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Comportamento, saúde e obesidade

Opinião|Comportamentos extremistas são sinais de dores não curadas

A positividade excessiva revela uma alma machucada e que não dá conta de lidar com a felicidade de outras pessoas

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Foto do author Luciana  Kotaka
 Foto: Estadão

Uma das histórias mais interessantes que tive a oportunidade de acompanhar me fez despertar um olhar de alerta para a positividade tóxica, um tema pouco explorado, pois, normalmente, nos deparamos com o seu oposto que é o negativismo. Não precisamos pensar muito para nos lembrarmos de alguém que vive achando algo ruim em tudo, reclamam da vida, das pessoas, e por mais que tenham motivos para se alegrarem conseguem distorcer os fatos focando no negativo. É claro que estou focando no extremo, percebemos o quanto a dor está presente no sistema dessas pessoas, sendo impossível conviver ao lado delas por tempo prolongado.

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Porém, quero voltar ao título desse texto sobre o positivismo tóxico, vale a pena deixar claro que não estou me referindo a uma pessoa que é feliz e equilibrada, e sim alguém que carrega uma história de muita dor. Ninguém é feliz o tempo todo, infelizmente nada na vida é linear, sendo assim passamos por momentos ruins, outros bons e alguns mais ou menos. É claro que quando entendemos que a felicidade é um estado interno a nossa percepção sobre estar bem é outra. Mas voltando ao foco do texto, a positividade tóxica revela dores não elaboradas e podemos passar a vida toda correndo delas e fingindo que elas não existem. Desta forma passamos a olhar a vida com muita alegria, inflando o ego para dar conta de tudo aquilo que forçadamente tentamos manter embaixo do tapete. Entendam aqui que não estou falando que está errado olharmos para a vida de forma leve e positiva, estou focando no outro extremo da negatividade.

O convívio com pessoas altamente positivas se torna intolerável porque tudo o que fazemos ou dizemos é imediatamente invalidado, afinal somente elas são felizes de verdade e realizam boas escolhas. Não conseguem suportar que alguém manifeste momentos de felicidade de forma autêntica, pois revela o que nelas não está resolvido ainda. Desta forma acabam projetando em outras pessoas aquilo que está incomodando dentro de si mesmas, precisam criticar o outro e valorizar a si mesmas dizendo que são melhores. Alguns comportamentos são indicativos são, por exemplo, a falta de empatia, arrogância, desvalorização do outro, necessidade constante de admiração, sentimento de grandeza, inveja, dificuldade em manter amizades e recusa em buscar ajuda com profissionais habilitados.

Acho importante lembrar que comportamentos disfuncionais estão a serviço de proteger o ego de uma morte iminente, claro que isso é uma forma de expressar que entram em pânico, sentem que ficam à beira de um colapso interno. Não toleram olhar com verdade para as suas experiências dolorosas, sentem-se orgulhosos pelos seus feitos, valorizam as suas escolhas, mas tudo isso ao custo de desvalidar outras pessoas para se sentirem fortes e poderosos. Mas todo esse mecanismo de defesa foi construído como um castelo de cartas que pode desmoronar a qualquer momento, por isso a insistência dessas pessoas em ficar vangloriando a si mesmas o tempo todo, ou mesmo criando situações para serem elogiadas.

São muitas as histórias que podem levar ao desenvolvimento de um comportamento tóxico, mas é bom ficarmos atentos que atrás dessa máscara existem pessoas frágeis, que sentem medo de entrarem em contato com as dores da infância e adolescência. Devemos ter muito respeito, estarmos abertos para mostrar com muito cuidado e carinho o quanto esse comportamento afasta as pessoas, tornando impossível estabelecer relacionamentos reais. A terapia é um lindo caminho de autoconhecimento, pois conta com a utilização de técnicas assertivas preservando o acolhimento e o respeito pela dor que apresentam.

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Opinião por Luciana Kotaka
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