Gatos costumam não gostar de água. Além disso, eles fazem uma autolimpeza com a própria língua. E essas características do animal fazem com que tutores fiquem com dúvidas sobre a necessidade de dar banho.
Aline Lefol, CEO e fundadora da Lilu, app de serviços pet a domicílio, explica que o processo de banho tem uma carga de estresse grande para os gatos.
Ela defende a necessidade da higienização, mas afirma que características físicas e comportamentais do animal precisam ser consideradas para saber qual procedimento e frequência são ideais.
"Diferente dos cachorros, a frequência [de banhos] é mais espaçada para os gatos, porque eles são mais limpinhos, eles já fazem o processo de autolimpeza diário", completa. Em média, o período ideal, é a cada 3 meses.
Sem a higienização, segundo ela, animais com pelagem mais longa, como os persas, por exemplo, começam a criar nós que podem prejudicá-los. Além disso, Aline explica que a sujeira acumulada nos pelos pode causar doenças na pele como dermatite.
Outro fato importante é o comportamento do animal. "O número de banhos vai depender do temperamento do gatinho. Existe o banho a seco que pode ser feito em gatos que não lidam bem com a água, mas nem sempre é indicado para pelagens compridas."
Uma opção desenvolvida pela Lilu em casos de gatos que precisam da higienização, mas tem medo de água é o chamado "banho humanizado". "Usamos uma toalha ao redor do animal. É um processo para que o gatinho sofra o mínimo possível durante o banho."
Aline reforça que o ideal é procurar profissionais para realizar a higienização. Quando feita em casa, existem riscos de acidentes, como entrar água no ouvido do animal ou o próprio tutor ser arranhado.
Visão contrária sobre o banho
Entre os profissionais de saúde animal, o banho não é consenso. A médica veterinária Luciana Deschamps, da clínica Sr.Gato, tem uma visão crítica em relação ao assunto.
"A grande maioria dos gatos não gosta de tomar banho. Temos vídeos na internet de gatos enfiando a cabeça embaixo d'água ou dentro de banheiras, mas são casos raríssimos", pontua.
"O grande problema está na secagem. Aquele pelo que você precisa secar corretamente, principalmente nas axilas e virilha, pois podem ficar com fungos quando não são bem secas."
A especialista também chama atenção para questões comportamentais. "Tem gatos que mudam o comportamento totalmente. Após o banho, eles começam a se comportar de uma forma diferente, a morder, a se esconder."
Luciana explica que há casos de gatos que criar lambedura psicogênica, que é quando o animal começa a lamber compulsivamente uma parte do corpo.
Por isso, ela defende os banhos secos. "Pega o produto, joga na sua mão duas borrifadas, passa uma mão na outra, passa no pelo do gato de forma contrária de onde nasce, passa um paninho e escova. Isso demora no máximo um minuto", explica.
"Não se deve jogar água no gato. É agressivo para ele. No caso dos gatos de pelo longo, como os persas, eles tomam banho desde cedo, então eles até se adaptam. Mas se pudessem escolher, não tomariam."
Ela conta que é possível ocorrer até acidentes graves durante o processo. "Tem alguns casos de gatos que foram ao banho, foram agarrados e tiveram uma parada cardiorrespiratória. Morreram."
"Sou radicalmente contra", frisa. No lugar dos banhos com água, Luciana indica a tosa higiênica, limpeza das unhas e escovação dos pelos.
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