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Dicas e curiosidades sobre animais

Dia do médico-veterinário, dia de celebrar o amor

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Foto do author Luiza  Cervenka

 

Homenagem aos médicos-veterinários em nome do meu gato Félix - Foto: Luiza Cervenka

Quero pedir licença, meu caro leitor, para utilizar esta humilde coluna, para homenagear oito profissionais em específico. Oito médicos-veterinários que merecem todo meu carinho, meu respeito, minha admiração e minha gratidão.

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O post de hoje é para contar a história do meu gato, Félix, e de como esses oito profissionais foram fundamentais, cada um no seu momento. E gostaria de homenagear todos os médicos-veterinários, ao se enxergarem no mesmo local de cuidado.

Prometo que vou guadar meu rancor das formações de baixa qualidade e profissionais que saem com pouco conhecimento dos mais de 500 cursos de medicina veterinária do Brasil. Volto a escrever sobre isso outro dia. Hoje é para ser leve, um dia para celebrar o amor.

Em 2008 eu regatei um gato preto. Ele tinha uma fratura exposta horrorosa, que sei lá Deus como a Viviane Coupê conseguiu consertar. Na sua clínica, em Natal, no Rio Grande do Norte, não só ela recuperou a pata do gato, como manteve a funcionalidade de todos os dedos. Minha primeira homenagem vai ser a ela, que cuidou de uma bola de pelos lotada de sarna, carrapatos e mais um monte de problema. Foi tanto amor (e técnica, obviamente), que o Félix cresceu pulando, brincando, saltitando, como qualquer gato. Félix seguiu sendo seu paciente até 2010, quando nos mudamos para São Paulo. Mas não pense que foram dois anos só de vacinas. O gato Félix aprontava demais e adorava gastar suas vidas. Só com a Viviane, acho que foram umas três. Uma delas com a doença da lagartixa (platinosomose felina, causada pelo verme Platynosomum fastosum), eu realmente achei que ele fosse morrer...

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Na cidade de pedra, reencontrei a veterinária da minha cachorra falecida, a Cristiane Astrini. Além de clínica geral, ela também é homeopata e a louca dos gatos. A adaptação do Félix a um kitnet de 27m2 não foi fácil. Precisamos de muita ajuda (na época eu não tinha conhecimento nenhum sobre comportamento de gatos), não só na parte comportamental, mas na parte clínica. Félix vivia doente, com crises de rinotraqueíte. Mas era a Cris que segurava cada situação delicada.

Cansados, nos mudamos para o interior. E foi aí que descobrimos uma especialista em Felinos, a Vanessa Zimbres. Nossa vida mudou! Félix se tornou um gato saudável, com exames em dia, boca e dentes perfeitos. Por ser uma cidade pequena, a relação de veterinária e cliente evoluiu para uma grande amizade. O cuidado com o Félix era profissional e pessoal. E olha que o gato dava trabalho. E eu, tutora neurastênica, também. Foram muitas idas e vindas da clínica, internações, unhas faltando, vômitos e por aí vai.

E no meio de uma mudança (literalmente. Era móvel sendo desmontado, mala sendo montada...), a Sofia Dressel Ramos apareceu com a sua mala de atendimento comportamental, sua prancheta recheada de perguntas e toda sua atenção, para atender e entender o Félix, no processo de adaptação a uma nova realidade. Ela e suas gotinhas mágicas (homeopatia) seguiram o Félix até o último momento, dando trabalho para repertorizar a medicação a cada mudança de saúde e comportamento.

Mas foi em Jundiaí que conhecemos o Carlos Geraldo Jr e a Karina Fogaça, ambos especialistas em felinos e em tutoras malucas, como eu. Qualquer espirro, emagrecimento, eu corria para a clínica. Até que um dia, o Félix começou a emagrecer muito, vomitar demais. Fizemos uma bateria de exames e nada. Mas ninguém desistiu. Seguimos com a investigação minuciosa e com atenção total dos vets. Félix estava com câncer, um linfoma alimentar. Começamos quimioterapia, todo tratamento necessário. O gato ficou ótimo. Mas ele adorava dar uns sustos. E lá corria eu para a clínica.

Chegou ao ponto de um dia eu chegar para a Karina e falar "meu gato não está bem, ele não me recebeu na porta". E a Karina entender o nível de loucura que um tutor de gato pode chegar. Ela poderia muito bem ter me receitado um psicólogo, mas ela não ignorou minha queixa e começou a virar o gato do avesso. Encontrou: ele estava com muita dor e desidratação. Lá foi o gato para sua inumerável internação (perdi as contas de quantas vezes eu tive que sair da clínica sem ele). Mas como uma fênix, o gato recebia todo carinho e cuidado e voltava para casa como se não fosse nada.

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O câncer foi evoluindo, seu corpinho cansando, e chegou a tão temida doença renal crônica. Félix ia precisar fazer fluidoterapia três vezes por semana. Como eu, uma tutora desesperada, ia conseguir aplicar 200 ml de soro? É aí que entram as duas últimas homenageadas: Érica Scali e Tamires Liba, as vets domiciliares. Érica também conhecida como porta soro (piada interna). Ela que segurava o soro o mais alto que conseguia, enquanto a Tamires escovava e dava Churu pro Félix. Mas não era só isso. A fluído não passava de uma desculpa para mimar o gato preto. Elas ficavam horas, jogadas no chão, agradando e brincando com o pequeno. Eu estando ou não em casa, cá estavam elas, cuidando do Félix como o maior amor e cuidado. Quando o Félix já estava bastante debilitado, elas vinham para fazer visita mesmo. Escovavam, davam Churu, sachê, mimavam o gato e iam embora.

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Claro que tem outros personagens fundamentais nessa história, como as cat sitters, mas vou me deter aos médicos-veterinários, por conta do dia deles.

Já deu para perceber o quanto eles foram fundamentais para a saúde do Félix e minha tranquilidade, né?! Mas nada do que eu já escrevi reflete a importância deles. Até a chegada da última sexta-feira.

Félix está 200% assistido pelos vets, tanto em casa, quanto na clínica. Mas sempre chega o dia. Acordei, o Félix miou, tentou levantar-se e não conseguiu. Imediatamente corri para a clínica. O gato estava quase desfalecido, mas quando viu o Carlos, pediu para sair da bolsa e foi andando até seu encontro. Como estava fraco, caiu no meio do caminho. Como todo amor, Calos pegou o Carudo (apelido carinhoso dado por ele) e levou para internação. E com mais amor ainda, foi super sincero comigo: "Luiza, fizemos de tudo. Ele está indo. Não acho que valha a pena deixá-lo internado. Ele vai passar os últimos momentos dele com acesso na veia, soro, numa baia...". Entendi que havia chegado o momento dele descansar. Falamos sobre a possibilidade de eutanásia. Perguntei se poderia ser feita na minha casa. Eu imaginava que a resposta seria negativa, pois ele não costuma fazer atendimento em domicílio. Pois para minha surpresa, ele disse: "sim, eu posso ir amanhã".Ao ver a piora do gato, mandei mensagem: "o que eu faço agora?". Carlos respondeu: "esteja o tempo todo ao lado dele". Assim eu fiz.

O amanhã não chegou, pois o Félix foi embora sozinho, no meu colo, rodeado de todos da família, após um dia intenso de visitas de amigos e vets. Todos dando e recebendo o amor do gato. Ao receber a notícia, Carlos me mandou um áudio emocionado, falando da falta que o Carudo fará, não só para mim, pois ele também havia se apegado ao preto.

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Na minha ignorância, achei que os veterinários já meio que estivessem acostumados a perder pacientes. Não imaginei que meu gato seria motivo de apego e tristeza ao vet. Pensando bem, acho que o Carlos combinou com o Félix de ir sozinho, porque no fundo, ele não queria fazer a eutanásia daquele que havia lutado tanto para viver. Aquele que permitia ser manipulado e ainda ronronava ao ver o ser humano que também lutou pela sua vida: o médico-veterinário.

A ciência, os estudos, os medicamentos podem evoluir, mas se os profissionais não se atualizarem e não se entregarem a cada história, não teremos mais Félix e Carlos por aí.

Fica aqui o meu imenso obrigada a todos os profissionais que pouco são valorizados, que ganham pouco, que tem sua saúde mental negligenciada e que ainda lidam com a vida do filho de alguém! A valorização do médico-veterinário é uma luta minha e também deve ser sua, como tutor de pet. Sem os vets, não teríamos filhos animais saudáveis e vivendo cada vez mais ao nosso lado!

Viva os vets! Parabéns pelo seu dia!

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