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Uma alimentação consciente no paraíso da comilança

Mercado brasileiro se rende aos 5 milhões de clientes veganos e oferece opções para este público

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Por Juliana Carreiro

 

Pudim de abacate, suspiro sem ovo, brigadeiro sem leite de vaca, burguer de feijão, de quinoa ou de berinjela... torceu o nariz? Estas opções de doces e salgados feitos sem produtos de origem animal estão ganhando espaço por aqui. Existem hoje, no Brasil, 5 milhões de veganos e o comércio de produtos alimentícios tem se rendido a esta demanda crescente.

 

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As sobremesas veganas estão entre as tendências mundiais do ano. Esta é uma das conclusões do Relatório Global Pinterest 100. O Pinterest, é um aplicativo que mostra o que está em alta em diversas áreas das nossas vidas, como moda e gastronomia. Segundo o relatório, o número de ideias salvas sobre os docinhos que não levam ingredientes ligados aos animais cresceu 329% em 2018. Só no nosso País, esse aumento foi de 585%, nos últimos seis meses. Receitas como naked cake, torta de chocolate e brownie, estão entre estas tantas opções. Se antes parecia um bicho de sete cabeças encontrar uma comidinha gostosa sem esses elementos tão arraigados na nossa cultura, agora o que não faltam são receitas para fazermos a nossa versão deles. Certamente serão muito mais nutritivos que os originais e não irão causar danos nem aos animais, nem à nossa saúde.

 

Para ajudar os estabelecimentos a oferecer opções para este público e também para os vegetarianos e para pessoas com restrições aos ingredientes de origem animal, como o leite de vaca, a Sociedade Vegetariana Brasileira lançou em 2016 o programa Opção Vegana. A organização presta uma consultoria gratuita para os comerciantes interessados, com receitas, dicas de implementação dos novos produtos e divulgação. No site da SVB há também um guia gratuito para quem quer desenvolver, lançar e divulgar as suas opções veganas. O Programa está com 170 lojas parceiras. A novidade é a rede Empada Brasil, que acaba de lançar uma empada de cogumelos. No ano passado, a empresa criou um pastel vegetariano, mas, segundo a diretora de marketing, Gabriela Fernandes, "Nós rapidamente percebemos que as opções ovolactovegetarianas não seriam suficientes para dar conta do que o mercado estava pedindo. Chamamos a SVB para conversar e a consultoria foi muito importante para nós acertarmos um produto vegano, que agradará não apenas os veganos, mas o público em geral". De acordo com a gerente de campanhas da SVB, Mônica Buava, "Uma opção vegana, quando é boa, atende bem a todos. Ter boas opções veganas no cardápio não é mais apenas uma questão de consciência e sustentabilidade, hoje é também uma questão de sobrevivência para o mercado de food service no médio e longo prazo".

 

Aqui em São Paulo é cada vez mais comum encontrarmos opções veganas e vegetarianas em restaurantes e lanchonetes. Muitas hamburguerias estão se rendendo aos clientes e criando versões vegetais de seus burguers, com substitutos como feijão, cogumelos, grão de bico, quinoa e berinjela. É o caso da Basic Burguer, de acordo com o seu sócio-fundador, Alexandre Gatos, "Inauguramos em março de 2017 e temos tido muita procura, inclusive por clientes com estilo de vida vegetariano, quando ainda não tínhamos opções veggies em nosso cardápio muitos clientes perguntavam, ao acrescentarmos, pudemos ver o sucesso que faz. É claro que a demanda é muito menor do que os hambúrgueres tradicionais de carne, mas vemos que é uma tendência que está aumentando". Lá o burguer é feito com feijão, shimeji, quinoa e alho poró.

 

Pioneira neste mercado, a Superbom trabalha com produtos veganos há 50 anos no Brasil, em 2017 teve um crescimento de 8% no faturamento, na comparação com 2016, e segue com um lançamento médio de 20 a 30 produtos por ano, são queijos, cream cheeses, salgadinhos e sucos integrais, entre outros. No momento, está sendo desenvolvida uma linha de proteínas veganas e ovolactovegetarianas, segundo o diretor de marketing da empresa, David Oliveira, "O mercado de alimentação para estes públicos está em franca expansão, não apenas porque cada vez mais pessoas aderem à prática, mas também porque uma dieta saudável é uma necessidade para uma parcela da população que tem restrições alimentares. A empresa se preocupa em aumentar, cada vez mais o leque de produtos para o público vegano e vegetariano, visto que na atualidade é o principal perfil do consumidor da marca".

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Não é só a nossa comida que tem ganhado novas versões, agora até os animais de estimação terão uma marca de ração vegana. Os empresários Victor Ramos e Thais Lage de Almeida criaram as marca por uma razão pessoal, "Somos vegetarianos e apaixonados por nossos animais de estimação e tínhamos uma certa dificuldade de encontrar no mercado um conceito de alimentação natural e vegetariana para eles. Foi aí que criamos a Vegpet, um e-commerce de produtos de origem vegetal, "cruelty free" (não testados em animais) e biodegradáveis. Em 3 anos de atividade da loja, percebemos um bom retorno e uma crescente demanda por alimentação vegetal. Eram pedidos de entrega em estados em que não atuávamos e por alimentos vegetais para gatos, que ainda não existiam em nossa loja. Por isso, agora em 2018, investimos em uma nova linha de ração 100% vegetal, elaborada com base em uma versão europeia e com o apoio de uma equipe nutricional e de veterinários. BichoGreen vai ser lançada agora em março e terá uma versão para cachorro e uma para gato". As rações serão vendidas pela internet, mas a dupla tem planos de vendê-las também em lojas físicas.

 

O guia da Sociedade Vegetariana Brasileira está disponível para download em opcaovegana.svb.org.br/cartilha.pdf

 

 

 

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