O nome de Paula Magalhães se espalhou pelo Brasil depois de ela receber Sabrina Sato em uma das casas que comprou por apenas 1 euro (cerca de R$ 5,30, na cotação atual) em uma cidade do interior da Itália.
A arquiteta de 36 anos, natural de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, apareceu no quadro Essa Eu Quero Ver, comandado pela apresentadora no Fantástico, no último domingo, 15, e contou um pouco de sua história.
A visita aconteceu em julho e Paula precisou guardar segredo até a exibição do programa. O Estadão conversou com a arquiteta para saber mais sobre as casas de 1 euro, como elas estão agora e qual será o investimento necessário para reformar os imóveis.
Casas de 1 euro
Em 2018, Paula resolveu sair do Brasil para perseguir o sonho de morar na Itália. Em 2020, no início da pandemia de covid-19, ela já estava estabelecida no país e morando na região da Calábria, quando encontrou na internet um edital que vendia casas por 1 euro na cidade de Taranto.
Neste tipo de edital, a pessoa que deseja adquirir o imóvel apresenta um projeto para reformar o local. A reforma é obrigatória para a compra por esse valor.
“Fiquei super empolgada e decidi participar. Um dia vim a Taranto, cidade onde moro hoje, e vi o que tinha que fazer para participar”, conta. Não deu certo, mas ela gostou tanto do lugar que decidiu se mudar. Arranjou um emprego em um escritório de arquitetura e, na segunda tentativa, passou no edital e conseguiu comprar a casa.
Depois disso, Paula foi chamada por um cliente para ver outros imóveis na cidade de Limosano. Fez um projeto para uma das casas, mas ele acabou caindo nas mãos do dono do espaço, que a chamou para uma conversa. “Ele achou tão bonito o projeto que ele queria que essa casinha fosse minha”, lembra.
Conversando com o homem, ela foi convencida a comprar a casa e a mais uma, que ficava ao lado. As três, ao todo, estão com projetos prontos, mas ainda precisam ser reformadas, o que exigirá um investimento bem maior do que apenas 1 euro.
Como estão as casas hoje?
“A situação atual das casas é caos, terror e glória”, brinca Paula. A casa de Taranto é, na verdade, um prédio de três andares que já tem mais de 200 anos. “Por dentro, eu sei que ela é bem detonada, mas não é como a maioria das casa de 1 euro que eu conheço. Por estar no centro histórico, é bem melhor”, explica.
Segundo a arquiteta, ela ainda não tem valores exatos, mas estima que, para uma reforma básica da casa, seria necessários cerca de 60 mil euros (aproximadamente R$ 321 mil). O plano de Paula é tornar o prédio uma mostra de arquitetura e decoração.
Uma das casas de Limosano está em melhor estado, segundo Paula. Ela estima que o local, que também tem três andares, precise de uma forma mais simples, que deve custar cerca de 20 mil euros (R$ 107 mil). “Trocar janela, consertar piso, fazer tubulação hidráulica e elétrica”, explica.
A terceira casa é menor e também deve ter um custo baixo comparado à de Taranto. “No projeto, eu fiz como se fosse um loft, porque antigamente ela era um comércio, então ela tem um pé direito bem alto”, diz a arquiteta. Ela estima que a reforça fique entre 10 e 15 mil euros (entre R$ 53 mil e 80 mil).
Paula ainda conta que está participando de um novo edital para adquirir um prédio de 9 apartamentos por apenas 1 euro. Ela quer levar um pouco do Brasil e da natureza com que cresceu para os imóveis que vai reformar na Itália.
“Daqui a alguns bons anos, depois que a gente fizer vários projetos aqui em Taranto, queria te falar assim: ‘quando chegamos aqui era tudo pedra, e agora é tudo mato’. Porque vamos fazer vários projetos e a gente quer sempre colocar natureza, verde, as cores e a nossa energia do Brasil”, diz.
*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais
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