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Opinião|Patagônia: terra de cura

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Por Cris Berger

Um dos lugares que eu mais amo no mundo é o parque Nacional de Torres del Paine no extremo sul do Chile. Fazia 10 anos que eu não o visitava e o escolhi em um momento muito delicado e doloroso da minha vida, quando perdi meu grande amor, a Ella.

Praia de pedras. Foto: Arquivo Pessoal

Natureza bruta

A Patagônia não é um destino qualquer e costuma ser escolhida por pessoas que amam a natureza e precisam de uma conexão maior com o universo, Deus ou algo que esteja e seja acima de nós. Essa, pela menos, é a minha percepção. Tudo nela é grande, intenso e forte. Ela é selvagem, não há como ficar indiferente.

Glaciar Grey. Foto: Arquivo Pessoal

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Como a maior parte dos parques nacionais, ela não aceita animais de estimação, portanto, essa viagem nunca poderia ser feito com a Ella. Com a sua partida, que fere profundamente meu coração, resolvi voltar a vê-la e tentar amenizar a dor de dizer adeus a quem mais amo no mundo.

Roteiro pelo Chile

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Antes de chegar em Torres Del Paine, passei dois dias no Vale do Rosário, na Vinícola Matetic e por ali começaram meus dias de luto. Depois segui para a cidade de Punta Arenas e, finalmente, cheguei no hotel Lago Grey (Diárias a partir de R$ 1.650,00 para duas pessoas com pensão completa) única opção de hospedagem aberta durante o inverno dentro do parque.

Rumo ao fim do fim do mundo

Em Punta Arenas alugamos um carro 4X4 e depois de receber muitos alertas sobre os cuidados com o gelo na estrada, partimos rumo ao fim do fim do mundo, afinal, este é o último ponto de terra antes de chegar à Antártica.

Pela Ruta 9 rodamos 246 quilômetros por cerca de três horas e meia até chegar na pacata e charmosa cidade de Puerto Natales e, logo, partimos para o parque nacional. Quando viramos à esquerda em direção a Cueva Del Milodón, lembrei porque coloco Torres Del Paine entre os cinco destinos mais bonitos do mundo: a formação rochosa das suas altas montanhas parecem talhadas a mão, são pura arte!

O caminho até o hotel Lago Grey tem partes asfaltadas e pequenos pedaços de terra com pedras. As condições climáticas podem deixar o trajeto mais complicado, mas quando fomos, eu diria que nem um carro 4X4 se faria necessário. Saindo de Puerto Natales em menos de duas horas paramos nosso carro no estacionamento do hotel.

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Percorremos uma passarela de madeira e chegamos na recepção. Claro que nesse momento seus olhos são atraídos para a grande parede de vidro, que vai do chão ao teto e revela a beleza da praia de pedras negras, o glaciar azul e as montanhas gigantescas.

Hotel Lago Grey

Há dois tipos de hospedagem: os quartos com vista para o jardim e os que mostram a trilogia glaciar, montanhas e praia de pedras. Se você gosta de curtir momentos de relax na privacidade do quarto, deve optar pela categoria superior.

Vista do quarto. Foto: Arquivo Pessoal

Ou optar pelas habitações mais baratas e aproveitar a sala e mesas do restaurante e bar para contemplar a paisagem. Também vale pontuar que há diversas expedições que o manterão um bom tempo fora do hotel.

Vista das mesas do restaurante. Foto: Arquivo Pessoal

A hospedagem inclui todas as refeições, que além do tradicional café da manhã conta com almoço e jantar. O café é no sistema buffet com opções de ovos a la carte e as demais refeições escolhidas no cardápio.

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Buffet de café da manhã. Foto: Arquivo Pessoal

Glaciar Grey

Além do hotel Lago Grey ser a única opção de hospedagem aberta no parque durante os meses de inverno, ele tem um passeio disponível também para quem não está hospedado, a bordo de um catamarã, que chega bem pertinho da geleira de mesmo nome.

Beleza azul. Foto: Arquivo Pessoal

As guias, que falam em espanhol e inglês, relatam dados curiosos da fauna e flora local e nos encantam com o fascínio das geleiras, que são responsáveis pela vida na Terra. O Glaciar Grey é a terceira maior geleira do mundo, com 17 mil km2 de extensão, perde apenas para a Antártica e Groenlândia.

Natureza bruta. Foto: Arquivo Pessoal

Durante três horas navegamos pelo lago de cor cinza e nos deslumbramos com o azul do gelo condensado. "Quantas mais azul, mais velho o gelo é", explica a guia Paulina. "Não haveria vida na terra se não fossem as geladeiras", acrescenta Cota. Eu eu penso: haverá vida sem a Ella?

Dentro da cabine é quentinho, então, basta você sair e entrar para ir equilibrando a temperatura do corpo com o vento gelado. Nos dias com vento, a sensação é ainda de mais frio, por isso, estar vestido com roupas "inteligentes" é fundamental. Invista em um casaco e calça corta vento e por baixo use polar e uma blusa térmica para esquentar.

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Espere que a tripulação pesque um pedaço de gelo no lago, que será triturado e servido no calafate sour, uma versão do pisco sour (caipirinha chilena) com a fruta típica da região. Um brindei à Ella com gelo milenar.

Gelo milenar. Foto: Arquivo Pessoal
Opinião por Cris Berger
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