O golden Burke de dois anos faleceu no dia 3 de fevereiro na clínica veterinária Zoo Mania na cidade de Eunápolis, na Bahia, após apresentar desconforto e ser encaminhado para atendimento médico. A causa da morte foi hipertermia. Burke havia deixado a capital paulista rumo à Fortaleza a bordo da van da empresa MooviPet, que oferece transporte rodoviário para cães entre estados brasileiros.
![](https://www.estadao.com.br/resizer/v2/IZTEIWDHSVLW7CGEKZ7YZYUO4Y.jpg?quality=80&auth=7ca241ac98d52d0f8b4e907719f7f5ce23d2a2322a31cb9ede62bfd5412920aa&width=380 768w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/IZTEIWDHSVLW7CGEKZ7YZYUO4Y.jpg?quality=80&auth=7ca241ac98d52d0f8b4e907719f7f5ce23d2a2322a31cb9ede62bfd5412920aa&width=768 1024w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/IZTEIWDHSVLW7CGEKZ7YZYUO4Y.jpg?quality=80&auth=7ca241ac98d52d0f8b4e907719f7f5ce23d2a2322a31cb9ede62bfd5412920aa&width=1200 1322w)
Antes de falecer foi levado para atendimento veterinário no Pet Nort Hospital Veterinário, em São Mateus, Espírito Santo, e liberado depois de ser medicado e mostrar-se estável, conforme informa a MooviPet. Voltou a sentir-se mal e faleceu quando estava sendo assistido pelo veterinário Tiago Cruz, já na Bahia.
O que diz a Moovpet
Segundo a empresa, a van estava com ar condicionado ligado e os demais animais a bordo não demonstraram desconforto. Eles alegam que pediram o laudo médico do Burke, que não indicava nenhum tipo de anomalia e, por isso, foi classificado como "verde" e levado no veículo coletivo quando deveria ser "amarelo" e ir no privativo que é destinado para cães que apresentem ansiedade, stress, problemas de saúde e pode ir acompanhado do tutor. "Como um animal de 50 quilos não teve a obesidade apontado no formulário? As inconsistências das informações passadas pelo tutor foi um fator que contribuiu certamente para que infelizmente tal fato viesse a ocorrer e estamos de posse de todas as tratativas realizadas e nossa conduta durante a intercorrência. Entendemos a dor da perda, mas em nenhum momento houve imperícia ou negligência de nossa parte", afirma Eduardo Carvalho, proprietário da empresa.
A versão da tutora
Pela rede social Instagram, a Gyselle Valente, tutora do Burke afirma que ele havia passado recentemente por uma bateria de exames para realizar limpeza de tártaro nos dentes, que exige anestesia geral e estava em boas condições de saúde. Além de ter o atestado de viagens emitido pelo Hospital e UTI Emergencial VET, que inclusive é exigido pela MooviPet. E questiona porque a empresa transportou o Burke se eles o consideravam obeso e com risco de vida? Transtornada, pede justiça e chama a empresa de assassina.
Como a lei vê o caso
O advogado Leandro Petraglia do escritório Furno Petraglia e Pérez Sociedade de Advogados e especialista em direito animal pela UFPR e pela UFU, avalia que a responsabilidade é da empresa contratada para fazer o transporte do Burke: "Acredito que a avaliação do melhor tipo de transporte é um critério técnico da empresa, a qual deve avaliar, clinicamente, a situação do animal e indicar o transporte adequado, pois não é do consumidor, hipossuficiente tecnicamente, esta análise".
E salienta que era papel do veterinário da MooviPet, que atua como um responsável técnico da empresa, ter avaliado e ratificado as informações fornecidas pelo cliente que no caso é o tutor do animal, evitando a tragédia que aconteceu com o Burke.
Analisando pelo viés do Código do Consumidor, pois trata-se da contratação de um serviço onde o Burke também é o consumidor, Petraglia salienta: "A empresa responde pelo risco do seu negócio, tendo que, então, indenizar a família por todos os prejuízos, em especial os prejuízos morais".