Nos EUA, homens usam tricô para relaxar

Eles formam um clube de homens apaixonados por tricô e crochê que se reúnem duas vezes por mês para criar lenços, gorros e mantas na capital americana

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Por Valentin Graff
Atualização:

COCKEYSVILLE, EUA/ AFP - Em um ensolarado domingo de março, um grupo tricota, enquanto conversa, em um pequeno estabelecimento nos arredores de Washington, D.C., em meio à renovada moda desse ofício nos Estados Unidos, que agora inclui cada vez mais homens.

Eles são um punhado e formam o DC Men Knit, um clube de homens apaixonados por tricô e crochê que se reúnem duas vezes por mês para criar lenços, gorros e mantas na capital americana.


Reunião do DC Men Knit. Clubes de tricô para homens aumentaram em popularidade mais uma vez nos Estados Unidos nesta era de pandemias e autocuidado. Foto: AGNES BUN / AFP


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O objetivo deste encontro é “oferecer aos homens um refúgio para tricotarem juntos, trocarem conselhos, se ajudarem, porque o tricô sempre foi visto como uma atividade feminina”, explica o coordenador do grupo, Gene Throwe.

Nesse ambiente aconchegante, Throwe, gerente de uma associação de escolas de enfermagem, de 51 anos, veste um suéter marrom com uma sutil estampa dourada.

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Como muitos de seus amigos, ele cresceu vendo sua avó tricotar. E sua saudade se transformou em tristeza, ao perceber que as novas gerações não estavam assumindo as agulhas. Ele se deu conta, então, de que ele mesmo poderia ajudar a manter essa prática viva.

“Por que esperar sejam as mulheres? Eu posso fazer isso também!”, conta.


Michael Manning, um funcionário do governo federal aposentado, participa de uma reunião do DC Men Knit. Foto: AGNES BUN / AFP


A imagem de um grupo de barbudos concentrados em seus pontos chama a atenção, reconhece Throwe, entre risos.

“As avós que passam, muitas vezes, olham para nós como se fôssemos marcianos”, completa.

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Tecido, pochete e bermudas

Ao longo da história, os homens sempre tricotaram, fosse como membros de confrarias de tecelões na Idade Média, fosse como crianças em idade escolar no Reino Unido e nos Estados Unidos, fazendo mantas para soldados que partiram para combater a Alemanha nazista.

Agora, a prática ressurgiu entre os homens e voltou a ser comum.

De óculos e sorriso simpático, pochete na cintura e de bermuda, a 3°C, Sam Barsky tem quase meio milhão de seguidores entre Instagram e TikTok.

Ele gosta de se definir como um “artista do tricô” e não para de surpreender os internautas com suas criações a duas agulhas, peças de design único inspiradas em paisagens, monumentos, ou obras culturais.

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As Cataratas do Niágara, ou os arranha-céus de Nova York, as pedras de Stonehenge, ou a Torre Eiffel, pinguins, robôs e até o Mágico de Oz são apenas alguns das centenas de motivos que já teceu.

Ele até dedicou um suéter às seus suéteres: reproduziu nele cerca de 30 motivos estampados em suas criações. Sua criatividade sem limites rendeu-lhe até uma exposição no Museu de Arte Visionária dos EUA, em Baltimore.



Quando as fronteiras fecharam com a chegada da covid-19, decidiu reorientar sua arte, disse ele à AFP no Oregon Ridge Park, ao norte de Baltimore, na costa leste dos Estados Unidos.

Ali, imortalizou em lã os troncos das árvores deste parque, pintados simbolicamente anos atrás em homenagem às pessoas que haviam superado a dependência de álcool e drogas.

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Para Narsky, a pandemia não trouxe apenas consequências ruins: sua conta no TikTok, lançada em setembro de 2020, atraiu rapidamente mais seguidores do que vinha conquistando há anos no Instagram.



Tal como amassar o pão, ou fazer cerâmica, o tricô foi um porto seguro contra o tédio e a ansiedade nos primeiros meses do coronavírus, uma dinâmica que se repetiu um pouco em quase todo o mundo.

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