Tremor essencial: entenda a doença diagnosticada em Djavan e Caetano Veloso

Neurocirurgião explica causas e quais tratamentos adequados para amenizar o transtorno de movimento considerado o mais comum do mundo

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Por Thaíse Ramos
Atualização:
Djavan eCaetano Veloso. Foto: Instagram/@djavanoficial

O cantor Djavan, 73, contou em recente entrevista ao jornal O Globo que sofre de tremor essencial. No mesmo período, Caetano Veloso, 80, surgia em uma live com os filhos tremendo os dedos enquanto dedilhava o violão. Após a repercussão do que o cantor tinha, foi revelado que ele sofre do mesmo transtorno de movimento considerado o mais comum do mundo.

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“Tive tremor essencial, fui medicado e estou curado. Alguns têm nas mãos, outros nas pernas. Tive na cabeça. Era complicado porque você aparece e aquilo já vem à tona, dá para ver de cara. E é emocional. Se você está preocupado, se acentua. É uma disfunção provocada pela carência de sono. Quanto menos você dorme, mais propensão ao tremor essencial você tem. Nunca fui o sujeito que mais dormiu na vida. Estou melhor agora”, disse Djavan à publicação. 

O Estadão conversou com o neurocirurgião Felipe Mendes, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e MBA executivo em gestão em saúde pelo Hospital Albert Einstein, em São Paulo, que explicou sobre tremor essencial, bastante confundido popularmente com o mal de Parkinson.

"A definição mais atualizada determina que é um quadro de tremor de ação, notado quando se movimenta bilateral, afetando principalmente os membros superiores por pelo menos três anos. Pode estar presente em outras localizações como pescoço ou cordas vocais", informa.

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"É um dos distúrbios de movimento mais comuns nos adultos, mas também pode afetar crianças. Como a expectativa de vida tende a aumentar, espera-se um aumento na incidência desse tipo de doença. Afeta ceca de 1% da população e cerca de 4% a 5% das pessoas a partir de 65 anos", continua o neurocirurgião.

Tratamento

Os medicamentos são a primeira linha de tratamento, segundo o especialista. "É importante considerar que casos leves, sem muita repercussão na qualidade de vida das pessoas, pode ser apenas acompanhado sem a necessidade de medicamentos. Para os casos graves, sem melhora com medicação e com piora progressiva, existe a possibilidade de um procedimento cirúrgico chamado DBS - estimulador cerebral profundo. Por meio de um pequeno corte, um eletrodo, uma espécie de chip, é colocado em alvos específicos dentro do cérebro, com boa resposta no controle do tremor", informa Mendes.

Como diferenciar do mal de Parkinson do tremor essencial? O neurocirurgião explica: "Um dos grandes medos de quem desenvolve um quadro de tremor é pensar que está com a doença de Parkinson. Apesar de compartilharem esse sintoma em comum, o Parkinson vem acompanhado de outros sinais como a bradicinesia - lentificação dos movimentos - e a rigidez - sensação de que as articulações e movimentos estão travados. O mal de Parkinson possui um caráter mais progressivo, pode levar a mais sintomas sistêmicos como alteração da marcha e alteração postural da pressão arterial, além de declínio cognitivo. Um dado curioso é que pessoas portadoras de tremor essencial costumam melhorar os sintomas após consumo de bebida alcoólica e pioram bastante em situações de tensão ou ansiedade".

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