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Dicas e curiosidades sobre animais

Meu pet tem dor e eu não percebi

Simpósio mostra como dor e comportamento estão mais ligados do que imaginamos. E que tem mais pet com dor do que conseguimos ver

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Foto do author Luiza  Cervenka
Observar a dor é a chave para poder transformar vidas! Foto: Natalia Vieira

Tenho que confessar, apesar de me açoitar muito por isso: a Aman (minha cachorrinha) estava com muita dor e eu não percebi. Eu, que sou propagadora da palavra da dor, que me intitulo a louca da dor, que digo que vejo dor em todos os lugares. Essa mesma eu que não percebeu que dentro de casa tinha um ser sofrendo calado.

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Sei lá Deus como, a Aman rompeu o ligamento do joelho (tipo o Neymar) e girou a tíbia, mas estava andando como se não fosse nada. Como ela fez isso? Não faço a menor ideia. Lembrando que ela é uma espoleta que adora correr e bagunçar. Em algum momento, ela chorou, parou de aprontar? Nadinha! Ela não demonstrou dor.

Como eu descobri? Exame de rotina. Como ela tinha luxação de patela e precisava operar, resolvi marcar uma consulta prévia para avaliar se já podíamos operar a pata esquerda (ela já tinha operado a direita). Levei um mega susto quando o ortopedista contou como estava a pata dela e que a cirurgia deveria ser imediata. Foi o tempo de fazer os exames pré-operatórios e seguir para o centro cirúrgico.

Sabe o que mais me chocou? A Aman colocou vários parafusos e placas e, três dias após a cirurgia, estava beeeemmm melhor do que antes. Estava mais alerta, mais brincalhona, aprontando menos (meu lixo está intacto desde então) e comendo super bem (antes, ela era muito seletiva). Tudo graças aos fortes analgésicos. Ou seja, a pobre estava com muita dor!

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Me ajude a espalhar a palavra da dor!

Mesmo tendo sido uma fraude dentro de casa, sigo levantando a bandeira da dor e do comportamento. Tanto é que, semana passada, tivemos a segunda edição do Simpósio Dor e Comportamento. O evento é focado em médicos-veterinários, estudantes e profissionais do comportamento não-veterinários (groomers, adestradores, consultores comportamentais, passeadores, pet sitters, monitores de creche e empresários do ramo), mas também tivemos alguns tutores preocupados com seus animais querendo aprender mais.

Foram 10 palestrantes abordando assuntos que envolvem dor e comportamento, tanto em cães quanto em gatos. São sinais tão sutis, muitas vezes, que denotam que o animal está com dor... Até um "ataque" à vassoura (tido como absolutamente normal) pode ser sinal de alterações ortopédicas ou gastrointestinais.

Dor não se resume a algo agudo, mas também a questões crônicas e desconfortos que o animal carrega por toda a vida, sem que sejam notados. Por isso, a importância de ficarmos atentos, buscarmos conhecimento e questionarmos o veterinário sobre isso. Infelizmente, os médicos-veterinários não têm a matéria de comportamento na faculdade. Assim, compreender quais comportamentos podem estar relacionados à dor beira a frescura, mimimi ou a cachorro mimado.

Como bem disse Ana Luisa Lopes, uma das palestrantes do Simpósio, "devemos deixar os rótulos de lado e ouvir a queixa do tutor sem julgamento". Afinal, aquele cão "chato" pode simplesmente estar com dor há muito tempo, sem que ninguém tenha enxergado.

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Rotular o animal só afasta da real qualidade de vida Foto: Natalia Vieira

Isso sem falar nos cães tidos como agressivos. A Joice Peruzzi mostrou a casuística dos atendimentos dela e da equipe, revelando que mais da metade dos cães e gatos com algum caso de ataque estavam com problemas ortopédicos, dermatológicos, gastrointestinais e neurológicos não tratados. Ou seja, sabe esse comportamento que você reclama sempre do seu pet? Pode ser por dor. Mas vale deixar claro que nem tudo é dor, tá?! A Joice também mostrou que, muitas vezes, a questão é comportamental e precisa ser trabalhada criteriosamente, com um bom profissional do comportamento, sem uso de punições.

Agressividade por estar relacionada a dor, mas nem sempre Foto: Natalia Vieira

Agora, a palestra que levou todo mundo a fazer cara de bocas foi a da Julia Robertson. Fundadora da Galen Miotherapy da Inglaterra, Julia apresentou diversos casos de cães "tortos", que, após uma sessão de massoterapia e liberação da fáscia, melhoraram a postura. Mas o mais impressionante foi a prática. Ela aceitou atender a Anthônia, uma chihuahua idosa, com dores fortes na cervical, que paralisaram as patas dianteiras. A cachorrinha mal conseguia levantar o pescoço para tomar água, de tanta dor. Pois, após uma sessão com a Julia, Anthônia já tentou se mexer, relaxou o pescoço, ensaiou alguns passos e conseguiu beber água. Foi emocionante!

A compreensão da anatomia vai muito além de saber onde ficam os ossos e músculos, mas a chave para tratá-los Foto: Natalia Vieira

Eu poderia ficar dias escrevendo sobre cada uma das palestras, dos palestrantes e os comentários que recebi sobre o evento. Mas deixo aqui um gostinho de quero mais, pois ano que vem tem mais Simpósio de Dor e Comportamento, com muitas novidades! Aguardem! E não se esqueçam de descartar a dor no seu pet!!!

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