Com fogões praticamente colados à mesa de jantar e pias a, no máximo, poucos passos, os espaços destinados às refeições apresentados por
Casacor 2019
são, antes de tudo, compactos. Ambientes como a sala de jantar e a copa, que costumavam se separar da
cozinha
por meio de paredes e divisórias, surgem agora fundidos a ela, priorizando a funcionalidade que a prática culinária exige. E a atmosfera nostálgica e familiar de se comer ao redor do fogo.
Antenado com essa volta às origens, o arquiteto Gustavo Neves, que assina o projeto da Casa Sumē, foi explorar e recuperar os modos, costumes e conhecimentos presentes na história milenar de diversos povos. “Pretendi trazer aos olhos do visitante aspectos esquecidos de sua própria cultura, fazendo um resgate de técnicas de construção e organização espacial ancestrais”, explica o profissional. “Acredito que os hábitos milenares de todas as comunidades devam ser valorizados”, diz.
Engana-se, no entanto, quem supor que tal gênero de composição deixa de preservar traços contemporâneos, capazes de conectar o passado ao presente. Além de preservar a herança de nossos antepassados, a casa de Neves preza pela praticidade ao eliminar paredes ou qualquer tipo de barreira física.
“O ambiente como um todo se tornou uma área de contato possível entre o anfitrião e seus visitantes sem separações ou hierarquias. A começar pela liberdade que cada um passa a ter de preparar sua própria comida e servir a si mesmo”, resume Neves.
Por fim, vale destacar o método de construção completamente ecológico do projeto, que usou fardos de palha como elemento de vedação e isolamento térmico, e a aplicação da técnica da terra ensacada, processo no qual sacos de ráfia são preenchidos com argila proveniente de resíduos produzidos pela própria Casacor e moldados no local.
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