Na publicação "Cultura de paz: da reflexão à ação; balanço da Década Internacional da Promoção da Cultura de Paz e Não Violência em Benefício das Crianças do Mundo", a UNESCO resgata que, em 20 de novembro de 1997, as Nações Unidas proclamaram o ano 2000 como o Ano Internacional da Cultura de Paz, marcando o início de uma mobilização mundial e de uma aliança global de movimentos existentes, para transformar os princípios norteadores da cultura de paz em ações concretas.
"A cultura de paz está intrinsecamente relacionada à prevenção e à resolução não violentados conflitos. É uma cultura baseada em tolerância e solidariedade, uma cultura que respeita todos os direitos individuais, que assegura e sustenta a liberdade de opinião e que se empenha em prevenir conflitos, resolvendo-os em suas fontes, que englobam novas ameaças não militares para a paz e para a segurança, como a exclusão, a pobreza extrema e a degradação ambiental. A cultura de paz procura resolver os problemas por meio do diálogo, da negociação e da mediação, de forma a tornar a guerra e a violência inviáveis", escreve Marlova Jovchelovitch Noleto, na abertura da publicação, publicada em 2010.
São apontados inúmeros conflitos, como os armados e lutas civis, deterioração do meio ambiente, no excesso de população, na competição por recursos de água doce, na desnutrição e na flagrante desigualdade econômica e social não só entre os países, como também internamente a estes, devido a modelos de desenvolvimento concentradores de renda e excludentes.
Ainda segundo Marlova, substituir a secular cultura de guerra por uma cultura de paz requer um esforço educativo prolongado para modificar as reações à adversidade e construir um modelo de desenvolvimento que possa suprimir as causas de conflito.
Pedagogia da Convivência
O compromisso pela promoção da cultura de paz é do Estado e de toda sociedade. Em relação à educação, a publicação menciona a importância dos conteúdos de uma Pedagogia da Convivência, com referências distintas. São mencionados aspectos como os direitos humanos como marco regulador de convivência; o respeito; o diálogo; a solidariedade; a não violência; a aceitação da diversidade; a felicidade, entre outros.
Na publicação, David Adams; especialista em mecanismos cerebrais do comportamento de agressão, cultura de paz e psicologia para pacifistas; menciona que, em 1999, a ONU adotou o Programa de Ação para uma Cultura de Paz com base em oito eixos: cultura de paz por meio da educação; economia sustentável e desenvolvimento social; compromisso com todos os direitos humanos; igualdade de gênero; participação democrática; compreensão, tolerância e solidariedade; comunicação participativa e livre fluxo de informações e conhecimento; e paz e segurança internacional.
"A violência também é parte da educação para uma cultura de guerra. Assim, precisamos encontrar uma forma de educar para a paz, um modelo que acredite na não violência, na transformação da consciência", diz.
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