Eu acho que eu levo os dramas e as bobagens que outras pessoas fazem muito a sério. Quando eu me preocupo muito com o que acontece com as outras pessoas, meu namorado me pergunta "por que você se importa tanto?" Um caso em questão: uma grande amiga está para perder seu emprego e isso está me deixando nervosa. Eu fico pedindo a ela o tempo todo que mantenha seu currículo em ordem, mas ela nem está tão preocupada como eu! - aquela que absorve os problemas alheios.
Bem, o que você está fazendo com suas preocupações? Ser excessivamente empática não é necessariamente algo ruim. Mas, quando isso sistematicamente prejudica o seu humor (com que frequência isso provoca uma discussão com seu namorado?) ou faz você se transformar numa conselheira de carreira não solicitada (sua amiga não está tão preocupada, será que ela não quer que você recue?), provavelmente está se tornando algo excessivo.
Você tem mecanismos para lidar com isso? Você consegue meditar, fazer ioga ou descobrir uma forma pessoal de sair desses ciclos de pensamento? Que tal reservar um horário específico todo dia para pensar sobre esses assuntos e se libertar deles no resto do dia? Por fim, não é o fato de você sentir as coisas com intensidade que importa, mas sim o que você faz com esses sentimentos.
Minha irmã acaba de perder seu marido e eu estou fazendo tudo o que posso para permanecer próxima a ela durante esse período. Ela tem estado muito quieta e fechada em si mesma desde o funeral. Eu ligo e mando mensagens para ver como ela está, mas raramente recebo respostas. Eu sei que ela precisa de espaço, mas eu não quero sumir da vida dela - preciso de ajuda para ajudar.
De qualquer forma, desaparecer é algo que deve ser evitado a todo custo. Então, continue fazendo o que você tem feito. O fato de ela saber que você está pronta para ajudá-la é muito importante. Ofereça coisas específicas também. Você provavelmente sabe qual a comida para viagem ela costuma pedir e, se morar perto, quais as atribuições que pode tirar da lista de tarefas dela.
Tire a pressão de cima de sua irmã até mesmo das atividades diárias ao dizer "eu estou aqui, não precisa responder se não estiver a fim. Mas eu estou pensando em você". Entre em contato com pessoas próximas para se certificar de que tudo está indo bem com ela, que suas necessidade básicas têm sido atendidas e que ela não tem tido ações e pensamentos autodestrutivos. Mantenha-se ao seu lado, mesmo quando parecer que ela não nota ou que o que você faz é inútil. Permita que a sua voz seja uma das constantes suaves que irão ajudar, no final das contas, a guiá-la para fora do abismo de volta à vida que ela conhece.
Tradução de Priscila Arone
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