Danilo Gentili lidera o ranking de comediantes processados por causa de piadas no Brasil. É o que diz o mural exposto em uma das paredes do My Fucking Comedy Club, o clube de comédia dele próprio, localizado na zona central da capital paulista.
Ao receber a reportagem do Estadão no local para uma entrevista exclusiva, Gentili fez questão de apresentar o quadro no qual são contabilizadas 117 ações contra o apresentador do SBT (dados reunidos pelo advogado dele, explica). Na sequência da lista estão Léo Lins e Rafinha Bastos.
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“Fui o cara que mais chegou perto de ser preso no Brasil por causa de uma piada”, relembra Gentili, ao se referir sobre o episódio com Maria do Rosário, quando o humorista foi condenado à prisão em primeira instância, em 2019, após rasgar o processo da deputada do PT e passar nas partes íntimas.
“Quando veio o [processo] criminal, não fiquei assustado. Fiquei assustado depois, porque você começa a entender como o sistema funciona e que o sistema não existe. O sistema é o juiz do dia. Você não tem uma jurisprudência, uma coerência ou uma Primeira Emenda que pauta a discussão. Se o juiz do dia acha que você falou uma coisa que ele não gosta, você vai preso e acabou. Na ocasião, o Zé de Abreu tinha cuspido no rosto de uma mulher, e a Maria do Rosário tinha defendido o Zé de Abreu. Aí eu falei: ‘Peraí, eu faço uma piada, é machismo. O cara cospe na cara de uma mulher e tá tudo bem porque é do seu partido?’. E aí ela não gostou, mandou a censura, eu rasguei, devolvi. Sabe o que aconteceu? A juíza do criminal arquivou o caso e falou: ‘Isso aqui é liberdade de expressão, uma forma de protesto’. Aí ela [Maria do Rosário] deu uma canetada, [o processo] foi para o desembargador no Rio Grande do Sul, o cara desarquivou, mandou para um julgamento em São Paulo, e daí fui condenado na primeira instância. Então ali assustei, porque pelo sistema o caso estava arquivado. Rolou uma coisa além do sistema. Se eu tivesse sido condenado na segunda instância, eu teria ido preso”, relembra.
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Pouco antes de subir ao palco para uma apresentação de stand-up marcada pela aparição do ator Vincent Martella, o Greg de Todo Mundo Odeia o Chris, Gentili também se manifestou a respeito da liberdade de humor.
“O humorista é aquele canário da mina de carvão. Os mineiros iam com o canário na frente porque se tivesse gás venenoso o canário morria. O humorista não é uma pessoa importante. A opinião do humorista não interessa. E é engraçado porque as pessoas vêm, perguntam as coisas para o humorista, ele responde e se f*. Só que não interessa nem um pouco o que acho das coisas. Sou um merda. Sou assumidamente um cara que está ali, vai subir no palco e falar um monte de merda para as pessoas rirem. É só para isso que sirvo”, opina.