Um relacionamento não precisa, necessariamente, ser entre duas pessoas (ou mais). Pode ser com você mesmo, como declarou recentemente Adriana Lima, a Angel da Victoria's Secret. E se relacionar de forma positiva consigo independe de estar ou não em uma relação amorosa com outra pessoa.
O E+ conversou com as psicólogas Rosana Braga, especialista em relacionamento e autoestima, e Pamela Magalhães, terapeuta de casal e família, para dar dicas de como se amar mais dentro ou fora de um relacionamento.
Saiba quem você é - e goste do que descobrir Rosana Braga diz que, assim como temos interesse em saber mais sobre o outro e nos encantamos com as descobertas, é preciso se interessar pela própria história. "Isso faz com que ganhemos clareza e deixemos de nos criticar tanto. Paramos de agir como se fôssemos o próprio inimigo", orienta a psicóloga.
Essas percepções nos deixam alinhados conosco e nos levam a fazer escolhas a nosso favor, diz Pamela Magalhães. "É quando me respeito, gosto do meu jeito, reconheço minhas virtudes, minhas limitações e percebo onde tenho de mudar, estimulando melhorias para meu aprimoramento e fazendo escolhas agregadoras para minha vida", diz.
Não se anule "Quem se conhece, não se anula", afirma Rosana sobre a importância de ter uma avaliação positiva sobre si dentro de um relacionamento. "Assim, você consegue se colocar no relacionamento, falar o que pensa e sente de modo consciente, sem culpar o outro e sempre mantendo o diálogo", afirma. Segundo a especialista, quem não tem essa boa avaliação de si se relaciona com medo de não ser amado, de não ser aceito, concorda com tudo e se anula.
Da mesma forma, é possível determinar com clareza o que se quer, sem se prender a outras pessoas e opiniões. "Se eu estiver procurando alguém, que seja uma escolha e que eu esteja feliz com ela. Se escolhi não ter ninguém, que esteja bem e feliz com isso", diz Pamela. "O mais importante é estar em paz com as escolhas, é isso que determina nossa felicidade, o que não quer dizer que precisamos estar com alguém para nos sentirmos felizes", completa.
Tenha tempo para si É ótimo estar juntinho, mas não precisa ser sempre assim, muito menos se culpar por querer e se sentir bem ao fazer algo sem o outro. "É necessário compreender que existem três universos: o seu, o meu e o nosso. A proporcionalidade entre eles faz a relação ser saudável", diz Pamela.
Rosana concorda e completa. "Quando você está o tempo todo com o outro, você se perde de si e não consegue se ver. É preciso respeitar a individualidade de cada um." E quando se está solteiro? "A dica é aproveitar a solteirice", recomenda Rosana. "Quando uma pessoa não consegue ser feliz solteira, dificilmente vai conseguir acompanhada", diz a especialista.
Seja responsável pelo que te acontece As psicólogas ressaltam que nunca devemos colocar no outro a responsabilidade da nossa felicidade ou infelicidade. "Para eu ser feliz com outra pessoa, preciso ser feliz comigo. Não é o outro que me faz infeliz, eu me permito ser infeliz com o outro, não é o outro que me irrita, eu que me permito ser irritado", diz Pamela.
Mas a relação de dependência ou independência, segundo Rosana, é estar nos extremos. "O ideal é ser interdependente, perceber que a gente precisa do outro, mas no sentido de troca ou reciprocidade", afirma. Quando entendemos que o outro só faz conosco aquilo que permitimos, e não o culpamos por isso, atingimos maturidade emocional, afirma Pamela.
Esse processo passa também por uma etapa que, segundo Rosana, é a mais difícil e a mais importante: ter gratidão pelas histórias que você passou, mesmo que ruins. "Tudo tem um aprendizado, e se você consegue entender e agradecer pela oportunidade de ter passado por aquilo, você vai para o próximo passo muito mais leve", diz. É o que Pamela chama de 'calos emocionais', que são necessários e nos fortalecem.
Seja qual for seu status amoroso, as especialistas dão algumas dicas para reflexão:
- Pergunte-se: O que eu quero? O que o outro quer? Isso tem a ver com abrir espaço para o diálogo e ter uma comunicação fluida, interna e externa;
- Ressignifique o passado. Quando só pensamos no que já passou, deixamos de nos relacionar bem conosco e com os outros, carregando um 'carrinho de entulho';
- Saiba que ninguém é igual a ninguém. É preciso respeitar a individualidade do outro e não tentar moldá-lo ao seu gosto;
- Tenha bom humor. Rir e fazer rir ainda são o melhor remédio;
- Seja generoso. O egoísmo pode ser prejudicial para si e para os demais;
- Seja tolerante sem ser permissivo. Às vezes, é preciso ceder, mas isso não significa ser compassivo e concordar com tudo. A concessão deve ser consciente e não gerar conflitos.
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