Filhos de Cid Moreira entram na Justiça após serem retirados de testamento; entenda embate familiar

Rodrigo e Roger Moreira tinham relação conturbada com pai e entraram com pedido de abertura de inventário; advogado de viúva diz que filhos promovem ‘ações infundadas’ contra Fátima Sampaio e Cid Moreira

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Foto do author Sabrina Legramandi
Foto do author André Carlos Zorzi

O embate familiar que envolve Cid Moreira e os filhos, Rodrigo e Roger Moreira, ganhou um novo capítulo após a morte do apresentador na última quinta, 3, aos 97 anos. Cid excluiu os filhos do testamento e Rodrigo e Roger entraram com um pedido de abertura do inventário do pai reclamando da decisão. A informação foi confirmada pelo advogado de Rodrigo e Roger, Ângelo Carbone, ao Estadão neste domingo, 6.

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Em contato também com o Estadão, o advogado Davi de Souza Saldaño, que representa Fátima Sampaio, viúva do apresentador, disse nesta segunda, 7, que o pedido de deserdação e exclusão de Rodrigo e Roger do espólio de Cid foram feitos “pela indignidade prevista no código civil”.

Saldaño ainda chama de “ações infundadas” os embates promovidos pelos filhos do apresentador e afirma que ambos foram acusados pelo Ministério Público pela prática de “denunciação caluniosa”. Leia a nota completa do advogado de Fátima Sampaio abaixo.

Cid Moreira retirou os filhos de testamento. Foto: Fabio Motta/Estadão

Em vídeo enviado à reportagem, Rodrigo Moreira diz que Cid Moreira “deixou de conhecer o melhor amigo dele, que sou eu”. Ele alega que o apresentador não quis tentar uma reaproximação. “É um buraco que vai ficar dentro de mim para sempre”, afirma.

O pedido de abertura de inventário descreve que Rodrigo e Roger seriam “pobres na expressão da palavra”. Rodrigo afirma ter “resquícios psicológicos da falta do pai” e realizar acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Já Roger diz que o pai o “deixou em uma situação muito vulnerável, que continua até hoje”. O advogado dos dois pede R$ 100 mil como valor da causa “até que seja apurado o patrimônio do finado”.

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Ângelo Carbone ainda alega que Fátima não teria direito à herança do apresentador por ter se casado com Cid em regime de separação total de bens. O advogado da viúva afirma que o casamento se deu por separação total de bens “em virtude da idade avançada” de Cid. “Justamente por isso, ele manifestou em testamento público, motivadamente, a vontade de deserdar os dois filhos, com base na indignidade prevista no Código Civil brasileiro, excluindo-os da sucessão”, diz.

Carbone afirma que Rodrigo e Roger não foram ao enterro de Cid Moreira “para não causar mais divergências”, mas disse que os dois irão celebrar uma missa de sétimo dia nesta terça, 8, na Catedral da Sé, em São Paulo. “Eles perdoam o pai e agora só buscam os seus direitos, como qualquer herdeiro faria”, diz.

Nota de Davi Saldaño, advogado de Fátima Sampaio

“Não custa informar que advogo para o saudoso Cid Moreira e Maria de Fátima desde o ano de 2021, e me causa repulsa como profissional do Direito essas afirmações do filho adotivo Roger, principalmente diante da vasta documentação produzida nos diversos processos que eles moveram contra o casal, entre outros tantos. Rodrigo, o filho biológico, chega ao cúmulo de afirmar em rede nacional que ‘o pai perdeu o melhor amigo do mundo’. Quem tem um amigo desses, e filhos assim, não precisa de inimigos, confira-se:

Tempos atrás, Roger vivia dizendo na internet que ajuizaria ação trabalhista contra seu genitor, o Sr.º Cid Moreira, com o objetivo de ver reconhecido o vínculo de emprego e, por consequência, requerer o pagamento das verbas rescisórias a ele supostamente devidas, pelo tempo que ‘perdeu’ e deixou de estudar, quando ainda ajudava Cid Moreira em seu estúdio no apartamento localizado na Barra da Tijuca.

Ademais, Roger Moreira e seu irmão, Rodrigo Moreira, também ajuizaram ações autônomas pleiteando indenização por danos morais de cunho afetivo, cada qual atribuindo à causa o valor de aproximadamente R$ 1 milhão de reais. Tais pleitos foram totalmente julgados improcedentes.

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Na sequência, os irmãos passaram a imputar falsas acusações contra Maria de Fátima Sampaio Moreira, viúva do Sr.º Cid Moreira, alegando a prática de maus-tratos ao idoso, cárcere privado, desvio patrimonial e outros delitos relacionados à administração do patrimônio dele. Além de pleitearem a prisão da viúva, os irmãos também ajuizaram denúncia formal que culminou em uma acentuada investigação policial.

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Todavia, em razão da inconsistência das provas apresentadas, foi apurada a prática de denunciação caluniosa por parte dos filhos, sendo ambos denunciados pelo Ministério Público por tais atos, estando o processo em curso na 1ª Vara Criminal da Comarca de Petrópolis.

Concomitantemente, Roger e Rodrigo ingressaram com ação de interdição na vara de família de Itaipava, requerendo, em caráter liminar, o bloqueio de todos os bens de Cid Moreira e que Roger fosse nomeado tutor, alegando que o pai se encontrava em estado de senilidade, incapaz de gerir sua vida e seu patrimônio.

A alegação era pretensamente fundamentada na idade avançada de Cid, associada à afirmação de que Maria de Fátima estaria ‘dopando’ o marido para controlar suas finanças, desviando valores para terceiros e planejando a internação dele em um asilo, como a ‘Casa dos Artistas’, por exemplo. Além disso, foram feitas alegações de falsificação de documentos e transferência patrimonial ilícita, visando a colocação dos bens de Cid em nome de Maria de Fátima, e até mesmo de seus familiares.

O pedido liminar foi acertadamente negado pela Justiça, com base em laudos periciais médicos anexados aos autos, além de audiências de instrução e impressão pessoal que demonstraram, de forma cabal, ainda no ano de 2022, principalmente por meio da prova oral, que Cid Moreira estava plenamente capaz de gerir seus próprios interesses.

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O idoso se encontrava em pleno gozo de suas faculdades mentais, inclusive continuando a exercer atividades laborais e assinado contratos. Posteriormente, durante o ano corrente, o mérito da ação foi julgado improcedente pela Vara de Família de Itaipava.

Frustrados com o resultado da ação de interdição, Roger e Rodrigo, por intermédio de seus advogados, passaram a questionar a idoneidade de diversas autoridades envolvidas no processo, incluindo juízes, promotores e delegados de polícia da comarca de Petrópolis, sendo rechaçados em todas elas.

A defesa dos filhos chegou ao ponto de contestar a capacidade dos médicos responsáveis pela elaboração dos laudos psiquiátricos que atestavam a plena sanidade mental de Cid Moreira.

Tais afirmações, no entanto, não encontraram amparo nos autos, uma vez que os profissionais possuíam vasta qualificação técnica e reconhecimento, até mesmo internacional, nas áreas em que atuavam.

Não obstante, Roger Moreira, em nova tentativa de desestabilizar a imagem de seu pai adotivo, formulou uma grave acusação no final do ano de 2023, e outra em meados do ano corrente, afirmando que havia sido vítima de abusos sexuais praticados por ele, enquanto ainda possuía 14 anos, por mais de 1.400 vezes, e requereu a prisão da pessoa que hoje, após sua morte, diz ‘amar’.

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Após análise atenta das provas e argumentos apresentados por ele, o judiciário rejeitou a acusação e determinou a extração de cópia com remessa ao Ministério Público, para a devida apuração de possível prática de denunciação caluniosa por parte de Roger, procedimento que se encontra, atualmente, em tramitação perante a 2ª Promotoria de Investigação Penal da Barra da Tijuca.

Todos esses fatos foram amplamente divulgados pela imprensa e reiterados pelos filhos do Cid, em conjunto com seu advogado, Ângelo Carbone, que nos parece adorar um sensacionalismo midiático. A narrativa construída pelos filhos e por seu defensor foi manifestamente enviesada, com o objetivo de manipular a opinião pública, ocultando os resultados judiciais que foram desfavoráveis as suas obscuras pretensões.

Diante de tais perseguições incessantes, Cid Moreira se viu obrigado a pleitear medidas protetivas junto à Vara da Infância, Juventude e Idoso da Comarca de Petrópolis, uma vez que, por razões obvias, não queria nenhum tipo de contato com seus ‘filhos’, principalmente o adotado.

Foi solicitado o afastamento dos filhos, Roger e Rodrigo, e a proibição de que mantivessem qualquer tipo de contato, direto ou indireto, com ele. O pleito foi deferido em relação ao Sr.º Cid, mas indeferido quanto a Maria de Fátima, em razão de sua idade, naquela época, não alcançar a proteção prevista no Estatuto do Idoso.

Maria de Fátima, ao longo dos mais de 23 anos de casamento com Cid, dedicou-se integralmente ao cuidado do marido, o que é amplamente reconhecido por inúmeros familiares, amigos do casal, empregados e colaboradores que tiveram o privilégio de conviver com eles. Testemunhas dispostas a atestar o carinho e dedicação de Fátima, e sempre estiveram prontas a depor a favor dela.

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No fim de sua vida, o Sr. Cid, já bastante debilitado, passou por diversos tratamentos médicos, sendo que, uma semana antes de sua internação final, ele já havia buscado atendimento para tratar um princípio de trombose, o que o obrigou a utilizar cadeira de rodas.

A esposa, Maria de Fátima, adequou toda a estrutura da casa para garantir-lhe todo conforto necessário. Cid permaneceu internado por 29 dias antes de falecer, sendo assistido em tempo integral por sua esposa durante todo esse período, que não acreditava e não queria seu fático evento.

Cid manifestou em rede nacional, tempos antes de seu falecimento, o desejo de ser enterrado ao lado de sua primeira esposa, filha e neto, pedido que foi integralmente respeitado por Maria de Fátima.

O velório e enterro duraram quase três dias, e, mesmo com a extinção da medida protetiva devido a morte de Cid, Roger e Rodrigo não compareceram às cerimônias, sob controversos argumentos, embora tivessem plena liberdade para fazê-lo.

Curiosamente, no entanto, poucas horas após o falecimento de Cid, os irmãos já haviam ingressado com o pedido de abertura de inventário, solicitando inclusive gratuidade de justiça, o que se revela incoerente frente às alegações públicas de Roger, que afirma ser um cabeleireiro renomado, atendendo mais de 60 artistas famosos, requerendo que lhe fosse dada a inventariança para que administrasse os bens do pai, o que, por si só, já é uma aberração eivada de escárnio.

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Além disso, Roger e Rodrigo negaram conhecimento de um testamento deixado por Cid, que os deserdava pela referida indignidade excluindo eles da herança, informação essa que pode ser facilmente verificada e comprovada pelos testamentos anteriores, o que era notório entre eles. Ao longo de todo esse processo, os filhos de Cid agiram de forma a manchar a imagem do pai e de sua esposa pelo Brasil afora, alimentando falsas narrativas e imputando crimes inexistentes, em clara tentativa de obter vantagem econômica.

Assim, diante de todo o exposto, resta a seguinte reflexão, acompanhada da maioria dos brasileiros: quem, em tal cenário, acolheria filhos indignos que, ao invés de zelar pela integridade emocional e física do pai, lançam-se em cruzada de falsidades para obter proveito patrimonial em busca do vil metal? Sendo essa a bússola das suas alucinadas orientações. Acredita-se que ninguém!”

Entenda o caso

A relação de Cid com os filhos sempre foi conturbada. O jornalista se afastou de Rodrigo desde sua separação de Olga Verônica Radenzev, encontrando-o poucas vezes enquanto ele crescia. Já Roger, adotado pelo apresentador aos 20 anos, revelou ter sido deserdado pelo pai adotivo após se assumir homossexual.

O primeiro processo de Rodrigo contra Cid começou em 2006, quando o comerciante entrou na Justiça pedindo R$ 1 milhão por abandono afetivo do pai. Ele perdeu a ação e não tentou mais se reaproximar do ex-âncora do Jornal Nacional.

Já Roger entrou na Justiça contra o pai por homofobia, abandono afetivo e evasão escolar, afirmando que Cid o teria incentivado a deixar os estudos.

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Em 2021, os dois filhos do apresentador entraram com um processo na Justiça que pedia a interdição de Cid Moreira e a prisão de Fátima Moreira, alegando que a madrasta teria transferido cerca de R$ 40 milhões do marido para a própria conta e de parentes, além de ter vendido diversos imóveis do cônjuge e supostamente mantê-lo em cárcere privado. Tanto Cid quanto Fátima negaram as acusações. Roger e Rodrigo perderam os processos.

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