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Dicas e curiosidades sobre animais

Como limpar cães e gatos em tempos de coronavírus?

Com a pandemia de Covid-19, muitos tutores de cães e gatos ficaram preocupados com a assepsia de patas, focinho e pelos. Mas quais os produtos adequados para limpeza do pet e da casa?

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Foto do author Luiza  Cervenka
Por Luiza Cervenka
Atualização:

Água e sabão são a melhor forma de limpeza - Matt Miller/Creative Commons Foto: Estadão

Ter um animal de estimação em casa é sinônimo de cuidado. Por terem o olfato muito mais apurado que o nosso, diversos produtos podem irritá-los. Da mesma forma, por andaram "descalços" em casa e lamberem as próprias patas, devemos nos preocupar como fazer a limpeza da casa. Tudo isso para garantir a higiene, mas também da saúde dos peludos.

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Outra grande questão é como fazer a assepsia dos pets nesse tempo de coronavírus. Isso porque muitos tutores passeiam com seus animais, mas não querem que eles carreiem o vírus para dentro da sua casa.

Segundo a médica veterinária e fundadora do PetCare, Carla Berl, quando temos crianças e/ou pets em casa, não são todos os produtos que podemos usar.

Produtos de limpeza tóxicos para pets

A veterinária aponta que os mesmos produtos que atacam a nossa pele, atacam a pele dos pets também. "No caso dos pets é pior, pois eles sentem, mas não conseguem dizer que está ardendo. Às vezes, levantam a pata ou tem comportamento que os humanos não compreendem" diz.

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Uma das coisas mais recomendada durante a pandemia é lavar o chão e fazer a limpeza de casa com hipoclorito, que é a água sanitária. Todavia, para quem pet e criança em casa é absolutamente desindicado.

Outro desinfetante comum, que causa muita intoxicação em animais de estimação é a criolina. Muito comum em cidades do interior, é utilizado para limpeza de calçadas, por ser um produto mais barato. Porém, é altamente tóxico para animais.

O mais indicado para limpar o chão da casa, segundo a Dra Carla, são os produtos com base de amônia quaternária. Existem várias marcas a venda nos petshops e lojas virtuais. "Não é para usar puro, deve ser feita a diluição certa, indicada na embalagem do produto" alerta.

A aplicação da diluição deve ser feita com pano. Todavia, os pets não devem pisar no chão de ambientes recém lavados. Somente com o chão seco. "O pelo vai segurar a substância e o animal pode lamber. De tanto lamber, pode causar uma dermatite, como se tivesse uma bolha ou um corte no pé" explica Dra Carla.

Muitos produtos são tóxicos para animais - Tony Alter/Creative Commons Foto: Estadão

Intoxicação por produto de limpeza

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Além de passar esses produtos tóxicos na casa, muitos tutores, com medo de serem infectados, têm passado nas patas nos pets. Apesar da amônia quaternária ser ótima para passar na casa, ela jamais deve ser aplicada no animal, mesmo que diluída.

Segundo a Dra Carla, ao usar produtos não recomendados ou tóxicos para animais, pode dar esofagite, gastrite, lesão de língua, dermatite, queimadura, intoxicação gastrointestinais, lesão renal, entre outras complicações.

"Percebeu que o coxim (almofadinhas das patas) está vermelho, que o animal está lambendo muito as patas ou partes do corpo, levantando a pata com frequência ou parou de comer, deve leva-lo imediatamente ao médico veterinário" aponta Dra Carla e continua "Às vezes, o excesso de cuidado e limpeza errada podem levar o cão a um ambiente com maior possibilidade de contaminação entre humanos".

Água e sabão é garantia de limpeza

Sabemos que o coronavírus é super sensível à água com sabão. Por isso, a indicação é lavar os coxins (as almofadinhas da pata) com água morna e sabão (sabonete líquido para criança ou shampoo pet), por 20 segundos. Enxaguar bem para não ficar com sabão nos pelos. Após, secar com a toalha. Não deve secar com o secador, pois, com o excesso de calor, pode queimar a pata.

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Para quem tem pet com pelos longos, que tocam o chão, a dica é usar uma camiseta para passear, a fim de evitar que encoste no chão ou em outras superfícies.

Limpeza das patas - OakleyOriginals/Creative Commons Foto: Estadão

Banho a seco mata coronavírus?

Segundo Salua Carolina Cataneo, dermatologista veterinária e gerente de produtos da linha Soft care do Grupo Pet Society, o banho a seco pode ser utilizado para higienizar as patas dos animais depois do passeio, porém ele não é eficaz contra o coronavírus! "Para quebrar a parede lipoproteica do vírus é necessário uma limpeza com um shampoo de uso veterinário, lavando as patas sempre que retornar do passeio" explica.

O banho a seco é uma opção para limpeza dos pelos daqueles pets que não estão tomando banho com tanta frequência. Com características bactericidas e fungicidas, o produto é focado no bem-estar e proteção do pet e serve também como manutenção do banho, já que as idas aos pet-shops diminuíram de forma expressiva.

Segundo Ana Carolina Vaz, CMO e fundadora da Dog's Care, há indicação do banho a seco para higiene após o passeio. "Assim como o shampoo, o nosso banho a seco tem efeito sabão e elimina o coronavírus, além de bactérias e fungos, devido a su composição" conta.

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Salua explica que a procura por produtos de higiene aumentou. "Os tutores estão cada vez mais preocupados não apenas prevenir contra o vírus, mas também manter os pets higienizados, já que os pet shops não estão dando banhos" relata.

A Vet Fórmula formulou um spray desinfetante com a porção ativa do hipoclorito de sódio a 0,1% e Tea Tree oil que é um antimicrobiano associados a um hidratante.

Segundo a marca, a fórmula é indicada para prevenção da infecção pela Covid-19 em pets, suas famílias, médicos veterinários e clinicas veterinárias. Esta solução desinfetante é indicada para limpeza das patas e itens (coleira, pingente, etc) dos animais após passeios. Todavia, o banho a seco da marca não tem garantia contra o vírus. O mesmo acontece com o lenço umedecido.

A limpeza das patas deve ser feita com água e sabão - OakleyOriginals/CreativeCommons Foto: Estadão

Álcool em gel

Um dos produtos mais indicados, quando não se pode lavar a mão, é a álcool em gel. Mas isso é para humanos. No caso de pets, apesar de algumas pessoas estarem usando, não é nada indicado. Precisamos sempre lembrar que pode ficar resquício do produto e o pet lamber. Isso sem falar no incômodo daquele cheiro forte.

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Segundo a Dra Carla, além da questão da possível ingestão, pode dar problema com a umidade que fica nas patas. Isso porque são poucos os tutores que passam pano ou toalha para retirar o produto das patas.

Para quem é super fã do álcool em gel e não abre mão, A CatMyPet, marca de produtos felinos, lançou a versão pet. Focado no combate e na prevenção do coronavírus para pets e tutores do Brasil, possui tecnologia catfriendly, que não agride o olfato dos animais. Isso porque em sua fórmula, há um blend de matérias primas puras e moléculas florais solúveis que suavizam as reações do bulbo olfatório.

A linha contém álcool gel para pets, com agente germicida que pode ser lambido, aroma suave e pode ser aplicado diversas vezes ao dia, ao longo de todo o pelo e patas do animal; álcool gel para tutores, sem o cheiro tradicional de álcool, e com fórmula hidratante para as mãos; e higienizador para casa dos gatos, também sem cheiro de produto de limpeza, não intoxica o animal, podendo ser usado inclusive para limpeza dos comedouros e bebedouros.

Apesar da marca ter seus produtos desenvolvidos de acordo com as especificações e necessidades dos gatos, a linha completa pode ser utilizada também por cães, que se beneficiarão da mesma forma com proteção à saúde do pet e de sua família.

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A experiência dos tutores

A fotógrafa Luciana Alvarenga e a estudante Maria Eduarda Freitas passeiam com seus cães duas vezes por dia e três a quatro, respectivamente. Ambas se preocupam com a assepsia dos peludos após o passeio.

Luciana, por morar em uma casa, chega do passeio vai direto para o quintal, para limpar as patas. "Fiz uma solução de sabão com água, borrifo nas patas, esfrego a solução (principalmente nas almofadinhas). Depois enxaguo com água morna e seco com a toalha" conta. Depois desse processo, ela ainda finaliza com o lenço umedecido. Tudo isso foi introduzido após o início da pandemia. Antes, ela só usava o lenço umedecido.

Luciana e seu cão Jack - Instagram: @jacksrdpittlata Foto: Estadão

Para evitar aglomerações, Luciana mudou a rotina dos passeios. "Diminui o tempo do passeio, estou saindo em horários que tenha menos movimento, não paro para conversar com ninguém, acelerei o ritmo, não deixo ele ficar parando muito para cheirar" relata e continua "tomando todos os cuidados necessários, é possível proporcionar um passeio saudável para o seu melhor amigo".

Já Maria Eduarda, usa água sanitária na casa e na sola dos sapatos. No cachorro, usa água com sabão nas patas e um pano úmido no corpo. Os hábitos de limpeza da casa aconteciam mesmo antes da pandemia, mas limpeza de sapato e cuidados com o cão, não.

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Luke, cão da Maria Eduarda - Instagram: eu_luke_goldenretriever Foto: Estadão

Ela buscou informações na internet. Mas, com tantas informações contraditórias, procurou vídeos de especialistas para se informar melhor. Com toda essa situação, Maria Eduarda tem medo do seu pet seja uma fonte de passagem do vírus para outras pessoas que tiverem contato com ele

Dra Carla aponta que as pessoas estão mais preocupar em lavar o chão do que usar máscara e luva na hora de sair de casa. "Ainda tem muita gente que não cuida do foco principal. A gente está tendo um excesso de cuidado. Os cães podem carrear muita coisa para dentro de casa e por anos ninguém se preocupou com isso" desabafa.

Segunda a veterinária, o vírus não tem uma longa duração no chão de cimento, por não suportar a porosidade. Mas quando falamos em outros materiais, como plástico, vidro, inox, a duração do vírus é muito maior" explica.

Dra Carla sugere evitar grama ou terra, por serem locais que guardam mais as bactérias, fungos e vírus, quando comparados à calçada. "As pessoas são mais facilmente contaminadas por uma embalagem mal lavada, do que com a pata do cachorro" finaliza.

A higienização deve ser feita, mas sem neuras e sem submeter os animais a riscos. E não apenas devido ao novo coronavírus, mas como uma rotina eterna. Tomando todos os cuidados (com humanos e cachorros), podemos passear com nossos peludos sem medo.

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