acordo com fatores variados. No inverno, por exemplo, ela costuma ser mais elevada que no verão, pois as noites são mais longas. Além disso, a produção é afetada com o avanço da idade, de modo que um idoso de 70 anos tem cerca de 20% da quantidade de melatonina de um adulto jovem. 

A luminosidade atrapalha a qualidade do sono Foto: Monica Nobrega/Estadão

Outros benefícios. Por melhorar o sono, a melatonina consequentemente influencia na desaceleração do envelhecimento, na capacidade cognitiva, na manutenção da memória e no desenvolvimento de diversas doenças. Como observa o médico Sandro Ferraz, grande parte das pessoas com dificuldades para dormir não consegue chegar à fase 2 do sono, na qual são liberados hormônios importantes, como o GH (hormônio do crescimento) e a testosterona. “O sono está ligado ao processo de cura, de reparação, ele tem ação antioxidante, antienvelhecimento, só traz benefício, engloba tudo”, explica.

Segundo o médico, a melatonina é recomendável por especialistas porque seu consumo em quantidade correta não causa efeitos colaterais, diferentemente de outras opções indicadas para distúrbios do sono, como calmantes e antidepressivos, que podem causar dependência. 

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Situação no Brasil. A comercialização da melatonina no País está sob análise, desde outubro de 2015, na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com a instituição, é permitida apenas a importação do produto para consumo individual, por meio de compra em site estrangeiro ou em viagens ao exterior mediante a apresentação de receituário médico. 

Uma decisão judicial concedeu, contudo, a autorização de importação e comercialização da substância pela Active Pharmaceutica, do Distrito Federal, para utilização na manipulação de medicamentos. 

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