Uma percepção que grande parte dos clientes tem é associar um projeto de interiores à aquisição de um produto. Assim, os primeiros questionamentos que giram em torno desta "compra" se baseiam em custos quando, na verdade, ele deveria encarar como um investimento. E, neste tipo de aplicação, o retorno é percebido, obviamente, a médio ou longo prazo. Pela primeira vez, serei minha própria cliente no projeto do nosso fruto apê, por isso, vou trazer os principais questionamentos vindos de quem me procura para um projeto.
(ANELISA É JORNALISTA E DESIGNER DE INTERIORES. PERFIL NO INSTAGRAM: @anelisalopes)
O principal ativo deste tipo de transação se baseia na transformação. Ela não é apenas visual e material. O objetivo principal, quando bem aplicado, é fazer uma mudança em hábitos, rotinas e dinâmicas nas relações daqueles que vão conviver no espaço modificado - e nas suas conexões com ele. Da primeira pergunta que escuto - "como faço um orçamento de um projeto?" - à frase final de entrega - "eu jamais teria imaginado isso!" - se desenrola todo um processo camuflado por dores, prazeres e resgates emocionais.
Vendo pelo lado prático, a contratação de um designer ou arquiteto de interiores (especifico aqui que nem todo arquiteto é especializado nesta área e isso deve ser levado em consideração caso sua ideia seja transformar ambientes) deve ser interpretada como uma aplicação de recursos no bem-estar físico e emocional, pois todos os elementos que estão por trás de uma reforma ou atualização devem ser considerados nas necessidades e gostos de quem o contrata.
Respondendo, então, ao tema deste post. O que faz - e não faz - um designer de interiores? Há quatro direcionamentos básicos: consultorias, projetos, assessoria de execução de obra e produção de ambientes residenciais ou comerciais. Lembrando que a profissão é regulamentada por lei (número 13.369/2016) e o projeto que regula o exercício da profissão está em andamento na Câmara dos Deputados.
A consultoria pode prever uma repaginação visual com intervenções mínimas para um ambiente, como mudança de cores, indicação de mobiliário solto (comprado em loja) e itens de decoração. Neste caso, não há interferências estruturais. O investimento e o tempo de execução são menores, por isso, este tipo de serviço normalmente é indicado para um ou dois ambientes ou imóveis alugados.
O projeto pode ser contratado com ou sem a execução de obra, pois ela deve ser um serviço à parte. Ele envolve três etapas identificadas tecnicamente como estudo preliminar, anteprojeto e executivo. De forma resumida, a primeira envolve o estudo do espaço, o levantamento técnico (medidas) e briefing, que deve contar obrigatoriamente com a participação de quem vai usufruir os espaços. A segunda fase parte para especificações abrangentes, como proposta de layout, revestimentos, louças e metais. Já a última etapa contempla toda a parte técnica, que inclui as plantas de hidráulica, elétrica, pisos, paredes, entre outros, a depender do tipo de contratação feita. O designer pode assinar o projeto? Sim.
E quanto custa um projeto? A pergunta de milhões não tem uma resposta exata. A cobrança se baseia em alguns fatores que devem ser estudados pelo profissional - aqui se dá a primeira confusão de quem está contratado: não se trata de um produto, mas, sim, de um atendimento personalizado. Complexidade do projeto, metragem do imóvel, distância para fazer medições (caso seja necessário) e demandas que exijam a contratação de parceiros específicos (paisagismo, por exemplo). Qual o valor mínimo cobrado por um profissional em São Paulo (sim os valores mudam conforme a região do País)? Em torno de R$ 4.000, lembrando que este é um valor referencial.
O segundo questionamento mais levantado pelos clientes é se o designer é capacitado para executar uma obra. Desde 2021, o profissional registrado pelo CREA, que é o conselho de engenharia, pode ter responsabilidade técnica sobre uma obra. Se não for o caso, o designer de interiores não está habilitado a responder civilmente pela execução, necessitando do trabalho conjunto a um engenheiro ou arquiteto. O mais indicado é que o profissional que tenha feito o projeto realize uma assessoria de compatibilização para que tudo o que foi proposto seja seguido (e o que foi desviado tenha o menor impacto possível no resultado final) e que uma equipe parceira liderada por um engenheiro civil se encarregue da sua implantação.
A contratação da assessoria prevê itens como conformação de projeto/obra, compra de material, acompanhamento de execução de prestadores de serviço, interface entre cliente e fornecedores, controle orçamentário e de cronograma, entre outros. Estes serviços podem ser contratados em conjunto ou à parte, lembrando que como todas as etapas estão amarradas, o ideal é fazer a admissão integral.
E quanto custará a obra? O céu o limite e, neste caso, o direcionamento do cliente é essencial. Muitos se mostram resistentes a revelar o valor disponível, muitas vezes por acreditar que sofrerá algum tipo de "abuso"por parte do profissional ou por simplesmente não terem ideia de valores relativos a uma reforma por não estarem familiarizados com o assunto. Dessa forma, o caminho mais seguro é levantar uma previsão de investimento para que o profissional possa conciliar com que é possível incluir no projeto. Esta conversa franca pode evitar o famoso "quero uma casa capa capa de revista gastando o mínimo possível".
Por último, a produção é a etapa que determina a ambientação de itens de acervo do cliente ou consignadas por uma loja de móveis ou decoração. Após a finalização da obra é preciso complementar o cenário para que o resultado atenda aos anseios do que foi proposto originalmente. Lembrando que também existe o segmento de visual merchandising para pontos comerciais, que prevê mudanças visuais estratégicas para atrair clientes ou firmar o posicionamento de uma marca.
Por fim, o que não se deve esperar de um designer de interiores? De uma forma geral, que caiba a ele todas as decisões da proposta (sempre tenha em mente que é um trabalho a pelo menos quatro mãos) e que ele seja o responsável pelo trabalho executado por outros fornecedores. Designer não é contabilidade, divã para terapia, marido de aluguel nem assistência técnica 24 horas, risos. Portanto, para resguardar ambas as partes é primordial que seja feito um contrato com toda a descrição dos serviços prestados, valores e prazos não só com o designer, mas com os prestadores de serviços contratados. Todo combinado não sai caro.
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