Um problema de segurança no reator nuclear canadense que produz uma substância radioativa usada com fins médicos está obrigando hospitais e clínicas do mundo inteiro a suspender exames. No Brasil, calcula a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, 8 mil exames deixarão de ser feitos diariamente a partir da semana que vem. O material é o tecnécio, um marcador radioativo produzido a partir do molibdênio. Injetado no organismo, o caminho do tecnécio pelo organismo consegue ser "enxergado" por aparelhos de cintilografia. É possível ver, por exemplo, se células cancerígenas em metástase chegaram aos ossos, se há danos no cérebro responsáveis pela epilepsia, se o coração tem problemas que possam levar a um enfarte e se existe coágulo em alguma veia que possa provocar embolia pulmonar. No dia 18 de novembro, o reator da empresa Atomic Energy of Canada foi desligado para manutenção. Mas ainda não voltou a funcionar porque foi encontrada uma falha no sistema de resfriamento. Por nota, a empresa informou que pretende retomar as operações "o mais rapidamente possível". Extra-oficialmente, comenta-se que isso só ocorrerá em janeiro. A Atomic Energy of Canada fornece 45% do material radioativo usado nas cintilografias do mundo inteiro. Outras regiões do mundo produzem o material, mas em quantidade pequena. "Quando a produção voltar ao normal, os países ricos certamente terão preferência", preocupa-se José Soares Jr., presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear. Cerca de 400 hospitais e laboratórios em todo o Brasil, na rede pública e particular, utilizam o tecnécio. No Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, por exemplo, são feitos 40 exames diários.
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