Delacroix. "A liberdade conduzindo o povo". Fonte: Google imagens. Wikipedia.
Na aula inaugural do curso de filosofia da USP, dada em 2013 pelo meu mestre Léon Kossovitch, ele se refere à civilização norte-americana como uma espécie de neo-nazismo. Muito interessante e surpreendente esta expressão, pois de modo geral achamos que os EUA são a pátria da liberdade, e assim deveriam respeitar povos e culturas diferentes. Liberdade que seria defendida ferozmente pelos norte-americanos. Aliás, simbólico para isso é a sua estátua da liberdade, presente dos franceses, em New York.
Mas logo compreendi. Como no nazismo de Hitler, os norte-americanos são o país que mais conseguem, devido a sua riqueza tecnológica, controlar as pessoas. Possibilidade de controle tanto interna (ao país) quanto externa (cultural). E nisso de fato são neo-nazistas, pois uma das características marcantes do regime nazista de Hitler era o controle da vida privada em ampla escala, com a padronização de comportamentos e a negação do estrangeiro (especialmente na figura dos judeus).
O controle totalitário da vida privada das pessoas se estende à tentativa de controlar as suas mentes. É assustador como no facebook esse controle pode ser exercido num amplo espectro: telefone, cartão de crédito, fotos, intimidades, declarações, tipos recorrentes de emoção etc... Mas parece que a pessoas querem ser controladas, e fornecem com alegria os seus dados pessoais, incluindo a explicitação da própria vida privada: a ida ao banheiro, o sexo bem feito, a pizza comida com a família, o bolo de aniversário, dentre outros. A que ponto chegamos...
Todos queremos ser controlados, e contamos os nossos segredos. Mas isso é maluquice, pois como diz o ditado: "Se você tem um segredo, ele é seu prisioneiro. Mas se você conta esse segredo, você é prisioneiro dele."
Prisão neo-nazista chamada Facebook. E mesmo que algo semelhante o substitua, caso ocorra uma espécie de facebookcídio em massa, as coisas não mudarão muito, pois as pessoas querem um grande olho em cima delas. Hitler sabia disso. Os neo-nazistas norte-americanos sabem disso.
Sou a favor da paz, do desarmamento, da tolerância, sou contra o terrorismo. Mas isso não me impossibilita de analisar que aqueles terroristas de 11 de setembro, que sequestraram e explodiram aviões contra inocentes, se retornassem no tempo, descobririam que a melhor maneira de paralisar os EUA não é derrubando as suas torres de concreto, mas as suas torres virtuais: Facebook, Google, WhatsApp.
Vive la liberté! (viva a liberdade)!
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.