A presença intensa das mulheres no humor brasileiro atual e em lugar de destaque é recente. Esse crescimento da atuação feminina rompe uma barreira de décadas de preconceito. Dani Calabresa contou, durante o programa Conversa com Bial nesta terça-feira, 28, na TV Globo, que sofreu preconceito por ser mulher e fazendo humor.
Para ela, é como se os homens tivessem uma “permissão social” para a comédia: “Fui criada ouvindo que eu não podia falar palavrão, mas os meus amigos homens arrotavam, peidavam iam para o puteiro e contavam isso com orgulho. E quando uma mulher falava que pegava dois (homens), era chamada de louca, piranha e biscate”. A humorista lembrou de um episódio de machismo que ocorreu no início da carreira durante uma apresentação. “Um cara da plateia começou a interromper o show enquanto eu estava me apresentando. Ele gritava ‘gostosa’, entre outras coisas. Quando terminou a apresentação, ele veio falar comigo e continuou. Então, o grupo todo veio e começou a brigar no bar. O Rabin (Fábio) entrou no meio para me defender e deu um soco no gerente”, disse. A partir desse início, Dani Calabresa considera que foi desafiador enfrentar o machismo nesse contexto. “Para mim, foi difícil romper essa barreira e me impor em um lugar de que não sou louca, mas de que sou artista, comediante e escrevo piadas”, afirma.
Ela acrescenta que, ao entrar na área, existe ainda um tempo para que a ‘ficha caia’ na sociedade. “Demora um tempo grande para as pessoas aceitarem isso e reconhecerem as comediantes maravilhosas que temos por aí. E temos tantas mulheres comediantes talentosas que, graças a Deus, estão conquistando um espaço cada vez maior”, avalia.
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