Criminóloga aponta semelhanças entre investigação da ficção e crimes reais

Ilana Casoy, autora de livro sobre casos Nardoni e Suzane Von Richthofen, associa trechos da série 'Criminal Minds' com realidade

PUBLICIDADE

Por Caio Nascimento
Atualização:
Joe Mantegna integra o elenco da série 'Criminal Minds' Foto: AXN / Foto Divulgação

É comum o público se questionar até que ponto a ficção dialoga com a realidade ao assistir uma produção sobre um serial killer. Será que as entrevistas com os assassinos são como as do cinema? Existe alguma semelhança entre os tribunais da vida real e os da televisão? É pensando nessas questões que a especialista em crimes Ilana Casoy resolveu comentar o tema.

PUBLICIDADE

Autora de livros sobre assassinatos em série, como o Casos de Família, no qual conta os bastidores da investigação sobre os Nardonis e Suzane Von Richthofen, ela usou cenas do clássico policial Criminal Minds, que foi para a 15ª temporada e é exibido às segundas-feiras, às 22h, no canal AXN.

Na obra, detetives costumam explicar o perfil psicológico de um criminoso para ele próprio. Com cenas do passado e interpretações sobre o histórico de vida, esse tipo de passagem ajuda o telespectador a amarrar os fatos e associar os delitos do personagem com a sua realidade.

Apesar de ser um clichê do cinema, essa técnica também ocorre na vida real. "Quando isso acontece, finalmente vem a compreensão dele sobre si mesmo, e a sensação de que alguém compreende o seu lado sombrio. Ele passa a entender a sua própria trajetória", explica a criminóloga que também apresenta o programa Em nome da Justiça, da AXN.

Publicidade

"Uma vez, eu vi um grande e experiente bandido chorar no júri ao ouvir seu advogado explicar aos jurados quem ele era e por que se tornou um assassino. O criminoso nem se importou com o fato de ter sido condenado. Ele já esperava esse desfecho. A surpresa foi entender a lógica de si mesmo. No final [do julgamento], ele apenas disse: 'obrigado, agora me entendi'", recorda.

Detetive do bem e do mal

Criminal Minds traz um clássico dos suspenses policiais: a dupla de investigadores com personalidades opostas. De um lado o bonzinho e do outro o mau, sendo o primeiro representado, às vezes, por uma mulher e o segundo por um homem.

Essa dinâmica também ocorre na série Lúcifer, da Netflix. A inspetora Chloe Decker (Lauren German) trabalha com paciência e precaução enquanto seu colega de trabalho Lúcifer (Tom Ellis) busca extrair informações do investigado de formas mais energéticas. 

Publicidade

Segundo Ilana, isso faz sentido na vida real em alguns casos. "Quando a gente entrevista um criminoso, cada detalhe é planejado: a cadeira da mesa onde cada um vai sentar, se tira as algemas ou não, e às vezes entrevistamos em dupla, misturando atitudes como já vimos em muitos filmes: 'tira' bom e 'tira' mau", relata.

"Um serial killer que odeia mulheres dificilmente confessa o crime para uma. Mas se ela interagir de forma submissa com um parceiro homem, reafirmando a masculinidade que o criminoso entende, o resultado da investigação pode ser excelente", analisa.

Assista à análise de Ilana Casoy:

*Estagiário sob supervisão de Charlise Morais

Publicidade

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.