Aguinaldo Silva revelou ter sido perseguido por um ator durante o processo de adaptação da famosa novela Roque Santeiro, da TV Globo.
O autor contou a história no livro Meu Passado me Perdoa: Memórias de uma Vida Novelesca, autobiografia lançada neste mês. No capítulo em que fala sobre a produção, ele lembra a perseguição da qual diz ter sido vítima.
O escritor conta que cuidava dos cabelos em um salão que ficava dentro de um supermercado no Rio de Janeiro. “Certo dia, ao entrar lá para o tratamento de praxe, vi na porta um homem enorme, quase um muro ou uma parede, que me olhou com ar de evidente interesse. Não dei maior importância ao fato”, começou.
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Dentro do salão estava a mãe deste homem, que puxou papo com o Aguinaldo. Ela disse que o rapaz trabalhava como figurante em Roque Santeiro, era um dos dois guardas que aparecia na delegacia, mas nunca havia dito uma palavra em cena. “Será que o senhor podia escrever algumas falas para ele?”, pediu a mulher.
“Dei uma última olhada no rapaz e então tive uma ideia: como ele era grandão e meio que ursino, e havia um urso muito popular nos desenhos animados da época chamado Zé Colmeia, decidi lhe dar esse nome e fazê-lo falar”, relatou o autor.
Silva pensou que, como o outro figurante da delegacia era magro e baixinho, a produção não teria dúvidas e escalaria o homem maior para ser o Zé Colmeia. Porém, no dia da gravação, a mãe do tal ator ligou para Aguinaldo desesperada, dizendo que outro profissional havia sido escalado para o papel.
O ator rejeitado não se conformou. Duas semanas depois, a mãe do rapaz ligou para Silva e pediu que fosse visitar o filho no hospital, pois ele havia ficado tão abalado por ter perdido a chance na novela que dera um tiro no ouvido.
Ele não fez a visita, e o figurante então se transformou naquilo que hoje se conhece popularmente como “stalker”. “Passou a me perseguir de um jeito apavorante. Descobriu onde eu morava e também os lugares aonde ia e – com uma frequência assustadora – de vez em quando, ao chegar num deles, eu via que ele já estava lá”, revela o escritor.
Aguinaldo afirma que a situação “de puro terror” durou quase um ano e que, neste período, ele não fez nada além de se proteger e mudar a rota de lugares que ia.
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