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Vídeos virais de ‘banhos completos’ cheios de cremes para cães deixam dúvida: isso é saudável?

Momento de conexão entre o tutor e o seu animal pode se tornar desconfortável para o bichinho. Especialistas aconselham a analisar o comportamento do animal

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Por Ana Luiza Antunes

O cão é lavado, esfregado, secado, filmado e coberto de cremes e carinhos. Em sua maioria, os vídeos chamam a atenção por serem fofos e despertarem o sentimento de curiosidade em ver cachorros de todas as raças e idades na hora do banho.

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Desde que as postagens nesse estilo começaram a viralizar na internet, mais e mais detalhes foram adicionados à higiene do bichinho. São produtos específicos para cada região do corpo do animal.

Perfis que se dedicam ao conteúdo ultrapassam milhões de seguidores. O fenômeno, por sua vez, não se restringe apenas às contas internacionais. Aqui no Brasil, o movimento também é grande e o engajamento é garantido.

Veja um exemplo do spa canino:

Neste texto, você vai saber:

  • Se o cachorro realmente precisa de todos esses produtos
  • Até que ponto pode não ser confortável para o animal
  • Qual a recomendação para um banho adequado

Da patinha aos pelos, o que não faltam são opções para deixar tudo brilhante e limpinho. Mas afinal, será que esta quantidade de produtos é mesmo necessária? Até que ponto o banho com tantas regalias pode ser saudável e confortável para o animal? O Estadão conversou com especialistas para identificar se há algum problema nesse comportamento.

Segundo o veterinário Thiago Teixeira, diretor geral da clínica Nouvet, se os produtos utilizados na hora do banho forem específicos para o uso em cachorros, não há problema. No entanto, ele pondera que é preciso se atentar à reação do animal. “A saúde e o bem-estar do pet é uma prioridade”, diz.

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“Além dos produtos, temos que tomar cuidado para não gerar uma situação de estresse. Se, de repente, é algo prazeroso, o pet está gostando, então sim. Ele está sem estresse e está sendo algo saudável”, reitera.


O médico veterinário Carlos Larsson Junior, do Serviço de Dermatologia do Hospital Veterinário da Universidade de São Paulo (USP), avalia que os produtos devem “respeitar as características peculiares das espécies canina e felina”. “No que diz respeito ao uso de acessórios, em algumas circunstâncias me parece haver uma ‘humanização’ excessiva, até mesmo certos exageros”, aponta.

Nada de exageros

Halina Medina, criadora do canal Tudo Sobre Cachorro - com mais de 1 milhão de seguidores-, compartilha no Youtube dicas sobre comportamento e higiene animal. Segundo ela, o ideal é que o cachorro só utilize shampoo e condicionador próprios para ele.

Halina comenta que é fundamental observar o comportamento do animal. Por mais que pareça fofo enfeitar o seu bichinho, é preciso dar prioridade ao conforto dele.

Para evitar que problemas aconteçam, o próprio cachorro pode dar alguns sinais. “Lamber o focinho, virar o olho pro lado ou bocejar são sinais de desconforto e o tutor deve respeitar o cão”, ressalta.

Halina Medina com os seus pets Pandora e Cléo. Foto: Tiago Queiroz

“Cheiros fortes incomodam o cachorro, o deixa estressado e impede que ele sinta os [demais] cheiros do ambiente. Isso pode acarretar em um cachorro ansioso e agitado”, esclarece Halina.

Thiago Teixeira pontua que os produtos recomendados para os pets são um ótimo ponto de partida. Mas frisa que é a orientação de um veterinário é indispensável nestes casos, até para que o profissional possa avaliar o bichinho e identificar se ele realmente pode usar determinado produto.

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“Os tutores querem mostrar que dá para fazer um cuidado em casa. O ponto chave para diferenciarmos é que sem uma recomendação médica ele pode errar a mão e, por excesso de produtos, causar alguma alergia, um estresse que não teria necessidade.”

Mas afinal, como dar o banho correto?

“Em cães de pelo longo o banho pode ser semanal ou quinzenal. Cães de pelo curto dá pra espaçar e dar uma vez por mês ou até mais”, indica Halina Medina. Ela ressalta que não se deve dar mais um banho na semana sob o risco de tirar a proteção natural da pele do animal.

O exagero pode causar dermatite e, inclusive, mau cheiro. “Eu acho que, se a pessoa se incomoda tanto assim com o cheiro natural do cachorro, ela deveria ter um de pelúcia.”

Halina Medina com os seus pets Pandora e Cléo. Foto: Tiago Queiroz

Thiago ainda diz que existem as opções de banho seco. “O banho pode ser dado semanalmente e existe também produtos de banho a seco que o tutor pode fazer em casa, [que consiste em] passar um produto no pelo do pet que vai deixá-lo mais brilhante e já é o suficiente”, comenta.

O veterinário enfatiza também que, apesar do shampoo e o condicionador serem suficientes, existem cachorros que podem precisar de outros produtos para algum tratamento específico. Logo, é preciso sempre da orientação de um profissional.

Por isso, Carlos Larsson Junior pontua o que se deve levar em consideração. “Devem ser consideradas características raciais, tipos de pelagem, princípios ativos utilizados - alguns podem causar reações graves -, assim como a existência de enfermidades cutâneas”, diz.

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