"Economizo de 15 a 30%, por mês, comprando frutas, verduras e legumes", revela nutricionista
Localizado na Vila Jacuí, zona Leste de São Paulo, o Centro de Recuperação e Educação Nutricional, do município de São Paulo, deu início ao Projeto CREN Mais Orgânico, no início de 2021. Realizado em parceria com o Instituto Kairós, o projeto substituiu os vegetais da merenda por itens orgânicos e de base agroecológica, conforme a Lei 16.140 de 2015, que prevê que até 2026 deve ser incluídos alimentos orgânicos ou de base agroecológica na merenda de todas as escolas municipais de São Paulo.
O espaço é público e recebe crianças de zero a cinco anos, com baixa estatura, excesso de peso ou baixo peso e funciona como um semi-internato, ou seja, os meninos e meninas passam o dia todo lá. Segundo o nutricionista do CREN, Adolfo Mendonça (na foto): "Eu economizo de 15 a 30%, em média, por mês, comprando frutas, verduras e legumes. O desperdício também é menor com estes alimentos porque podemos usar talos, cascas e folhas, e temos menos perda, porque eles duram mais".
Cadeia curta e diversificação de alimentos
Adolfo revela que quem deseja seguir o exemplo do CREN vai sentir a necessidade de fazer ajustes no cardápio para se adequar à produção orgânica: "Foi preciso substituir alimentos mais convencionais pelos que estão disponíveis, por exemplo, comprar inhame ao invés de batata, couve ao invés de alface". Para possibilitar essa adequação, foram implementadas mudanças na legislação que regulamenta a venda dos alimentos para as escolas do município, as compras agora são por grupos de alimentos (tubérculos, folhosos, legumes, temperos etc) ao invés de estabelecer um alimento específico, que pode não estar disponível ou em boas condições.
Parte dos vegetais são comprados no Mulheres do GAU (Grupo de Agricultura Urbana), que fica a 500 metros do local. Esta proximidade é um exemplo de cadeia curta, que colabora com a redução do excesso de veículos na cidade e, consequentemente, com a redução da poluição do ar.
Permacultura: produtividade e sustentabilidade para os espaços
A unidade do CREN Vila Jacuí abriga uma horta que funciona como uma ferramenta de educação ambiental e nutricional, além de compor a alimentação das crianças do CEI - Centro de Educação Infantil, que funciona dentro do local. Os pequenos acompanham os alimentos desde a plantação, participam dos cuidados e da colheita e os levam para a cozinha. Esse contato com a terra aumenta a aceitação dos vegetais no dia a dia deles.
O Projeto Horticultura no CREN teve início em julho de 2022. No mesmo ano, recebeu o certificado de reconhecimento da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde). A horta recebe cuidados diários das 'Mães GAE's - Guardiãs da Alimentação Escolar', que recebem uma bolsa da prefeitura de São Paulo.
A horta segue um conceito de permacultura, com cultivos diversificados nos canteiros, além do plantio de flores para favorecer as abelhas nativas sem ferrão e árvores nativas em grandes vasos, se aproximando de um sistema agroecológico. No local são produzidas verduras e temperos mais convencionais, como alface, couve, manjericão e hortelã e também muitas opções de panc (planta alimentícia não-convencional), como capuchinha, peixinho e ora-pro-nóbis.
Em dezembro de 2023, todas as folhas consumidas na unidade foram produzidas na horta, que também pode ser frequentada pela comunidade do entorno. Segundo Adolfo: "A horta é no CREN, não é do CREN, é de toda comunidade". Além dela, o local também conta com uma composteira, minhocário, cultivo de brotos, meliponário (espaço destinado à conservação de espécies de abelhas sem ferrão) e caixotes produtivos (doados para famílias da comunidade).
Alimentação, educação e ação social
Adolfo é facilitador no 'Ensinância da Gastronomia', um curso gratuito que compõe a'Uni_Diversidade da Quebrada', o projeto social também fica a poucos metros do CREN, na zona Leste de São Paulo. mesma comunidade a 'Uni_Diversidade da Quebrada', um projeto social que também fica a poucos metros do CREN. O nutricionista dá aulas para jovens e idosos da região e segundo ele: "Utilizo o alimento e o cozinhar como veículo de desenvolvimento pessoal e coletivo".
Vinte e três jovens da comunidade compõe um núcleo produtivo e vendem produtos como bolos, e pães para eventos, para gerar renda. "Já no grupo com os idosos chamado "Colo de Vó" são, em média, quarenta pessoas que todas as semanas celebram o encontro em torno do cozinhar", complementa Adolfo.
No Instagram da rede Conexão Solo Vivo, você encontra mais informações sobre a produção, a comercialização e o consumo de alimentos orgânicos e de base agroecológica.
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