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Cris Berguer indica bons lugares para conhecer com seu melhor amigo: o cachorro

Opinião | Suíça: o país com cães educados e 100% pet friendly

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Por Cris Berger

Eu gosto tanto da Suíça que tenho medo de conhecer os seus defeitos. Gostaria de seguir a vendo como o modelo ideal de país a se visitar e  viver. Eu amo a sua organização, ruas limpas, segurança e a educação do povo, que se estende aos cães. Eu sempre disse que a Ella tinha educação suíça e comprovei isso durante os 11 dias que rodei pelo país. A Ella teria arrasado! Bem, ela esteve presente de uma outra forma, pois como eu sempre falo: não morre quem não é esquecido. 

Cris honrando a memória da sua filha pet Ella. Foto: Arquivo pessoal.

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Cris Berger honrando a memória da sua filha pet Ella. Foto: Cris BergerMinha temporada começou em Genebra, seguiu para Zurique com direito a passagens rápidas por Winterthur e Sant Gallen e terminou em Crans Montana. Hoje falaremos de Zurique e redondezas. 

Com o Swiss Travel Pass (665 francos por pessoa, válido por 8 dias, em primeira classe) viajei pelas cidades no conforto de trens que nunca atrasam e embarques fáceis e seguros. Basta baixar o App SBB para saber o horário do trem, itinerário e plataforma que ele vai passar. O melhor? Tudo isso é feito com um cachorro de qualquer porte. O único pré-requisito é ele ser educado. Justo, justíssimo!

Cris Berger rodando a Suíça de trem. Foto: Arquivo pessoal

Cabe lembrar que toda pessoa que deseja ter um cachorro na Suíça, não importa se comprado ou adotado, deve fazer um curso e ensinar ao seu pet boas maneiras. Não é o mundo perfeito? Resultado? Os cães têm acesso ao transporte público, hotéis e restaurantes. 

Olá, Zurique 

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Chegamos na bela e grande estação de trem de Zurique no final de tarde. Abrimos nossos celulares para descobrir a melhor maneira de chegar no hotel, que sabíamos ser perto da Central Station, sem a preocupação de ele ser roubado. E essa sensação é realmente fabulosa e perdurou por toda a viagem, inclusive de madrugada. Depois de uma certa dificuldade para entender se deveríamos ir para esquerda ou direita e quase sempre errar pegamos a direção certa. Você também "apanha" do Google Maps?

Em pouco mais de cinco minutos chegamos no Sorrel de Seidenhof, um hotel boutique (diárias a partir de R$ 1.700,00)  que não entra no padrão superluxo, mas agrada viajantes que fazem questão de conforto, charme e boa localização.  O hotel fica a poucos passos da famosa rua Bahnhofstrasse, onde estão as lojas mais luxuosas da cidade, assim como, o metro quadrado mais caro.

Bahnhofstrasse: a rua mais cara e com lojas de luxo de Zurique. Foto: Cris Berger

A guia turística oficial do Zurich Tourism, Luciola Koenig, nos contou, durante um tour pela cidade velha, que 100 metros quadrados desta "Quinta Avenida" suíça valem um milhão de francos, que também revelou suas dicas preferidas: "Gosto de mostrar as casas medievais com mais de 700 anos, recomendo um passeio de barco e mergulho no lago Zurique entre maio e outubro e rodar de ebike por vários bairros da cidade". 

A vitrine de uma petshop no cidade velha. Foto: Cris Berger

Outro ponto positivo do Sorrel é ele ser pet friendly e como parte do serviço oferece para os pets; durante a estadia; cama, comedouros, brinquedos e petisco.

Kit pet do hotel Sorrel. Foto: Cris Berger

No café da manhã servido no elegante restaurante Enja, que fica ao lado da recepção, há espumante, sucos, cafés, vários tipos de queijos suíços - os melhores do mundo - e pães, croissants, bolos, frutas, iogurte e cereais. 

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Café da manhã do Enja para os hóspedes do Sorrel. Foto: Cris Berger

Use o transporte público 

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Os Trams (bonde em português) funcionam tão bem quanto os trens. A propósito, o que não funciona bem por lá? Vi cães entrarem e saírem e desejei profundamente que um dia o Brasil fosse assim também. Será um sonho? Bem, há diversos trams a uma quadra do hotel e todas as pessoas usam transporte público na Suíça porque funciona de forma eficiente, é seguro e pontual. Eu, particularmente, gosto de caminhar para conhecer melhor a cidade e exercitar o corpo, portanto, busquei fazer a maior parte dos trajetos a pé e usei o tram nos dias que o cansaço me venceu ou eu iria me atrasar. Lembrando que o Swiss Travel Pass, que usei no trem, também dá direito ao tram e ônibus em toda a Suíça. 

Abrindo os serviços no Silex

Na primeira noite jantei no Silex, um restaurante descolado e com filosofia sustentável, que serve uma comida esplêndida. Vale realmente pelos ótimos e inventivos pratos que saem da cozinha orquestrada pelo chef premiado George Tomlin, pelos vinhos bem escolhidos do sommelier Jean Denis Roger e pela gerência assertiva da Julia Von Meiss. 

Silex: proposta sustentável e cozinha de autor. Foto: Cris Berger

Pedi pelo menu degustação vegetariano, que come-se com os olhos. Além de apostar na qualidade dos insumos e ter uma forte conexão com a natureza, eles arrasam na apresentação dos pratos, que são quase um finger food. Porém não se engane, eu tive dificuldade de chegar até a última etapa do jantar por ser muita comida. 

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Na mesa de trás tinha um cachorro deitado aos pés do tutor, que certamente fez bem menos barulho (ou melhor, nenhum som) do que qualquer mesa que conversava animadamente. Fiquei acanhada e não quis pedir para fotografá-lo, mas registrei mentalmente aquele momento como o primeiro de muitos que veria pela frente. 

La Flor: melhor chocolate!

A manhã seguinte manteve o alto padrão do Silex, pois tive a honra de conhecer os bastidores do La Flor, hoje considerado um dos melhores chocolates suíços. Esqueça qualquer referência com Lindt, que produz grandes quantidades e está à venda até mesmo nos supermercados do Brasil, pois estamos falando de uma produção pequena, artesanal e com qualidade extrema. 

Durante cerca de uma hora, talvez duas, conversei com uma das fundadoras e CEO da La Flor, Laura Schalchli, que me contou a novidade: em 2025 eles vão se mudar para um novo prédio, que terá um espaço de visitação e loja para receber o público e ele será pet friendly. Portanto, quando você for à Zurique, vá conhecê-los para provar os chocolates que são espetaculares e só podem ser comprados na Suíça. Neste dia, tive a sorte de fazer uma degustação e ver de perto o processo de produção. É genial e, literalmente, delicioso. 

 

Degustação de chocolates da La Flor. Foto: Cris Berger

Lulu "sure, of course"

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No final da degustação e entrevista, mostrei para a Laura uma lista de restaurantes e perguntei se ela conhecia algum e poderia fazer uma sugestão. Depois de uma rápida olhada, disse: vá no Lulu, que fica em um lugar muito bonito. E assim o fiz. Coloquei no Maps o novo destino e saí a caminhar pela cidade que parece ser uma casinha de bonecas ou seria a maquete do mundo perfeito? Após uma boa e bem-vinda caminhada, cheguei em frente ao Opera House (casa de ópera) e identifiquei rapidamente o restaurante, que fica ao lado. Ele estava cheio. "Bom sinal", pensei. Esperei por uma mesa e sentei no sofazinho perto da grande janela de vidro com vista para o lago Zurique. Foi um momento especial.

Vista do restaurante Lulu. Foto: Cris Berger

O Lulu é um restaurante francês com uma identidade visual divertida, bom serviço e ótima comida. Pedi a salada Niçoise, que é um clássico da cozinha francesa e depois uma massa com trufas. E, obviamente, para finalizar um crème brûlée. Do começo ao fim, a experiência foi perfeita. 

O crème brûlée do francês Lulu. Foto: Cris Berger

Eu já estava na rua quando lembrei o mais importante: "será que eles são pet friendly"? Claro que voltei e fiz a pergunta: "Are you pet friendly?" e tive a resposta que aquece o meu coração: "Sure, of course, we are". Deu para entender meu amor pela Suíça? 

Os mercados de Natal

Viajar para a Suíça em dezembro tem uma vantagem: conhecer os mercados de Natal. Eu nunca fui uma entusiasta da data, mas o Natal em Zurique faz você mudar de opinião e acho que me dei conta disso quando abanei para o Papai Noel. Ele estava dirigindo um ônibus, obviamente com decoração natalina, e eu caminhando, quando me dei conta dei oi para ele como uma criança. 

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Cachorro usando roupa natalina no Mercado de Natal de Sechseläutenplatz. Foto: Cris Berger

 O fato é que a cidade estava cheia de mercados de Natal e saindo do Lulu encontrei o da praça de Sechseläutenplatz, que é um dos maiores. Como não dar uma olhadinha? E não se encantar? A decoração é bonita - pensar que eu sempre achei brega - as tendas com comidas, objetos de decoração, luvas, gorros, cachecóis e velinhas são tentadoras. As famílias reunidas, amigos tomando um vinho quente, cães vestidos com roupinhas natalinas fazendo parte do passeio, a musiquinha ao fundo, as luzinhas, o frio que aproxima e o cenário secular revelado na fachada dos prédios vizinhos me fizeram ser a mais nova apaixonada pelos mercados. 

Globo de neve que serve fondue do Lulu. Foto: Cris Berger

E já que toquei no assunto, entre 8 e 21 de dezembro, o Lulu montou um globo de neve no seu terraço que servia fondue e raclette e lembre-se que estamos falando dos queijos suíços, os melhores do mundo. Sim, eu sei que já disso isso, mas nunca é demais ressaltar. A tenda quentinha e transparente mostrava a fachada do Opera House de um lado e o mercado de Sechseläutenplatz do outro. Espero sinceramente que eles voltem em dezembro de 2025, pois provei o fondue naquele cenário de contos de fada e foi uma experiência única. 

Coma fondue como manda o figurino

Queijos. Se você gosta de queijos como eu, deve comer o máximo de vezes possível, os famosos fondues suíços. E cá entre nós,  jantar um fondue em um chalé tem um gostinho ainda mais especial, ainda mais se ele for no topo da montanha. Dito isso, minha indicação vai para o Chalet Zürichberg. Acrescento um conselho: chegue antes do sol se pôr para poder ver os alpes e a cidade. 

 

Parece cenário de filme. Seu casaco será pendurado em um dos tantos cabides. Na saída, você pega de volta. Ao entrar, verá uma lareira no meio do salão e diversas mesas. Fui acomodada em uma parte da janela que tinha cortinas quadriculadas em branco e vermelho e uma velinha no centro. Absolutamente romântico. Observei que nas mesas vizinhas tinham pessoas falando suíço alemão, ou seja, não é um local turístico e, sim, frequentado pelos moradores. Apenas observe que ele fica aberto entre outubro e começo de fevereiro. E, se estou falando dele aqui, é porque nossos pets são bem-vindos. 

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Bate-volta nas montanhas 

Descobri que o Swiss Travel Pass dá direito a três passeios de montanha, no estilo bate-volta, e como os trens são um passeio dentro do passeio, resolvi conhecer Rigi e Stoos. 

Em Rigi vi o sol depois de dias de quase uma semana de tempo nublado. Lembro da Luciola falando: "para encontrar o sol temos que ir acima das nuvens, para o topo das montanhas". Sim, ela estava certíssima. Foi inesquecível subir e ver a  paisagem mudar. As casinhas centenárias foram substituídas pelos Alpes com seus pinheiros nevados, horizonte largo, cadeia de montanhas e a beleza branca da neve. 

Um momento de êxtase em cima da montanha de Rigi. Foto: Arquivo pessoal

Resolvi fazer o caminho de volta diferente: peguei um trem e barco (também incluso no Swiss Travel Pass) até Lucerna, onde encontrei mais um mercado de natal e reparei com o frio não é impeditivo para as pessoas desfrutem a vida ao ar livre.

 

O fato da Suíça não ser um país grande em termos de tamanho e as cidades serem ligadas com eficiência pelos trens permite que a gente faça novos roteiros e decida no momento para onde ir. Eu acho isso fabuloso. E pense: seu cachorro é aceito com absoluta normalidade. 

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Winterthur e Stoos que belas descobertas 

Neste dia, fiquei hospedada no Sorrel Krone, na cidade de Winterthur. Ele fica em um prédio histórico na Marktgrasse, a principal rua da cidade velha e a poucos minutos da estação de trem. Quando Zurique está lotada, Winterthur se torna uma ótima opção, pois fica a uma hora de distância e é encantadora. Gostei tanto do meu quarto com janelas grandes e vista para a arquitetura do Velho Mundo, que resolvi curtir a noite por lá, comprei um vinho, pães e queijos e finalizei o dia lembrando das emocionantes horas no topo dos alpes suíços. No dia seguinte foi difícil levantar, pedi mais cinco minutos, afinal, aquela cama tem "garras". 

Cris pedindo mais 5 minutos de sono e mostrando a tatuagem da Ella. Foto: Arquivo pessoal

No dia seguinte, depois de um ótimo café da manhã, decidi conhecer Stoos, que fica em direção a Rigi, mas um pouco mais para frente. O principal motivo era: estava nevando. A Luciola enviou uma mensagem com essa preciosa informação e não tive dúvidas: queria sentir a neve no rosto. 

Cris Berger honrando a memória da sua filha pet Ella. Foto: Cris Berger
 

Saí tarde do hotel, pois tive que resolver burocracias relacionadas ao meu voo de volta para o Brasil e cheguei tarde em Stoos. Ainda assim, valeu a pena. Deu tempo para ver os floquinhos de neve, caminhar no vilarejo totalmente tomado de branco, que parecia outro universo! E pegar o funicular mais íngreme do mundo, o Stoosbahn - pena que já estava noite e não deu para ver nada. 

Cenário tomado pelo branco da neve em Stoos. Foto: Cris Berger

Passei a última noite no Sorrel Weissenstein, em Sant Gallen, que é patrimônio mundial da humanidade e tem uma das bibliotecas mais antigas e bonitas do mundo com manuscritos medievais. Não tive tempo de conhecê-la devidamente, mas na caminhada noturna pelas ruas da parte histórica entendi que ela merecia ser desbravada. Mais um item para a minha wishlist e motivo de regresso ao meu país preferido no continente europeu.

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Como viajar com o cachorro para a Suíça

Existe uma documentação específica, a exigência de microchipagem, vacina e sorologia contra a raiva. A agente de viagens Ana Lechugo da Sonho e Magia Viagens aconselha a organizar a viagem 5 meses antes da data de viagem para dar tempo de cumprir todos os prazos. Todas as minhas viagens com a Ella eu tive o suporte da Ana e do seu time. Não dá para arriscar algum documento estar fora do padrão exigido e há vários detalhes neste processo.

Opinião por Cris Berger
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