Expedita Ferreira Nunes, filha de Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, e Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita, processou o apresentador Tiago Pavinatto por danos morais e direito de imagem. A informação foi confirmada pelo Estadão, que teve acesso ao processo, nesta quarta-feira, 22.
Expedita pede uma indenização de R$ 245 mil de Pavinatto e da editora Almedina, responsável pela publicação de Da Silva: a Grande Fake News da Esquerda: o Perfil de um Criminoso Conhecido e Famoso Pela Alcunha Lampião. O apresentador fez uma série de publicações nas redes sociais e defendeu o conteúdo. Leia mais abaixo.
Em nota enviada ao Estadão, Pavinatto informou que ele e a editora ainda aguardam a citação. Conforme o apresentador, ele soube do processo ao fazer uma busca judicial por seu nome.
A ação corre no Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe (TJSE). A reportagem contatou a editora responsável pelo livro para um pronunciamento, que disse que aguarda a citação do processo.
Em comunicado à reportagem, os advogados de Expedita alegaram que a intenção não é censurar o livro, já que muitas publicações tratam da história de Lampião e Maria Bonita, e que Pavinatto estaria se utilizando deste argumento para alavancar as vendas.
“O que a família identifica, é que há uma tentativa de uma pessoa radicalizada em associar a figura de Lampião ao grupo político que ele rejeita, ou que não tem simpatia. Essa ligação não tem fundamento histórico ou sociológico. O fenômeno do cangaço data do início do século 20, num sertão dominado por Coronéis, e seria impossível associá-lo a qualquer figura política dos nossos tempos”, escreveu a equipe jurídica da filha de Lampião.
Ainda conforme os advogados, o objetivo do processo é “resguardar os fatos históricos” e “assegurar a devida retratação aos familiares de Lampião”. “Destacamos que a família Ferreira tem atuado ativamente para coibir qualquer tentativa de exploração comercial desautorizada dos nomes de Lampião e Maria Bonita e reiteramos nosso compromisso em continuar a proteger a memória e o legado dessas figuras históricas”, escreveram.
O apresentador fez uma série de publicações citando o caso nas redes sociais. Em seu canal no YouTube, Pavinatto se pronunciou sobre o caso. Segundo ele, o teor do processo lhe foi informado por um jornalista de Sergipe, já que não teve acesso aos autos e nem à petição inicial. Expedita acusa o apresentador de macular o nome e a honra de Lampião.
No vídeo, Pavinatto reforça o conteúdo do livro e usa termos como “ladrão”, “psicopata” e “estuprador”. O apresentador ainda comentou sobre um pedido por um prólogo e uma retratação nas redes sociais, o que ele se nega a realizar.
“Você está pedindo retratação para a pessoa errada. Eu não sou pessoa de se retratar”, disse no vídeo. Os advogados de Expedida frisaram que a retratação, o prólogo e a retirada dos adjetivos usados pelo apresentador seriam exigidos pela família apenas após o julgamento.
A filha de Lampião também pede para que o livro seja reescrito sem adjetivações, sob pena de multa diária no valor mínimo de R$ 500. O apresentador defendeu que realizou uma pesquisa para escrever a publicação e disse que se negará a reescrevê-la.
Em comunicado à reportagem, o apresentador argumentou que o motivo do processo seria um “excesso de linguagem”, e não os fatos expostos no livro. “Nada do que escrevi foi tirado do meu sentir; tudo está embasado na vasta bibliografia informada no livro”, escreveu.
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