A ‘tour’ dos pais: na fila da Taylor Swift, histórias de preocupação, amor e perrengues em família

‘Estadão’ falou com 5 pais e mães que acompanham os filhos ao show nesta sexta-feira, 24. ‘As ‘Eras’ da Taylor são as eras da vida da minha filha’, diz atriz. ‘Você manda o filho para um evento, mas quer ele de volta’, diz advogada

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Foto do author Gabriela Piva
Atualização:

Sob chuva, vento e frio, uma multidão passou o dia em frente ao Allianz Parque nesta sexta-feira, 24, à espera de Taylor Swift. A grande maioria era de jovens fãs da cantora, ansiosos pelo primeiro show dela em São Paulo. Em menor número havia pais e mães. No caso deles, o sentimento geral era de preocupação, após os problemas e a tragédia da morte da fã Ana Clara no Rio de Janeiro.

Eles também revelam satisfação e orgulho, abraçados com os filhos prestes a realizar seus sonhos, pelos quais os pais e mães tiveram que brigar - às vezes, literalmente. Também há nostalgia, irritação e, por que não, também ansiedade para ver a Taylor.

Na foto o seguranca Rafael Cesar, que foi levar a filha Thais Vitoria, 17 anos Foto: TABA BENEDICTO / ESTADÃO

Leia abaixo os relatos de cinco pais e mães nesta sexta-feira ao Estadão:

Kellen Bittencourt, atriz, 52 anos: ‘As Eras da Taylor são as eras da minha filha’

Kellen Bittencourt, atriz, 52 anos: ‘As Eras da Taylor são as eras da minha filha’ Foto: TABA BENEDICTO / ESTADÃO

“A gente fica muito triste com o que aconteceu (a morte da fã no Rio) porque, desde o momento em que a gente comprou o ingresso, houve muitas emoções e muita expectativa pra gente estar aqui hoje. De certa forma, o que aconteceu na semana passada nos deixa tristes e com pesar de estar aqui hoje, mas, no caso da minha filha, ela tem 23 anos também, as eras de Taylor fazem parte das eras dela. Então, quando ela me perguntou: ‘Mãe, a gente vai ainda ou não?’, eu falei: ‘vai, porque faz parte de tudo o que você viveu desde quando você era pré-adolescente’. Então, a gente decidiu por vir - eu já viria com ela de todo jeito, sou frequentadora assídua de shows e festivais de música. Mas eu me senti muito confortada quando eu soube que ia estar no show com ela, porque eu ia garantir que estava tudo certo. É uma pena que tenha tido que acontecer tudo o que aconteceu no Rio de Janeiro para os organizadores terem um pouco mais de cuidado aqui em São Paulo. Eu penso que, daqui pra frente, os festivais de música e os shows serão mais bem planejados depois do que aconteceu na semana passada. Infelizmente, não precisava ter acontecido o que aconteceu pra isso.”

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Diana Lima, advogada, 52 anos: ‘Você manda o filho para um evento, mas quer ele de volta’

“A situação que aconteceu na semana passada, no Rio, foi muito preocupante. A gente acompanha as mídias e fica atento pra ver o que aconteceu - e a morte da Ana Clara foi muito chocante. A situação do clima já era muito previsível, já estava previsto que ia fazer muito calor, então, a organização do evento falhou. Não houve uma preocupação nem com a questão da água e nem com o calor. Foi muito importante que houve até uma intervenção pelo governo, porque agora a gente está tendo (acesso a) isso, que não teve no outro evento. Eu estava muito preocupada (com a minha filha) quanto a isso. A gente manda um filho para um evento acreditando que vai ter toda uma segurança. Agora, eles precisam tomar providências para que não aconteça nunca mais o que aconteceu com a Ana Clara. Porque você manda o filho, mas quer ele de volta.”

Diana Lima, advogada, com a filha Marina, na fila da Taylor Swift Foto: TABA BENEDICTO / ESTADÃO

Carlos Alberto da Silva, funcionário publico, 56 anos: ‘A organização da fila está ruim’

“Não cheguei a pensar em barrar a minha filha de ir no show da Taylor por causa dos acontecimentos da semana passada, porque é um sonho dela. Eu não iria cortar esse sonho dela, mas fiz questão de vir acompanhá-la até o momento de ela entrar no Allianz. Como ela não vai ficar na pista e vai ficar na cadeira, creio que seja um lugar mais tranquilo. Agora, eu estou achando que a organização da fila está um pouco ruim ruim. Eu achava que poderia ter uma fila separada para cada setor do VIP, mas está todo mundo no mesmo lugar. Vamos ver o que vai acontecer, mas é meio confuso.”

Carlos Alberto da Silva, funcionário publico, com a filha Ana Paula, na fila da Taylor Swift Foto: TABA BENEDICTO / ESTADÃO

Rafael Cesar, segurança, 41 anos: ‘Sofri muito preconceito comprando ingresso na fila’

“Minha filha não conseguiu comprar no primeiro lote e o show da Taylor Swift era o sonho dela. Eu me disponibilizei pra estar vindo (presencialmente, na bilheteria) comprar pra ela. Foi muito difícil comprar o ingresso. Sofri muito preconceito dos policiais. Eles achavam que eu era cambista desde o primeiro dia até o último dia (que fiquei acampado) e tentavam me tirar da fila. Cheguei aqui 10h da manhã do dia anterior, passei a noite e, na primeira noite, os policiais começaram a me perguntar se eu era cambista e pra quem eu estava trabalhando. Falei que estava aqui por um sonho através da minha filha. Porém, contra provas não há argumentos, foi tudo documentado (mostrei os documentos), mas eles não ficaram satisfeitos. E assim foi até a última compra do ingresso. Eu fiquei chateado (com todos os eventos que aconteceram na semana passada). Precisamos nos precaver com a nossa saúde.”

Na foto o seguranca Rafael Cesar e a filha Thais Vitoria, 17 anos Foto: TABA BENEDICTO / ESTADÃO

Anônimo, pai: ‘Minha filha me convenceu a vir falando que ver a Taylor seria, para mim, igual a ver o Elvis Presley. Então, eu vim’

(Este pai na fila pediu para não ser identificado, mas falou sobre a experiência.) “O problema é que as empresas se preocupam com o lucro e não com o bem-estar das pessoas, no geral. Eles só preocupam no bem-estar no sentido de cumprir a obrigação que o governo impõe. Então, tirando o que é obrigatório, eles não fazem. Por causa de venda casada de produtos dentro do estádio, levou a uma situação de risco muito grande. Não acho que a cantora em si tenha culpa disso - nem as pessoas que organizaram o evento tem culpa. Foi mais uma fatalidade em virtude do calor excessiva. Mas deviam ter oferecido condições de saúde. A minha primeira preocupação ao vir foi a temperatura. Como minha filha disse que não estaria quente, foi um fator (melhor). De qualquer forma, como eu venho junto, eu posso dar um apoio nesse sentido. Se ela viesse sozinha e com as condições da semana passada, eu ficaria bastante preocupado. Ela me convenceu a vir falando que ver a Taylor seria a mesma coisa, para mim, que ver o Elvis Presley. Então, eu vim.

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O que diz a T4F sobre os problemas?

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Serafim Abreu, CEO da Time For Fun, se pronunciou sobre os acontecimentos recentes nos shows de Taylor Swift no Rio de Janeiro. No vídeo (veja acima), publicado nas redes sociais da empresa nesta quinta-feira, 23, ele pediu desculpas às pessoas que “não tiveram a melhor experiência possível”.

O pronunciamento foi divulgado seis dias após a morte de Ana Clara Benevides e um dia após a abertura do inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que irá investigar a produtora por possível crime de perigo para a vida ou saúde.

“Decidi gravar esse vídeo para falar diretamente com nossos consumidores, parceiros, fãs e público geral”, iniciou o empresário. “Sabemos a enorme responsabilidade que temos ao organizar um evento desse porte, por isso não economizamos esforços e recursos para seguir sempre as melhores práticas mundiais do setor, para garantir conforto e segurança para todos”.

“Ainda assim, enfrentamos dias de calor extremo no Rio de Janeiro, com sensação térmica altíssima e sem precedentes”, afirmou. “Sim, reconhecemos que poderíamos ter tomado algumas ações alternativas, adicionais a todas as outras que fizemos como por exemplo criar locais de sombra nas áreas externas, alterar os horários dos shows anteriormente programados e enfatizar mais a permissão de entrada com copos de água descartáveis”.

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Para Abreu, os acontecimentos serviram para o aprendizado de novas práticas para momentos de calor extremo. “Entendemos também que todo o setor precisa repensar sua atuação diante dessa realidade”, reforçou.

“Pedimos desculpas às pessoas que não tiveram a melhor experiência possível”, disse. Segundo ele, a demora para a manifestação pública da empresa se deu porque o foco da T4F “estava em incorporar os aprendizados”.

Ele também se referiu à morte da fã de Taylor, Ana Clara Benevides, na última sexta-feira. “Infelizmente, pela primeira vez em mais de 40 anos de atuação, tivemos uma fatalidade em um evento organizado pela Time For Fun”, afirmou. Estamos muito tristes com a perda da jovem Ana Clara, apesar do pronto atendimento e de todos os esforços realizados pelas equipes médicas no evento e no hospital”.

“À família de Ana Clara, quero expressar os nossos mais sinceros sentimentos. Coloco aqui agora, publicamente, a nossa disposição em prestar assistência no que for necessário, como já dissemos diretamente com membros da família e para o advogado que os representa, por telefone e por escrito, desde o ocorrido”.

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“Entendemos a profunda dor dessa perda irreparável, respeitamos a privacidade da família e reforço mais uma vez nossa disposição em colaborar”, declarou.

“Para os shows do Allianz Parque, seguimos o novo posicionamento das autoridades. Está permitida a entrada de garrafas de água flexíveis, além dos copos de água descartáveis que sempre foram liberados”, declarou.

“Todas as orientações para o show serão amplamente divulgadas nas nossas redes, para que todo mundo possa vivenciar a melhor experiência possível. Muito obrigado”, finalizou.

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