'Você por si só já deve se sentir uma pessoa maravilhosa e que se basta', diz Jout Jout

Com mais de 800 mil inscritos em seu canal no Youtube, Jout Jout virou queridinha de marcas de moda e beleza ao abordar a questão do feminismo de forma leve. Sobre empoderamento e outros assuntos, ela fala a seguir

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Por Anna Rombino
Aos 25 anos, Julia Tolezano, a Jout Jout, é um fenômeno do Youtube Foto: Reprodução/Facebook

Ela é um dos maiores fenômenos da internet atualmente. Aos 25 anos, a carioca Julia Tolezano, a Jout Jout, tem mais de 800 mil inscritos em seu canal no YouTube. Nos vídeos, ela discorre de forma espontânea sobre vários assuntos cotidianos: da paixão improvável por Justin Bieber até calcinhas apertadas que deformam o corpo, passando por respostas a dúvidas sobre o vírus HIV. Tudo com tom bem-humorado e edição rápida. "Faço os vídeos com meu jeitinho, com leveza, sorrindo, e eles acabam atingindo uma galera. Recebo e-mails de pessoas de 12, 13 aninhos agradecendo por estarem se sentindo melhor", disse Julia em entrevista ao Estado, concedida durante a SPFW, onde a youtuber esteve para participar de um evento da Natura. 

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O convite da marca de beleza comprova que Jout Jout conquistou o mundo da beleza e da moda. Afinal, ela também fala de maquiagem e roupa, mas sob a ótica do empoderamento feminino. Seu canal surgiu em maio de 2014, mas foi com o vídeo "NÃO TIRA O BATOM VERMELHO" (assim mesmo, em caixa alta), publicado em fevereiro de 2015,que ela obteve sucesso. No vídeo, que obteve mais de 2 milhões de views, ela evidencia características de relacionamentos abusivos (por exemplo quando o homem implica com o batom vermelho - daí o título - ou a saia curta da mulher). Desde então, a youtuber se tornou uma das principais vozes do movimento feminista no Brasil. Sobre empoderamento e a relação com o público e a moda, ela fala a seguir.

O que significa empoderamento feminino para você?  Acho que é o momento em que você vê que não precisa de tanta influência externa para se sentir bem e percebe que você é uma pessoa independente e capaz por si só, sabe? O que vier dos outros depois é lucro. Você por si só já deve se sentir uma pessoa maravilhosa e que se basta. Empoderamento é quando você passa a notar isso. 

Você acredita que a maquiagem empodera?  Acho que se você souber lidar com ela, pode ser. A maquiagem não pode ser vista como a única forma de você ser bela, porque não é por aí. Mas se você sentir vontade de passar um batom, um rímel, esses elementos podem ter potencial de serem empoderadores.   No começo da sua carreira, você evitava falar que é feminista, agora é uma das porta vozes do movimento no Brasil. Porque a mudança? Antes eu não sabia o que era o feminismo, mas depois que as pessoas começaram a falar, fui ler, ver vídeos, estudar, entender como o feminismo funciona e percebi que faz muito sentido, que essa é a resposta. 

É muita responsabilidade ser uma das vozes do movimento no Brasil?  Não sou a voz do feminismo no Brasil. As coisas que eu falo e nas quais acredito passam muito pelo feminismo, então esse é meu jeito de militar. Faço os vídeos com meu jeitinho, com leveza, sorrindo, e eles acabam atingindo uma galera. Recebo e-mails de pessoas de 12, 13 aninhos agradecendo por estarem se sentindo melhor. Eu sou uma voz, não a única. E são tantas que a gente vai passando o recado, cada uma do seu jeitinho. 

Por que o mundo da moda adora você? Não sei. Sou do jeito que eu sou. A moda às vezes gosta de mim, daí a gente se abraça. Mas eu não mudo nada por isso e ela não muda nada por mim, e a gente vai se amando, cada uma no seu cantinho. 

Você não sentiu uma pressão em mudar alguma coisa no seu jeito de vestir? Não, não mesmo. Nem um pouquinho, nem de leve. Nem assim: "um dia talvez eu pensei". Não teve esse dia. Acho que comecei a usar mais tênis, mas não tem nada a ver com nada. 

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Como é sua relação com seu público? De maneira indireta, você chega a interferir em decisões deles.  Falo realmente minha opinião e cada pessoa é atingida de uma forma. Muitas vezes ocasiona em um término de namoro, mas não fui eu que fiz a pessoa terminar, ela que se identificou com o que falei e tomou uma atitude em relação a isso. Quando há empatia, mesmo que você não conheça a pessoa, um laço forte é criado. Sei que tudo que eu falo influencia, então costumo tomar muito cuidado. 

E como você se sente com isso?  Diariamente eu escuto histórias de términos e divórcios. Geralmente, vem alguém me contar e acaba chorando e agradecendo por ter se livrado daquela situação ruim. Não tem como não se sentir muito maravilhosa. Eu penso: "caraca, fiz tudo certo".

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