Prestes a lançar seu primeiro disco em quase cinco anos, Rita Ora está vivendo a melhor fase de sua carreira. Em 2022, ela deixou a Atlantic Records, assinou um contrato com a gravadora alemã BMG e, com a mudança, conquistou o direito de ser a dona dos direitos autorais de suas músicas.
Na vida pessoal, a artista de 32 anos também viveu uma grande realização. Em agosto, ela se casou com o ator e diretor Taika Waititi, de 47, em uma cerimônia privada que só foi confirmada em janeiro de 2023, com o lançamento do clipe da música You Only Love Me.
O vídeo mostra Rita vestida de noiva - e convidadas especiais, como Kristen Stewart e Sharon Stone - em um casamento que, diferente da vida real, acaba de forma desastrosa. A canção é o pontapé inicial para o próximo álbum da cantora, que ainda não tem data de lançamento, mas já está sendo divulgado por ela.
Em conversa com o Estadão por telefone, Rita afirmou que está no momento mais maduro de sua carreira, falou sobre o desejo de retornar ao Brasil após uma apresentação marcante no Rock in Rio 2022, e opinou sobre as discussões sobre direitos autorais que estão mudando a indústria musical. Confira:
Em sua participação no programa ‘The Tonight Show com Jimmy Fallon’, você disse que seu novo álbum é “mais do que só música”. Como você sente que essa fase da sua vida e carreira é diferente das anteriores?
Tive uma experiência incrível nesses últimos dois anos fazendo esse álbum porque parece que todo dia tem algo novo para escrever sobre. Eu decidi começar anotando ideias de músicas que tive no meio de conversas que eu estava tendo com o meu marido e, basicamente, criar uma história de amor. Esse disco que decidiu por mim e se transformou na minha história de amor para todos vocês. Eu espero que faça vocês se sentirem nostálgicos e super felizes quando escutarem.
Você ainda está gravando as canções e terminando a produção, ou o álbum já foi concluído?
O álbum já foi concluído, na verdade. Nós acabamos de terminar a mixagem, então estou muito feliz.
No videoclipe da música ‘You Only Love Me’, acontece um casamento que, claro, é bem diferente do que você teve na vida real. Como foi o processo criativo por trás desse vídeo?
Foi tão divertido porque eu pensei “vamos transformar isso em uma resposta divertida”, porque sei que todos estavam perguntando: “Ela está casada? Ela realmente se casou?”. Eu pensei que fazer uma distorção cômica disso seria uma coisa inteligente a se fazer porque eu nunca realmente respondi a questão, mas acho que foi esclarecido por meio da minha música.
Eu digo isso o tempo todo: vocês vão receber as respostas com as músicas. Mas, sim, eu só queria me divertir com isso e eu convidei todas as minhas amigas para participarem. Tive muitas participações, tipo Kristen Stewart, Sharon Stone, Addison Ray e muitas mulheres poderosas e independentes que me inspiram. Foi muito bom.
Essas participações especiais foram sua ideia? Como você convidou todas essas mulheres para aparecerem no vídeo?
Sim, foi minha ideia. Eu basicamente só queria que todo mundo estivesse envolvido. Foi como a lista de convidados do meu casamento dos sonhos, com pessoas que eu sempre amei. Aconteceu naturalmente. Eu perguntei para as pessoas e elas ficaram tipo: “Claro, com certeza”.
Você passou pelo Brasil recentemente e fez uma apresentação no Rock in Rio 2022. Como foi a experiência?
Meu Deus, foi incrível. Tenho que te dizer: eu sinto que preciso voltar mais vezes. Eu tinha agendado para ir à América do Sul para o Lollapalooza [em 2020], mas o festival foi cancelado [por conta da covid-19] e eu fiquei muito chateada. E então surgiu a oportunidade do Rock in Rio e eu fiquei tipo: “Ótimo, pelo menos posso ver meus fãs pessoalmente”.
Eu acho que no Brasil eu tenho muitos fãs, não sei por que, mas sou muito grata que eles gostam de mim. Eu sei que Rita é um nome bem popular no Brasil, é um nome antigo. Sinto que todas as mães chamam Rita ou algo do tipo. Mas eu me diverti muito. Fiquei muito surpresa que todos estavam cantando as canções. Eu preciso voltar, realmente preciso.
Você já tem planos para voltar? Quem sabe em uma turnê com esse próximo disco?
Sim, eu definitivamente vou voltar com meu próximo álbum. Não vai ser até o ano que vem, mas eu acho que vou fazer alguns festivais no verão e depois viajar com a minha própria turnê em 2024.
Você tem uma presença muito forte nas redes sociais e os seus fãs estão sempre te pedindo para virem ao Brasil. Quão grande é a diferença entre essa comunicação online e a conexão que você cria com o público nos shows ao vivo?
Muda tudo. Eu sinto que é isso que torna tudo real. Você vê as pessoas dizendo “venha para cá, venha para o Brasil”. Mas quando você vê na vida real, você fica tipo “nossa, eles realmente queriam isso”. Eu acho que é um ótimo lembrete de porque eu faço o que eu faço: para me conectar com as pessoas, mudar as vidas delas e talvez inspirá-las. Isso é tudo que eu quero fazer.
Em 2022, quando você assinou um contrato com a gravadora BMG, você ganhou controle total sobre os direitos autorais das suas músicas. Quão importante foi isso para você?
Significou tudo para mim. Eu passei por muitas experiências durante a minha carreira na música, de 2012 até agora, muitos acordos, altos e baixos e promessas vazias. Acho que qualquer garota pode se relacionar quando estiver lendo isso. É como quando você quer muito que dê certo e uma pessoa tem o poder de fazer virar realidade ou tirar tudo de você.
Sentia que, depois de todo esse tempo, ter os direitos sobre as minhas músicas seria uma conquista muito grande e incrível. Isso mostraria para todos que eu consegui, que eu conquistei isso sozinha.
Rita Ora
Isso era algo que eu queria usar também para inspirar muitos jovens de que não é preciso seguir o tradicional contrato com uma gravadora. Tem muitos outros jeitos pelos quais você pode fazer isso e ter todos os direitos sobre a sua música, ganhar todo o dinheiro justo que você merece. Não quero entrar em tantos detalhes porque é meio entediante, mas é muito legal, é um novo jeito de se pensar sobre a música.
Isso parece ser uma tendência agora: artistas mulheres conquistando os direitos sobre suas músicas. Como você enxerga esse processo acontecendo na indústria musical?
Eu acho que se você pode inspirar alguém, então é isso que você tem que fazer. Eu acho que existem tantas opções na música hoje em dia, você pode fazer o que você quiser, não é como antigamente. Eu diria que [um bom conselho] é: pense bem antes de “assinar” toda a sua vida.
Você diria que está no momento mais maduro da sua carreira? Se sim, por quê?
Sim, eu definitivamente acho isso. Sinto que tudo mudou. Acredito que estou em um ponto em que me sinto muito livre. Me transformei de uma garota para uma mulher e acho que a música está representando isso.
Como você acha que isso impactou a forma como escreve e cria suas músicas?
Mudou porque eu ganhei controle sobre isso. Estou escolhendo com quem eu trabalho, como eu quero que seja feito e coisas assim. Quando você está em uma gravadora, é muito fácil ser feita de boba, então você tem que ser esperta e tomar o controle quando pode.
Os fãs estão sempre perguntando sobre seu próximo disco e você responde “em breve”. Como é a sensação de saber que as pessoas estão ansiosas para escutar algo que você criou?
Meu Deus, é muito bom. Me mostra que eu estou no caminho certo, então só me faz querer fazer tudo melhor ainda. Fazer videoclipes melhores, shows melhores, turnês melhores. Me faz trabalhar mais duro.
Para finalizar, você já é um grande nome na música. Tem algo que você quer fazer ou coisas que ainda quer atingir?
Bom, eu definitivamente quero fazer mais filmes. Eu quero fazer um pouco de tudo. Eu fui muito inspirada por essas mulheres que fazem um pouco de tudo, como Jennifer Lopez, Lady Gaga, Cher e Madonna. Todas essas mulheres que, ao longo dos anos, fizeram mais de uma coisa só. Esse sempre foi meu sonho: fazer música, mas trabalhar com cinema também.
*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.