A grife francesa Balenciaga está processando a empresa responsável por criar uma campanha que associou a marca à pedofilia. Recentemente, a grife sofreu uma onda de críticas pelas imagens da campanha de Primavera/Verão 2023, retiradas do ar.
Os registros traziam crianças segurando mochilas em formato de ursinhos de pelúcia, que usavam tiras de couro preto com tachas prateadas.
Em outra imagem, internautas destacaram que uma bolsa da colaboração da marca com a Adidas foi fotografada sobre documentos com uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos sobre pornografia infantil.
Segundo documentos obtidos pela revista norte-americana The Hollywood Reporter, a marca de luxo exige uma indenização de U$S 25 milhões – cerca de R$ 134 milhões na cotação atual – da North Six, responsável pelas imagens.
A Balenciaga destacou a imagem que mostrava o trecho da decisão da Suprema Corte, dizendo que a North Six fez “atos e omissões inexplicáveis”.
Conforme a grife, a produção da imagem foi feita de forma “malevolente ou, no mínimo, extraordinariamente imprudente”, o que teria levado a uma “falsa associação” da Balenciaga ao “assunto repulsivo e profundamente perturbador da decisão judicial”.
À The Hollywood Reporter, a North Six preferiu não comentar sobre o caso. Um representante da companhia, porém, alegou que a empresa não teve relação com a campanha que envolveu crianças com ursinhos de pelúcia, não teve contribuição durante a sessão de fotos e não participou da finalização.
Balenciaga e fotógrafo que clicou imagens se manifestaram no Instagram
Em uma publicação realizada no Instagram nesta terça-feira, 28, a Balenciaga se manifestou sobre as imagens e esclareceu que as fotos das crianças e da bolsa são de campanhas diferentes.
A grife assumiu que as imagens das crianças foram responsabilidade de “uma escolha errada” da Balenciaga. Na segunda campanha, porém, a marca alegou que os objetos escolhidos para a sessão de fotos foram responsabilidade de terceiros, que confirmaram por escrito que os documentos eram items falsos de escritório.
“Revelou-se que estes eram documentos legais reais, provavelmente vindos das filmagens de uma série dramática de televisão. A inclusão destes documentos desaprovados foi resultado de uma negligência irresponsável para a qual a Balenciaga apresentou uma reclamação”, escreveu a grife.
Por fim, a empresa defendeu o fim do abuso sexual infantil e pediu desculpas. “A Balenciaga reitera seu mais sincero pedido de desculpas pelas ofensas que causamos e estende o pedido aos seus talentos e parceiros”, disse.
O fotógrafo Gabriele Galimberti, que clicou as fotos da campanha, também se manifestou no Instagram. Segundo Gabriele, ele vem recebendo diversas mensagens de ódio desde a repercussão dos registros.
Como fotógrafo, ele esclareceu que não pode opinar sobre as escolhas da Balenciaga, mas frisou que não teve o direito de escolher “os modelos, os produtos ou a combinação dos mesmos”.
“É usual, em uma sessão de fotos comercial, que a direção da campanha e a escolha dos objetos exibidos não estejam nas mãos do fotógrafo”, escreveu.
Para ele, pessoas propensas à pedofilia têm acesso a imagens diferentes das dele. “Acusações como estas miram nos alvos errados e distraem as pessoas dos reais problemas e criminosos”, disse.
Por fim, Gabriele ressaltou que não possui nenhuma ligação com a foto que mostrou o trecho da decisão da Suprema Corte sobre pedofilia.
Kim Kardashian diz reavaliar relação com Balenciaga
Após a repercussão, a influenciadora Kim Kardashian se manifestou dizendo que irá reavaliar a relação com a marca. Ela, que é embaixadora da grife e mãe de 4 filhos, afirmou ter se sentido “abalada por estas imagens perturbadoras”.
“Permaneci em silêncio nos últimos dias, não porque não estivesse enojada e indignada com as recentes campanhas da Balenciaga, mas porque queria uma oportunidade de falar com a equipe deles para entender por mim mesma como isso pode ter acontecido”, tuitou a influenciadora no último domingo, 27.
*Estagiária sob supervisão de Charlise de Morais
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