Não é de agora que a atriz Paolla Oliveira é cobrada por um corpo perfeito e esbelto. Mas ela parou de deixar isso afetá-la. Ao Fantástico, da Globo, neste domingo, 14, ela disse que mudou a forma de enfrentar as críticas e imposições sobre o corpo que, afinal, é dela. “O que a gente está falando aqui é sobre liberdade, sabia?”
Além de atriz, Paolla é também rainha de bateria da Grande Rio. Ela afirma que já houve momentos em que chegou a pensar em deixar de desempenhar o papel no carnaval.
“Você imagina, me arrumar de achar linda, fazer uma roupa maravilhosa, e você vai para o ensaio. Chego no ensaio, você é gongada, você é massacrada, criticada, você não quer voltar”, conta.
Ela fala que já foi muito afetada pela busca do corpo perfeito, que guardava revistinhas de dietas desde muito jovem, mas que agora encara a vida com mais liberdade. Tanto para ter o corpo que ela quiser, quanto para sair como quiser e poder aproveitar o carnaval. A preocupação com a forma como era fotografada amenizou.
“Já me maltratou muito, não queria ver. Eu tinha taquicardia, suava de nervoso de ver uma foto horrível, de ver um braço coisado que não era o que tinha que ser. Então, assim, é uma coisa horrorosa”,
compartilha Paolla.
Entretanto, com os anos e o apoio principalmente de seguidoras nas redes sociais, as perspectivas mudaram e ela parou de tentar se enquadrar em modelos impossíveis. “Eu não estava me sentindo daquele jeito, estava me sentido bem, feliz. Então, eu comecei a ver a onda de mulheres admirando, e eu comecei a ver as críticas de um olhar um pouco mais afastado”, comenta.
Ela agora faz vídeos no Instagram exaltando a aceitação dos próprios corpos, não sem a consciência de que ela mesma faz parte de um grupo bastante restrito. “Eu respondo, eu argumento, eu faço vídeos. Eu me sinto corajosa de estar fazendo isso. Do alto do meu privilégio, uma mulher branca padrão, bem sucedida, eu estou falando: eles não me deixam em paz”, diz Paolla.
A atriz ressalta que essas exigências são mais um elemento da desequilibrada balança entre homens e mulheres, da qual elas seguem excluídas de muitos círculos. “Provavelmente, quem está decidindo a ordem mundial das coisas não está sendo apontado, perguntando se a gravata combina com o terno”.
A mudança não veio do dia para a noite, porém. Paolla afirma que é provocada há anos por mensagens diversas de pressão social pela magreza e por maior aceitação física. Para ela, isso afeta todas as mulheres, que acabam não se posicionando. “É o tempo inteiro, só que a gente se cala. O estar mais confortável me faz ter mais vontade de falar, de querer subverter os lugares que eu mesma já ocupei”.
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