Gabby Werre tinha uma viagem para a Cidade do México marcada para junho. Então, naturalmente, a autodescrita “compradora compulsiva crônica” de 30 anos se descontrolou na Old Navy na noite anterior.
Werre postou o resultado, um recibo de $941,45, no TikTok com a legenda: “Eu antes de qualquer viagem comprando a loja inteira em pânico porque eu não tenho nada”. Ela frequentemente espera tanto para escolher as roupas para viajar, disse ela, que tem que comprar vários tamanhos, encher sua mala e fazer devoluções após a viagem.
“Realmente se resume ao fato de que eu, por natureza, sou uma pessoa que faz as coisas de última hora”, Werre, uma diretora de marketing que mora em Los Angeles, explicou em uma ligação telefônica. “Fisicamente, me custaria muito fazer com antecedência.”
Se você já se viu comprando roupas novas, esvaziando a seção de miniaturas de higiene do mercado ou estocando petiscos o suficiente para encher uma loja de conveniência antes de uma viagem, os especialistas podem ter uma explicação para isso - e maneiras de controlar.
Mehdi Hossain, professor associado de marketing na Universidade de Rhode Island que estudou o comportamento de comprar por pânico durante a pandemia, disse, por e-mail, que tais compras acontecem quando “os consumidores experienciam uma falta de controle no seu ambiente sujeito a incertezas iminentes.”
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Essa falta de controle aumenta a ansiedade das pessoas e as leva a se comportarem de maneiras que mitigam isso e lhes dão uma sensação de controle novamente. A mesma ideia, disse Hossain, pode se aplicar a viagens - especialmente para lugares novos.
Lidando com a ansiedade em viagens
Hossain, que estuda a tomada de decisão do consumidor, disse que viajar se encaixa em uma diferente “contabilidade mental” do que a vida cotidiana. As pessoas podem comer ou gastar dinheiro de maneiras que normalmente não fariam.
Viajar é “novo, é excitante, mas você meio que não sabe muitas coisas sobre a situação”, ele disse. “Você não está totalmente no controle. Se você está sentindo ansiedade, essa pode ser uma razão - e então você procura por um amortecedor para a ansiedade.”
Já Andrew Stevenson, autor do livro The Psychology of Travel [“A Psicologia da Viagem”], disse que deixar os confortos de casa pode ser um gatilho para algumas pessoas. Você pode estar mergulhando em culturas, comidas, línguas e até sinais de trânsito desconhecidos.
“Uma das maneiras que podemos, portanto, tentar reestabelecer o controle é converter a energia ansiosa... em atividades como fazer compras”, ele escreveu. “Neste caso, podemos (em pânico) comprar, antes da viagem, produtos que pensamos que nos ajudarão a sobreviver no novo mundo ‘alienígena'.”
Mas isso pode ser desaconselhável, disse ele, e até mesmo impedir as pessoas de desfrutar das novas experiências que buscam nas férias. Stevenson, que é professor sênior de psicologia na Universidade Metropolitana de Manchester, na Inglaterra, disse que uma vez levou um grande pote de Marmite (alimento comum na Austrália e Reino Unido) para a Malásia durante uma expedição de ciclismo, porque estava preocupado em encontrar comida que pudesse comer.
“Não preciso nem dizer que eu o abandonei depois de um dia na bicicleta, já que a comida na Malásia é deliciosa, e Marmite é bem pesado”, ele escreveu. “Eu estava sendo irracional e entrei em pânico ao comprar o Marmite... Resumindo: não podemos controlar o futuro, então tendemos a nos preparar demais para ele no presente, e a compra por pânico é um exemplo.”
Planeje (mas não demais)
Stevenson comentou ainda que a compra por pânico também pode ser um indicativo de algo chamado “orientação para o futuro”, na qual algumas pessoas se preparam excessivamente para viagens e lutam para viver o momento presente. Pessoas com uma “orientação para o presente”, ele disse, tendem a ser mais relaxadas e menos planejadas exageradamente - e, portanto, acham mais fácil se imergirem em uma viagem.
Os viajantes podem canalizar um pouco da ansiedade em preparações inteligentes, disse Stevenson, como juntar passaportes, tomar as vacinas necessárias e embalar o essencial.
Deb Colameta, uma especialista em consumo, autora e professora de comunicação organizacional na Northeastern University, disse que alguns tipos de preparação podem ajudar os viajantes a evitar uma maratona de compras por pânico. Ela manteve uma lista contínua de necessidades de viagem durante toda sua vida adulta que agora existe como uma lista de checagem em seu celular.
“Isso foi extremamente útil para me ancorar antes de uma viagem e me ajudar a dizer: ‘Eu não preciso daquela corrida de última hora à loja. Eu tenho tudo na lista’”, disse Colameta. “Se eu descobrir que estou na viagem e há algo essencial que eu poderia ter incluído, eu adiciono à lista no meu telefone.”
Ela disse que também pode ajudar pesquisar as opções de supermercados, drogarias e outras lojas perto do destino com antecedência, para que você saiba como encontrar itens que possa precisar inesperadamente.
“Eu sinto que temos que nos lembrar que parte de viajar é sair da nossa rotina e sair da nossa zona de conforto”, ela disse.
Colameta sugere fazer um inventário do que já está disponível em casa - medicamentos, passatempos para crianças ou outros itens - na próxima vez que você considerar sair correndo para comprar coisas antes de uma viagem.
“É realmente frustrante quando você desfaz a mala e tem algo não aberto que você correu para comprar porque pensou que não poderia viver sem aquilo”, disse ela.
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