O negócio de Zak Peters começou quando ele percebeu que as plantas de cannabis no porão de sua casa em Massachusetts (EUA) pareciam crescer melhor quando ele tocava música para elas. “Não sei por quê, mas elas amavam Radiohead demais”, ele diz. “Eu tinha uma planta - - devo ter conseguido um quilo e meio com ela, e eu praticamente colocava o In Rainbows em loop para ela.
A flora parecia ser um público entusiasmado, então, no início da pandemia, quando a maioria das apresentações musicais ao vivo foi cancelada e os locais fechados, Peters começou a convidar bandas locais para tocar para as plantas.
“Eu imaginei que as bandas não podiam tocar para pessoas, mas poderiam tocar para plantas”, ele diz.
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Quando Peters se mudou para Austin em 2021, a ideia cresceu. Bandas e locais por toda a cidade contrataram sua empresa, Play to the Plants (“Toque para as plantas”, em português), para cobrirem os palcos com plantas caseiras de todas as formas e tamanhos. É mais do que apenas decoração, ele diz.
“As pessoas simplesmente amam a ideia de tocar para as plantas”, diz Peters. “É calmante e apenas faz as bandas se sentirem bem.” Isso também faz as plantas se sentirem bem, pelo menos na estimativa de Peters. “Nunca tivemos uma planta que morreu”, ele diz. “Na verdade, elas tiveram um melhor crescimento.”

Mesmo se você não está levando suas plantas para shows, pode haver algum benefício em expô-las à música. Vários serviços de streaming agora oferecem playlists e canais criados visando melhorar o crescimento das plantas, e embora os cientistas não possam dizer com certeza se funciona, provavelmente não pode fazer mal.
Vida em uma ‘vibrosfera’
As plantas respondem ao som. Isso, pelo menos, é ciência estabelecida. Os pesquisadores descobriram que as plantas sentem vibrações e reagem a elas. Quando Heidi Appel, ecologista química e professora de biologia na Universidade de Houston, e seu colega, Rex Cocroft da Universidade do Missouri, replicaram o som de uma lagarta mastigando, as plantas sentiram essas vibrações e aumentaram suas defesas químicas. Eles concluíram que era uma prova de que as plantas respondem diretamente aos ruídos.
De fato, Appel diz, as plantas (e todos os seres vivos) estão constantemente cercados por ondas sonoras e vibrações. Cientes disso ou não, ela diz, todos vivemos em uma “vibrosfera”, uma atmosfera de vibrações naturais que os humanos podem nem mesmo notar. “As plantas são muito responsivas a tudo no ambiente”, ela diz. “Então, quais sons são importantes para as plantas? Gotas de chuva, provavelmente. E polinizadores, talvez herbívoros.”
As plantas podem responder aos ruídos ao seu redor de várias maneiras, ela acrescentou. Um estudo descobriu que quando flores de onagra marítima eram expostas ao som de um inseto voando, elas produziam um néctar mais doce quase imediatamente.

Mas, é claro, as plantas não têm ouvidos, ou estruturas físicas para receber som através do ar, então elas não ouvem. Não realmente. E se elas se saem melhor quando expostas a um certo tipo de som ou gênero musical é menos claro, embora tenha sido bastante estudado.
Nos anos 1970, Dorothy Retallack, uma estudante de graduação na Colorado Women’s College, realizou um conjunto de experimentos expondo plantas a vários tipos de música. Suas descobertas - que sugeriam que as plantas não gostavam de música rock; gostavam de música pop calma, jazz e composições clássicas do norte da Índia; e toleravam música de Bach e Sitar Music - foram publicadas em um livro chamado The Sound of Music and Plants [“O Som da Música e das Plantas”]. Apesar do fato de que o experimento de Retallack foi possivelmente mal projetado, e que suas descobertas não foram replicadas, o livro é frequentemente citado como prova científica das preferências musicais das plantas.
Pesquisas dos últimos anos sugerem que as plantas se inclinam para sons tocados em certas frequências, e em um estudo recente, cientistas japoneses expuseram algumas plantas de rúcula a Jimi Hendrix e outras a Mozart. Embora o estudo não tenha examinado qual seria “melhor” para as plantas, ele descobriu que a estrutura celular das plantas era diferente dependendo de qual música havia sido tocada para elas.
Estamos apenas começando a entender como o som e a música podem afetar as plantas, diz Appel, mas “haverá usos agrícolas para isso no futuro, à medida que entendermos melhor.”
Playlists para plantas
Independentemente da ciência por trás disso, há muita música sendo feita para plantas. Vários grandes serviços de streaming lançaram canais dedicados a elas, e todos têm estilos diferentes, então escolher a opção certa pode depender muito da personalidade das suas plantas.
O canal Music for Plants da rádio SiriusXM é pesado nos instrumentais conduzidos por cordas, para plantas românticas que apreciam uma trilha sonora de filme de fantasia arrebatadora ou um musical de Andrew Lloyd Webber.
Na Apple Music, artistas incluindo Hortus Botanist e Audioponics oferecem ambientações de sintetizador para plantas que apenas querem relaxar, sabe?
E então há a playlist Hardcore Gardening do Spotify.
No ano passado, o serviço de streaming fez uma parceria com Chris Beardshaw, um horticultor e locutor que mora na Grã-Bretanha e supervisionou um estudo no qual plantas expostas ao punk hardcore cresceram “muito mais robustas” em comparação com plantas cultivadas em silêncio ou expostas à música clássica. As plantas que foram “bombardeadas” pelo hardcore, ele diz, “eram as mais baixas, mas as mais fortes e resilientes, com a menor incidência de pragas ou doenças.”
Em outras palavras, se você quer cultivar as plantas mais duronas no mosh pit, coloque a playlist, que começa com Black Flag e mantém a energia com músicas de Bane, Have Heart e todas as outras bandas mais barulhentas que você possa imaginar.
“Sabemos que 100 decibéis, para a maioria das plantas, é mais ou menos o nível certo para provocar uma reação significativa”, diz Beardshaw. “E uma das coisas que você encontra com a música hardcore é a natureza repetitiva da batida, e o volume intenso em que é tocada.”
Beardshaw às vezes escuta hardcore, mas suas próprias plantas não estão em uma dieta exclusivamente punk. “Meu escritório está cheio de plantas”, ele diz. “Eu tenho oliveiras mediterrâneas e árvores cítricas. Eu tenho mangas, tenho várias suculentas e plantas de todo o mundo. A música que eu toco depende do tipo de trabalho que estou fazendo, e eu não ouço reclamações das plantas.”
Se você não é fã de hardcore - ou de qualquer outro estilo musical supostamente benéfico para as plantas - não sinta que tem que suportar isso. Na verdade, diz Justin Hancock, diretor de pesquisa e desenvolvimento no viveiro da Flórida Costa Farms, tocar uma música você não gosta pode ser prejudicial. “Se você não é fã de música country”, ele diz, “não toque country para suas plantas. Trata-se de você como o pai ou mãe da planta, e a conexão que isso te dá para ter essa experiência sensorial com elas.”

Se você está ouvindo música de que gosta, ele continua, é mais provável que você passe tempo extra com suas plantas e esteja mais envolvido. “Há muitos benefícios em estar de bom humor quando você está fazendo algo”, ele diz. “Plantas são seres vivos, e elas respondem a você. Se você prestar mais atenção, elas dão mais de volta para você.”
Appel não tem certeza de que as plantas se importam com seus cuidadores - ou, por falar nisso, com sons que não estão relacionados a predação, polinização ou fotossíntese - mas isso não significa que você não deva ouvir sua música favorita com elas de qualquer maneira.
“Eu realmente não acho que elas estão prestando atenção em você”, ela diz, “mas se você está se identificando com suas plantas ao compartilhar algo que é importante para você, você pode acabar cuidando melhor delas.”
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